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Motorola “abandona” séries Moto G e Moto E

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Não dá para elogiar a Motorola. Não adianta. Por mais que eu tente, a empresa sempre me oferece motivos para fazer críticas mais pesadas sobre as suas posturas e decisões para o mercado de telefonia móvel.

O tópico da política de atualizações do Android nos smartphones da Motorola é recorrente. Isso acontece porque a marca é muito popular no Brasil, e porque existe um histórico de abandono dos dispositivos, em contraste com outros fabricantes que entregam um pós-venda muito melhor.

Então… a dona Motorola confirmou que não vai abraçar uma política unificada de atualizações do Android nos telefones que são comercializados. E o motivo para isso acontecer flerta com o “não somos competentes o suficiente”.

E eu me vejo obrigado a alertar o consumidor sobre os riscos e consequências em adquirir um telefone da marca.

 

O que foi que a Motorola disse?

A Motorola realizou algumas ações no México para promover a marca e os seus produtos, e falou sobre o assunto que é de interesse de todos os usuários de seus telefones.

Lembrando sempre que a Motorola é muito popular dentro do segmento de smartphones de entrada ou modelos de baixo custo (até R$ 1.500), que normalmente são abandonados mais cedo justamente pela ausência de política de atualizações.

Em entrevista exclusiva ao Tecnoblog, Thomas Milner, gerente global de produtos de hardware da Motorola, e Nicole Hagen, diretora executiva global de marketing, abordaram esse tema. A empresa reconhece a demanda por updates, mas a estratégia atual foca em oferecer mais atualizações para os modelos premium, como a linha Edge.

Ou seja… você, usuário de um Moto G da vida, pense DEZ VEZES antes de comprar um telefone da Motorola, pois ele não vai receber a mesma janela de atualizações que aquele que paga (muito) a mais pelo Moto Edge.

Diferente da Samsung, onde até mesmo o muito questionado Galaxy A05 vai receber pelo menos quatro anos de atualizações da versão do Android, e cinco anos de correções de segurança.

Milner explica que as atualizações de Android e os pacotes de segurança são mais complexos do que se imagina, exigindo um grande esforço da equipe de engenharia e recursos da companhia.

A Motorola argumenta que, mesmo após o fim das atualizações oficiais, muitos recursos continuam a ser atualizados via Google Play Store, como o aplicativo de câmera, um dos mais valorizados pelos usuários.

Alegar a complexidade de desenvolvimento de atualizações só sinaliza (para mim) uma enorme incompetência por parte da Motorola para entregar o mesmo padrão de qualidade oferecido por outras marcas.

Ou quem sabe a empresa está mesmo destinando menos recursos para isso. Afinal de contas, não dá para comparar a Motorola com a Samsung, pois os sul-coreanos contam com uma estrutura muito maior, em todos os aspectos.

A rival Samsung oferece uma política de atualizações mais generosa, com até sete anos de atualizações de Android e sete anos de pacotes de segurança para a linha Galaxy S24, lançada em janeiro de 2024.

A Apple também se destaca nesse quesito, com cerca de sete anos de atualizações para o iPhone. O Google foi pelo mesmo caminho com a linha Pixel. E marcas como Xiaomi e Huawei também flertam com uma janela maior de updates dos seus dispositivos.

Neste aspecto, apenas a Motorola promove essa declarada segregação nos updates dos seus telefones. Sim, eu não me esqueci da OPPO, que recentemente afirmou que não vai passar de quatro anos de atualizações nos seus dispositivos.

Mas a OPPO nem chega perto de ter a mesma participação de mercado da Motorola. Então… não faz muita diferença.

 

Perfil dos usuários e compromisso com a transparência

Questionada sobre o perfil dos usuários da Motorola em relação à importância das atualizações, Hagen pondera que alguns se interessam por esse aspecto, mas que podem ser uma “minoria vocal”.

“Podem ser”? “Minoria vocal”? Sério que você mandou essa, dona Motorola?

Para começo de conversa, é de interesse direto das marcas em criar no usuário a cultura de atualizações. Foi o que a Apple fez com o iPhone. E o tempo só mostrou que entregar mais anos de updates resulta em uma maior fidelidade do cliente à marca e ao produto.

A justificativa da Motorola só faz sentido quando olhamos para o perfil do consumidor de entrada que, em sua esmagadora maioria, é menos exigente com os dispositivos, ou não conta com conhecimento técnico mais profundo em tecnologia.

Ou seja, a Motorola se vale da ignorância para não atualizar os telefones de entrada de forma (quase) proposital, apenas para promover o giro de lançamentos e venda de novos produtos.

A própria Motorola declarou isso. A empresa acredita que a maioria dos seus clientes se contenta com a apresentação de novos produtos com recursos equilibrados.

Isso aqui flerta com força com o principal motivo que transformou a Motorola no meu alvo de críticas nos últimos anos: a obsolescência programada.

Se valer do comportamento do consumidor para não entregar uma melhor relação custo-benefício através da política de atualizações, pois tal cenário resulta em um maior volume de vendas de smartphones que esse mesmo consumidor não necessariamente precisa comprar é, no mínimo, uma postura lamentável.

Ainda assim, a Motorola se compromete a divulgar as regras de atualização para cada novo dispositivo que chegar ao mercado. E… veja bem: são regras INDIVIDUAIS, e não uma política que cobre todo o portfólio de produtos.

Na prática, a Motorola vai atualizar um modelo se ela quiser, quando ela quiser e se for da conveniência dela. Se um modelo não está vendendo bem (por melhor que ele seja), ele pode ser descontinuado e abandonado nas atualizações, apenas para que uma nova geração de uma determinada série seja impulsionada nas vendas.

Milner reconhece que os telefones da série Moto G geralmente recebem apenas uma grande atualização do sistema Android, o que pode gerar frustração entre os consumidores que buscam um suporte mais extenso.

E é justamente a linha Moto G aquela que tem o maior volume de vendas no Brasil. É o que faz com que a Motorola seja defendida pelos seus usuários mais fiéis.

Bom… o golpe está aí. Cai quem quer.


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