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Você quer a bateria removível de volta?

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Tudo tem os dois lados da moeda. E você precisa saber qual lado da moeda escolher.

A União Europeia está tomando medidas sérias em relação ao mercado de telefonia no continente, e está cogitando a reintrodução das baterias removíveis, juntamente com a implementação de um “passaporte de bateria”. A proposta tem gerado discussões acerca da viabilidade e benefícios desse modelo.

Eu bem sei como seria ótimo ter a possibilidade de se livrar da obsolescência programada de alguns fabricantes, que reduzem o desempenho dos smartphones em função da degradação da bateria com o passar do tempo.

Mas… será que essa é mesmo a melhor solução neste momento?

A partir de agora, o meu lado dessa moeda metafórica.

 

Os motivos para uma mudança acontecer neste momento

Durante décadas, as baterias extraíveis eram a norma nos telefones celulares. Hoje, o design, a proteção, o peso leve e os dispositivos selados ganharam destaque.

As marcas garantem a funcionalidade e segurança entre os componentes, mas com a nova legislação proposta pela UE, as baterias extraíveis podem estar mais próximas de retornar do que nunca.

As razões apresentadas pela União Europeia em seu projeto de lei são claras:

  • cuidado com o meio ambiente, com dispositivos mais duráveis que não sejam descartados rapidamente;
  • direito à reparação, para evitar compras sistemáticas e de curto prazo como modelo de substituição;
  • transparência em relação aos componentes e métodos de fabricação das empresas;
  • e uma economia circular em médio e longo prazos.

Três anos após a implementação dessa medida, smartphones e outros dispositivos na UE podem ser obrigados a possuir baterias facilmente removíveis, além de um “passaporte de bateria digital” na forma de um código QR, contendo informações sobre capacidade, desempenho, durabilidade, composição química e o símbolo de “reciclagem seletiva”.

Com a palavra, Achille Variati, parlamentar europeu:

“Agora temos uma legislação de economia circular que abrange todo o ciclo de vida de um produto, uma abordagem que beneficia tanto o meio ambiente quanto a economia. Acordamos medidas no interesse dos consumidores: as baterias funcionarão bem, serão mais seguras e mais fáceis de serem removidas”.

É improvável que um mercado tão influente como o europeu imponha a volta das baterias extraíveis sem que isso cause um impacto global. Portanto, pode-se presumir que, se a medida for efetiva, a UE mudará o paradigma da telefonia móvel aqui no Brasil.

 

Por que as baterias removíveis deixaram de ser utilizadas?

Os motivos que levaram a essa mudança estão relacionados à proteção contra elementos externos, como água ou areia, à redução de peso e à melhoria dos materiais dos dispositivos móveis. Todos esses fatores resultaram nos smartphones que temos hoje, tanto no design quanto nos componentes.

Não podemos deixar de mencionar o modelo que liderou essa mudança: o iPhone.

A Apple é conhecida por garantir a experiência do usuário, ou seja, não permitir modificações externas no hardware. Essa batalha tem sido travada há décadas no mundo dos PCs e Macs.

Nesse sentido, a Apple tem enfrentado duras críticas daqueles que defendem o direito à reparação. A empresa foi acusada pelo Ministério Público de Paris por suposta obstrução do direito de reparação de peças e estratégias de obsolescência programada na França.

Enquanto isso, outras empresas estão avançando no lançamento de modelos com novas baterias extraíveis, incluindo o mercado premium, como a Samsung com o Galaxy Z Fold 5 ou a TLC com o TCL Ion X. Além disso, a própria Samsung já permite a auto reparação com guias e peças originais, por meio do seu programa Self Repair, algo que também é oferecido pela Apple.

 

Mas… será que é uma boa ideia voltar às baterias extraíveis?

As vantagens das baterias extraíveis são indiscutíveis em termos práticos, mas sua reintrodução no mercado também pode resultar em problemas.

As empresas teriam que criar cadeias de produção separadas dos próprios dispositivos, garantindo também a disponibilidade de baterias no mercado para os usuários. Isso poderia se refletir em preços mais altos, tanto dos smartphones como dos acessórios.

Também existe a possibilidade de surgirem baterias de baixo custo, de procedência duvidosa e com impacto ambiental. É verdade que o problema mais comum que leva à substituição de um dispositivo é relacionado à bateria, mas isso não significa que as baterias extraíveis não sejam descartadas de forma inadequada e contaminem ainda mais o meio ambiente.

Por fim, surge a questão que as baterias seladas vieram resolver: a resistência aos danos.

Telefones com tampas removíveis e materiais de qualidade inferior podem ser menos resistentes a acidentes. No entanto, a tecnologia avançou ao longo da última década, e as empresas poderiam inovar com algum novo conceito de slots para a inserção da bateria, o que talvez solucionaria esse problema.

O desafio mais complexo de resolver seria a resistência ao pó e, principalmente, à água, a fim de manter as classificações IP atuais da maioria dos smartphones de médio a alto padrão. Os fabricantes terão que encontrar soluções para este aspecto em específico, o que poderia resultar inclusive em uma redução da capacidade de bateria dos futuros smartphones em comparação com os modelos atuais com bateria integrada.

No final das contas, a União Europeia pode até ter boas intenções com a volta das baterias removíveis nos smartphones, mas trazer essa característica de volta não é uma das missões mais fáceis.

Aguardemos pelos próximos capítulos.


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