Tudo bem, eu sei que muitos ainda levantam a sobrancelha para a nova Nokia, que é gerenciada pela HMD Global e tem como parceira comercial no Brasil a Multi (a finada Multilaser).
E até entendo a desconfiança, pois alguns motivos despertam esse sentimento nas pessoas: é uma Nokia que não entrega smartphones top de linha, que só quer apostar nos telefones baratinhos e, pelo amor de Deus, não vamos ser hipócritas aqui… estamos falando da Multi (a finada Multilaser), certo?
Mas o Nokia G60 5G é um claro exemplo do “quem vê cara não vê coração” ainda é um provérbio que tem a sua dose de realidade para o mercado de tecnologia.
É preciso entender o que a Nokia está fazendo
Pode até ser que a Nokia deixe um gosto amargo na boca de alguns usuários mais exigentes que esperavam ver dispositivos top de linha com essa marca. Por outro lado, eu entendo os planos da HMD Global: entregar a melhor relação custo-benefício possível, com o maior suporte pós-venda nas atualizações para que, dessa forma, seja possível alcançar um público maior.
Não é uma estratégia ruim, principalmente nos mercados emergentes, como é o caso do Brasil. A Nokia sabe muito bem que comprar smartphones é algo muito caro por aqui, e oferecer bons produtos com preços competitivos tende a ser o segredo do sucesso para algumas marcas nos mais diferentes segmentos de consumo.
Ou você já se esqueceu como a finada Nokia se construiu no Brasil? E até mesmo a Motorola aposta na mesma estratégia. E a própria Multi sabe muito bem que existe um público consumidor que vai sempre optar pelo “smartphone BBB” para chamar de seu.
Até porque o mundo não pode ser construído exclusivamente de Apple e Samsung como sinônimos de smartphones. Caso contrário, a Xiaomi, a Realme, a OPPO, a Vivo e várias outras marcas chinesas jamais teriam sequer tentado oferecer os seus smartphones que entregam uma excelente relação custo-benefício.
E a Nokia bem sabe que são os telefones dos fabricantes chineses os principais concorrentes do Nokia G60 5G.
E é a Nokia fazendo mais do que se espera dela
Uma das cartas na manga do Nokia G60 5G é a sua longevidade. E isso é possível através das atualizações do Android que o modelo vai receber.
E nesse momento, eu peço encarecidamente que a dona Motorola pegue um bloco de notas e anote tudo com atenção a partir de agora.
O Nokia G60 5G chega ao mercado com o Android 12. Porém, a HMD Global e a Multi já garantiram que o modelo vai receber pelo menos três anos de atualizações de sistema operacional e de segurança.
Ou seja, esse telefone será atualizado para as versões 13, 14 e 15 do Android, de forma garantida. E qualquer usuário quer ter um smartphone que será devidamente atualizado por pelo menos três anos, pois isso valoriza o investimento em qualquer produto.
E não estamos falando de um smartphone com configurações de um top de linha. O Nokia G60 5G é o típico telefone de linha média (ou, para alguns, de entrada premium, se é que isso existe), com processador Snapdragon 695 compatível com as redes móveis de quinta geração, 6 GB de RAM, 128 GB de armazenamento, bateria de 4.500 mAh compatível com recarga rápida de 20W, tela de 6.58 polegadas com resolução FullHD e taxa de atualização de 120 Hz e câmera tripla com sensor principal de 50 megapixels.
De quebra, esse telefone ainda recebe a compatibilidade com o NFC para pagamentos e o eSIM para chips virtuais.
Ou seja, a Nokia entrega um dispositivo bem aceitável por R$ 1.999 (ele já é encontrado por menos, dependendo do e-commerce que está vendendo o produto e a forma de pagamento escolhida pelo cliente) e três anos de atualizações garantidas. E a Motorola, infelizmente, deixa dispositivos com configurações similares e até mais robustas em alguns casos pontuais com poucos updates do Android (isso é, quando recebem).
Sério, dona Motorola… apenas melhore!
Nokia G60 5G: vale a pena?
Olhando de longe, o Nokia G60 5G é interessante, para dizer o mínimo.
Só acho estranho ver a Multi fazer concorrência para ela mesma dentro do mercado de telefonia. E falo isso sabendo que o Multi H 5G é bem diferente nas especificações técnicas, mas se posiciona na mesma faixa de preço do Nokia G60 5G, o que faz com que um telefone acabe canibalizando o outro nas vendas.
De qualquer forma, ainda entendo que o grande concorrente do Nokia G60 5G é mesmo todo o arsenal de smartphones chineses que estão disponíveis no mercado brasileiro e pela importação, que ainda se faz muito presente por aqui, além dos telefones da Motorola que estão na mesma faixa de preço e configurações.
Olhando para essa perspectiva, a missão desse telefone não é das mais fáceis. Mas entendo que os usuários que vão procurar pela garantia de fábrica e a aposta em uma marca mais conhecida podem se interessar por ele.
Seja pelo prestígio da marca, seja pela garantia de atualizações, o Nokia G60 5G deve ter sim o seu público por aqui. Ele entrega a tal “bola de segurança” para quem não quer se aventurar em pegar um telefone chinês via importação e sem garantia de fábrica.
E, convenhamos: boa parte do público consumidor brasileiro tem exatamente esse perfil.