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A bolha do streaming finalmente estourou!

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Agora é oficial: o mercado de plataformas de entretenimento por streaming está em crise, e as gigantes do setor não sabem o que fazer para resolver o problema.

São tempos difíceis. Não se trata apenas de uma crise isolada em uma plataforma específica, mas sim de uma queda generalizada nos lucros que está abalando até mesmo o próprio modelo de negócio. Netflix, Prime Video, HBO e Disney+ estão entre as gigantes afetadas por essa turbulência, e os horizontes não são dos mais prósperos para essas empresas.

Não podemos dizer que não avisamos que isso poderia acontecer, mas é fundamental entender com detalhes o cenário de momento. E logo de cara, deixamos claro que a culpa de tudo isso passa bem longe de ser do usuário que compartilhava a senha com amigos e familiares.

 

Um sistema quebrado

De acordo com informações divulgadas pelo site Vulture, o setor do streaming está atravessando sua pior fase histórica, deixando sua marca também na indústria audiovisual como um todo.

Na prática, essa mesma crise também afeta aos cinemas, que vive uma fase de bilheterias baixas e desinteresse generalizado do público. Uma coisa está diretamente atrelada à outra, mas vamos falar de forma mais específica das plataformas de streaming, que é o objeto de nossa narrativa de momento.

A Bloomberg reportou que os lucros das grandes empresas de streaming caíram assustadores 90% nesta última década. Para se ter uma ideia, enquanto em 2013 essas empresas acumulavam lucros na ordem de impressionantes 23,4 bilhões de dólares, atualmente esse número se reduziu drasticamente para meros 2,6 bilhões de dólares.

E isso explica o desespero da Netflix em ser rentável a todo custo. Como pioneira do segmento, a plataforma sempre teve sérios problemas em entregar o retorno aos gordos investimentos. Mas o cenário de momento é crítico para uma gigante que se vê estrangulada.

Mesmo com a exceção das perdas multimilionárias da Warner Bros Discovery, as receitas combinadas de Netflix, Disney e Paramount mal ultrapassam a marca dos 10 bilhões de dólares. Embora essas empresas ainda sejam lucrativas, estão muito distantes do impacto que já tiveram há uma década.

E quando olhamos para o lado e testemunhamos os lucros mais gordos da indústria dos videogames, é fácil entender também por que a maior bilheteria do ano até agora é de “Super Mario Bros.: O Filme”. Também está mais do que explicado por que a grande série do ano é a adaptação para a TV da franquia “The Last of Us”.

 

Séries multimilionárias que fracassaram

O fracasso de séries multimilionárias se tornou uma realidade para o setor do streaming. Um exemplo emblemático disso é a série ‘Citadel’, da Amazon, considerada a segunda produção mais cara da história (perdendo apenas para ‘O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder’), que falhou em alcançar os principais rankings de audiência. Com um orçamento de mais de 250 milhões de dólares, a série não conseguiu sequer chegar ao top 10.

Faz tempo que o dinheiro não compra tudo nesse mundo, e só agora, as plataformas de streaming se deram conta disso.

Essa tendência afetou diretamente o Prime Video, pois outras produções de alto orçamento, como ‘Todos querem a Daisy Jones’, ‘Inseparáveis’ e ‘The Peripheral’, também não conseguiram atrair um público significativo.

E olhando para as demais plataformas, com a grande exceção da já mencionada “The Last of Us” (e não coloco nessa equação a série “Vandinha” da Netflix, pois a produção estreou em novembro de 2022), não existe um grande hit nas séries de TV entre as principais plataformas de streaming.

 

O império contra-ataca

Diante desse cenário preocupante, empresas como Netflix, Amazon e HBO estão se movimentando para tentar reverter a situação.

A HBO mudou o nome de sua plataforma de streaming para Max, buscando uma nova identidade para enfrentar os desafios atuais, e voltou a distribuir suas produções para a Netflix. O CEO da Amazon solicitou um relatório para investigar os motivos pelos quais seus investimentos de 7 bilhões de dólares em séries originais não estão apresentando resultados satisfatórios.

Além disso, a Disney está implementando cortes radicais em seus gastos, reduzindo o volume de produções para priorizar a qualidade de suas séries (principalmente no caso da Marvel Studios) e a Netflix optou por eliminar seu plano básico, aumentar o valor dos planos vigentes e acabar com o compartilhamento de senhas, cobrando um valor adicional de quem optar por dividir as contas.

Nem preciso dizer que, de todas as plataformas, a Netflix foi aquela que tomou as decisões mais radicais e desesperadas. E é a plataforma que mais gerou revolta e irritação dos assinantes.

 

Parece que eles não entenderam…

Comparando o negócio do streaming com a bolha das criptomoedas, o renomado diretor Steven Soderbergh, vencedor do Oscar por ‘Traffic’, expressou sua preocupação. Segundo ele, é concebível que o modelo de assinatura do streaming se torne o equivalente às criptomoedas na indústria do entretenimento.

Soderbergh critica o fato de Hollywood ter se reinventado para se adaptar ao modelo digital, mas não receber uma parcela justa dos lucros. Agora, diante da queda generalizada nos benefícios, ninguém tem uma solução clara para o futuro dessa indústria.

Por outro lado, é preciso lembrar ao nobre diretor que a mesma Hollywood impôs por décadas o seu modelo de negócio, mesmo com todas as revoluções de consumo de mídia que vieram antes do streaming. No passado, o home vídeo através de fitas VHS e, depois, via DVD e Blu-ray, era controlado por mãos de ferro pelos estúdios, que cobravam os preços que queriam pela compra e aluguel de filmes e temporadas de séries.

O grande problema do streaming e da tecnologia digital é que a acessibilidade desse conteúdo por uma via mais prática e democrática, com um modelo de negócio que, pela sua natureza, oferece preços mais competitivos do que um ingresso de cinema ou um filme em mídia física, não se reverte nos lucros gordos que Hollywood obteve no passado.

Fato: os estúdios querem lucros maiores do que já têm, e o modelo de negócio do streaming não permite isso com tanta facilidade como as mídias físicas ou os cinemas. Até porque o controle de toda a máquina não está exclusivamente nas mãos dos estúdios.

Mas… de forma até conveniente, Soderbergh não menciona esses detalhes.

De qualquer forma, a indústria do streaming está enfrentando uma crise sem precedentes. E é essa mesma indústria que precisa se virar para reverter um cenário que ela mesma criou. Os usuários não vão aceitar pagar a mais do que já estão pagando, e muitos já se questionam se realmente precisam consumir todos os conteúdos disponíveis.

Se o coletivo descobrir que pode viver muito bem sem precisar passar pela ansiedade de consumo desenfreado de cultura pop, a indústria do entretenimento está ferrada.

De forma curiosa, o mercado de videogames não para de crescer, pois entendeu antes a raiz do problema.

De novo: “Super Mario Bros. O Filme” e “The Last of Us” não foram sucessos “repentinos” ou “inesperados”. Basta ter olhos atentos para os fatos.


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