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“Thor: Amor e Trovão” é sim uma história sobre o amor, mas não do jeito que você imagina

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Olha… não podem dizer que esse filme não mostra uma história de amor…

“Thor: Amor e Trovão”, novo filme da Marvel Studios, é mais um acerto. Aliás, vários acertos. É impressionante ver como o personagem Thor foi sabiamente repensado e repaginado, se tornando alguém muito mais empático e divertido para um grande público.

Taika Waititi liderou essa reformulação de Thor em Ragnarok, e acertou no processo. E repete o acerto nesse filme, entregando tudo o que todos esperavam, mas em uma linguagem bem diferente do “feijão com arroz” proposto por Sam Raimi em “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”.

Na verdade, temos algumas melhorias em relação a tudo o que foi proposto em Ragnarok, o que tornou o resultado de “Thor: Amor e Trovão” algo ainda mais interessante e divertido.

 

 

 

A Marvel sendo divertida na medida certa

Muitas pessoas acusam a Marvel em se tornar a fábrica de filmes com formato pronto e estabelecido, o que é verdade. Até porque, em um mundo considerado normal, nenhum estúdio que descobriu o segredo para conseguir uma pilha de dinheiro em uma indústria que perdeu espaço para o streaming e os videogames vai querer mudar essa estratégia.

No meio dessas acusações, alguns fãs que preferem o formato dos quadrinhos entendem que os filmes do MCU carregam demais no aspecto “ser engraçadalho”, usando o humor nas narrativas de forma exagerada.

Quero acreditar que Kevin Feige está observando para tudo isso e realizando os ajustes finos necessários para alcançar diferentes públicos.

“Doutor Estranho no Multiverso da Loucura” e “Thor: Amor e Trovão” são filmes muito diferentes, e são voltados para públicos que, mesmo sendo um grupo maior, naturalmente se dividiu em outros dois grupos.

Para ver “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”, é fundamental ter assistido a, pelo menos, duas produções do Disney+: “WandaVision” e “Loki”. O ideal também é colocar “What If…?” no pacote, mas não necessariamente este é um item obrigatório.

Ou seja, esse filme é claramente voltado para aquelas pessoas que estão acompanhando a Fase 4 do MCU como um todo, e quer mais informações sobre os rumos que essa história vai tomar.

Já “Thor: Amor e Trovão” é o típico blockbuster para alcançar o grande público, envolvendo quem está por dentro dos eventos da Marvel e aquelas pessoas que caem de paraquedas e não fazem a menor ideia de quem são aquelas pessoas em ação na tela.

Não que o quarto filme protagonizado por Chris Hemsworth não acabe fazendo parte da narrativa principal. Mas sua influência é mínima neste aspecto e, ainda assim, essa pequena mudança acontece nos primeiros 15 minutos de filme e já é esperada por todos.

Afinal de contas, o futuro nos reserva “Guardiões da Galáxia Vol. 3”, não é mesmo?

Um dos grandes pontos positivos de “Thor: Amor e Trovão” é justamente ser um filme blockbuster para a temporada de verão norte-americano, abraçando todos os tipos de público e, principalmente, colocando o humor na medida certa.

A proposta de Taika Waititi é, de fato, uma grande viagem de drogado. O que é ótimo. Ele aposta em referências do passado e do presente, coloca memes de internet nas piadas, atualiza momentos clássicos do MCU com irreverência e entrega, talvez, o momento mais ousado dos filmes da Marvel até agora.

Não podemos nos esquecer jamais que a Marvel pertence à Disney, que sempre foi cheia de dedos e receios na hora de apresentar certas propostas na tela. Por outro lado, também é preciso lembrar que o público que acompanha o MCU desde 2008 e que, muito provavelmente, começou como adolescente naquela época, se tornou adulto em 2022.

Logo, já estamos autorizados a abordar certos temas e mostrar certas partes do corpo. Certo?

 

 

 

Apresentando diferentes formas de amar

“Thor: Amor e Trovão” começa e termina com demonstrações de amor, em um arco perfeito. Ele fecha a sua história da mesma forma que começou, com uma forma de amar bem clara, que passa por tantas outras, e resulta em uma forma diferente de amar e demonstrar amor.

O roteiro do filme foge da possível obviedade em ver um filme inteiro sobre o amor mal resolvido entre Thor Odinson e Jane Foster. Tudo bem, tem isso na história. Mas não é só isso.

A história faz questão de mostrar que existem sim outras formas de amar, e como podemos nos tornar pessoas melhores em função dessas diferentes maneiras de dar e receber amor.

Isso pode parecer uma grande bobagem para algumas pessoas que entendem que tal tema não pode ou não precisa ser abordado em um filme da Marvel. Porém, se você mantiver os olhos bem atentos sobre este aspecto, vai entender que no final, é o amor que importa.

Falando especificamente do personagem Thor, não podemos ignorar também que ele está passando por um processo de transformação e amadurecimento. Todas as perdas que ele teve ao longo dessa jornada uma hora culminam em um ponto de reflexão sobre a real essência do sentimento de amor.

E a volta de Jane Foster neste momento de sua vida é parte desse processo de reformulação.

O filme faz questão de relembrar aos mais esquecidos qual é o papel de Jane na vida de Thor, e como o amor dos dois fez com que ambos evoluíssem nas suas respectivas histórias. E esse será outro elemento importante para o desenvolvimento da história a ser contada em “Thor: Amor e Trovão”.

 

 

 

Personagens que evoluíram

É sempre bom ver personagens que se desenvolvem melhor em função de um roteiro que sabe muito bem o que quer contar. E isso fica explícito em “Thor: Amor e Trovão”.

