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A pior decisão da Marvel Studios: abraçar a quantidade no lugar da qualidade

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Vingadores: Ultimato é um filme que dá a clara sensação de fim de ciclo, em todos os aspectos. E os passos seguintes que Kevin Feige e a Marvel deram para o Marvel Cinematic Universe foram um tanto quanto confusos para a maioria dos seus fãs.

A enorme quantidade de produções que estrearam nos últimos anos contrasta com muita força com o nível de excelência entregue em Guardiões da Galáxia Vol. 3, e o que temos hoje é a clara sensação que a Marvel tomou a pior decisão possível para ela mesma.

Abriu mão da qualidade para priorizar a quantidade.

 

Mais foi (bem) menos neste caso

No passado, a Marvel lançava apenas três filmes por ano, e isso por si bastava, já que cada estreia era um evento como um todo. E todo mundo estava feliz com isso.

Porém, a chegada do Disney+, a avalanche de séries de heróis e a sensação de produção de conteúdo em escala industrial afastou os fãs da Marvel. Filmes como Doutor Estranho No Multiverso da Loucura, Thor: Amor e Trovão e, principalmente, Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania não despertaram a empatia ou o interesse dos fãs, que viram tudo isso como grandes cenas de ação com o logotipo da Marvel Studios como cortina.

E isso, porque no Disney+, a Marvel começou com o pé direito, mesmo que de forma não planejada, já que WandaVision foi um sucesso sem precedentes. Mas é preciso lembrar que esse universo na TV era para originalmente começar com Falcão e o Soldado Invernal, que nem foi tão ruim assim, mas era episódico e dentro do padrão estabelecido.

A enorme quantidade de conteúdos da Marvel Studios colocou o espectador em modo “dever de casa”, onde o cidadão era obrigado a assistir tudo para entender o que está por vir. E é óbvio que isso não ia dar certo: a Fase 4 do MCU foi composta por SETE FILMES, OITO SÉRIES DE TV E DOIS ESPECIAIS DE TV EM APENAS DOIS ANOS!

É muita coisa em pouco tempo.

 

Embriagado pelo poder

A Marvel Studios tropeçou nas próprias pernas, e um dos exemplos do que estou afirmando é o anúncio da série Echo antes mesmo da estreia de Gavião Arqueiro.

Sério mesmo que a Marvel achou que ninguém iria pensar que uma produção é derivada da outra, o que automaticamente prende o espectador a assistir uma série para depois entender a outra?

A mesma regra vale para Demolidor: Born Again, já que a Marvel Studios fez o reboot do seu personagem em sua reapresentação em She-Hulk.

É a espiral nonsense de séries foi massacrada pelos fãs nas redes sociais. E só poderia ser assim.

Outro grande problema da Marvel Studios está na forma em como vários dos seus personagens foram tratados em produções insípidas.

Um grande diferencial de Guardiões da Galáxia Vol. 3 é que James Gunn demonstra um amor absoluto por esses personagens, algo que não é visto em Viúva Negra, Shang-Chi e Os Eternos, que foram tratados como meras propriedades intelectuais que poderiam ser comercialmente exploradas pela Disney.

Você pode até odiar o James Gunn ou achar que ele está superestimado nesse momento, mas uma coisa você não pode negar: ele é, de forma inconfundível, um autor. Desde o primeiro minuto da trilogia Guardiões da Galáxia, está mais do que claro que o seu olhar estava principalmente nas relações entre os protagonistas e os seus sentimentos.

Seus personagens são tão reais porque eles entraram nos corações dos espectadores, pois conseguimos nos identificar com suas dores e traumas, reconhecendo partes de nós mesmos em suas respectivas personalidades.

A conclusão dessa saga colocou cada um desses personagens acima da própria história. E o contraste de Guardiões 3 com toda a Fase 4 do MCU deixa a impressão de que a Marvel se esqueceu de algo que foi estabelecido em suas origens, lá na década de 1960: “o importante são os sentimentos… todo o resto é acessório”.

 

O que será da Saga do Multiverso a partir de agora?

Sei lá. Não sou pago para pensar por Kevin Feige.

Mas… pense: Capitão América: Guerra Civiul funcionou porque todo mundo chegou a apostar em personagens emocionalmente complexos como Tony Stark e Steve Rogers. Todo mundo queria saber quem venceria esse duelo. Porque todo mundo aprendeu a amar os dois e suas antagônicas personalidades.

O MCU está entregando milkshakes em forma de filmes que não tem gosto diferenciado. O problema não está no humor exagerado, ou em personagens pouco conhecidos do grande público. Eu nem conhecia o Groot ou o Rocket antes de 2013 e amo aquela árvore e o guaxinim a ponto de ter bonequinhos dos dois no meu apartamento.

Em dois anos, a Marvel aprovou em massa projetos considerados suicidas, reforçando a impressão de produção em série. Agora, só resta para Kevin Feige estrear tudo isso sem fazer muito barulho, na esperança de que os fãs não notem que a quantidade absurda de produções vai prejudicar ainda mais a marca que, nesse momento, enfrenta uma crise conceitual e criativa.

E, sinceramente… é uma pena.

Quando a Marvel quer, sabe ser diferente de todo mundo. O Multiverso está cansando porque é uma quantidade absurda de heróis e vilões. E está mais do que evidente que tudo o que os fãs querem é assistir filmes com boas doses de ação, humor e drama, mas principalmente, com coração.

A próxima edição da San Diego Comic-Com será decisiva para a Marvel Studios. Ela tem a grande chance de mostrar para a audiência que aprendeu com os erros, demonstrando que ainda pode construir um universo de histórias conectadas que seja envolvente nos aspectos emocionais.

Ou insistir na produção de conteúdo em série, só para ver no que vai dar.

Se isso acontecer, James Gunn e a DC vão abrir um sorriso largo no rosto, comemorando como se tivessem acertado sozinhos na Megasena acumulada.


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