Thor está com a sua concepção cada vez mais definida em um ser debochado, sem noção e com um espírito heroico exacerbado (e aqui, méritos para o Loki do Tom Hiddleston, que ditou o comportamento para o seu meio irmão), mas apresenta algo que ele inevitavelmente iria passar ao conviver com os humanos: a crise de meia-idade.

A própria Jane Foster está muito mais interessante neste filme. E não necessariamente porque ela se tornou a Poderosa Thor. Jane evoluiu com o passar dos anos, se tornando muito mais confiante e decidida nas suas ações. Mesmo porque a sua condição de vida resultou em uma melhor compreensão dela sobre o seu papel no mundo.

Valquiria, Rei da Nova Asgard (sim, o filme explica por que é Rei e não Rainha, e isso não é spoiler porque a grande maioria já sabe a condição sexual dessa personagem) e até mesmo o inocente Korg estão com suas respectivas personalidades mais definidas, o que ajudou a estabelecer uma ótima sintonia entre os protagonistas.

Christian Bale está, mais uma vez, muito competente como Gorr, e mesmo que algumas pessoas acusem que suas motivações não são das mais críveis ou coerentes, sua jornada ao longo do filme é bem justificada pelo enredo proposto.

 

 

 

Uma história que você compra logo de cara

“Thor: Amor e Trovão” se vale da estratégia de mostrar a motivação do grande vilão da história antes mesmo de mostrar o que aconteceu com Thor depois que se uniu ao time dos Guardiões da Galáxia.

Mesmo porque Gorr centra toda a parte dramática da trama, e mostrar o que levou este personagem a se voltar contra os deuses é algo correto para entregar ao telespectador algum senso de urgência na história.

E essa é uma história de fácil compreensão. Quem caiu no filme por acaso e só quer ver o grande blockbuster do mês de julho vai compreender tudo o que está acontecendo sem precisar assistir aos filmes anteriores.

O roteiro tem o cuidado de revisar de forma simples e objetiva os principais eventos do passado que explicam algumas situações de presente. Seja através de um flashback com a estética de um filme em formato de comédia romântica, seja através da repetição de uma ótima piada que apareceu em “Thor: Ragnarok” (que repete também algumas participações especiais muito divertidas).

Outro cuidado claramente demonstrado pelo roteiro foi em mexer o mínimo possível com a história dos Guardiões da Galáxia. Foi uma forma de respeitar a visão criativa de James Gunn, que tem todo o direito do mundo em desenvolver essa narrativa para o terceiro e último filme dessa franquia.

“Thor: Amor e Trovão” é um filme com um ótimo ritmo. Ele não cansa ao longo de suas 2h13 de duração, é divertido o tempo todo, com algumas pitadas de nostalgia e intimismo que são bem-vindos dentro da proposta apresentada. E a trilha sonora recheada de músicas do Guns ‘n’ Roses só ajuda no processo.

Para aqueles mais preocupados se a história de Thor e Jane vai cair no lugar comum ou para lado piegas de um relacionamento amoroso que não terminou tão bem, eu posso dizer que as coisas não acontecem exatamente dessa forma.

Quero dizer, é claro que existe uma vibe entre os dois. Porém, de forma muito inusitada, esse conflito sentimental vai envolver outros aspectos que vão além da relação entre o Deus nórdico e a humana.

Coisas de Taika Waititi.

 

 

 

“Thor: Amor e Trovão”: vale a pena?

Sim. Vale a pena sim.

“Thor: Amor e Trovão” é um filme muito bem resolvido, divertido e consciente que pode transmitir uma mensagem clara sobre a evolução que passamos na vida a partir do amor e das diferentes formas de amar com um bom humor lisérgico que faz tão bem.

O filme é uma clara evolução de tudo o que foi apresentado em “Thor: Ragnarok”, com personagens que estão definidos nas suas personalidades e visões de mundo. A grande prova disso é que Jane Foster, quem diria, está bem mais interessante do que era.

E, de novo: isso não aconteceu porque Jane Foster se tornou a Poderosa Thor.

Apesar do longa não resultar em grandes consequências para o futuro compartilhado do MCU, ele mostra os caminhos que a história de Thor pode tomar, e isso fica claro nas duas cenas pós-créditos apresentadas.

Esse também pode ser um indício que a Marvel vai começar a separar um pouco as coisas, deixando alguns personagens fora do seu universo compartilhado, que continua em expansão de alguma forma.

Não seria uma grande surpresa se Thor não figurar o próximo grupo dos Vingadores, que pode ser composto por um time de heróis novatos (tudo aponta para os Jovens Vingadores) e que, em um evento futuro ainda maior que Vingadores: Ultimato, o Deus nórdico volta a dar as caras.

O filme é altamente recomendado para quem curte as histórias da Marvel e não quer se preocupar neste momento com o Multiverso. Aliás, a tendência é justamente essa: a alternância entre as histórias que envolvem os eventos conectados com as séries do Disney+ e os filmes mais “avulsos”, com histórias mais fechadas em seu mundo.

E também recomendo “Thor: Amor e Trovão” para qualquer outro ser vivente que respira e pensa. No final das contas, Taika Waititi mais uma vez entrega a sua viagem sem noção, pautada no absurdo e com a irreverência que virou a sua marca registrada. E tudo isso funciona muito bem.

Pode ir assistir “Thor: Amor e Trovão” sem maiores problemas. E se surpreenda em como a ideia de Amor e Trovão é bem diferente do que você imaginou ao longo dos últimos meses.


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