Essa falta de timing, de percepção e até mesmo de bom senso da Samsung é algo que me assusta um pouco. É uma autoconfiança tão grande, um entendimento de que pode colocar qualquer preço no Brasil que as pessoas vão comprar…
…e que acaba funcionando, de alguma forma.
O Galaxy M15 é outro smartphone de linha média que a Samsung lançou no Brasil, junto com o inexplicável Galaxy M55 (que é um Galaxy A55 piorado e mais caro). E quem saiu ganhando com o lançamento de hoje foi a Motorola, com a valorização automática do Moto G34.
Motorola gargalhando neste momento
A comparação do Galaxy M15 com o Moto G34 é algo inevitável, pois os dois modelos contam com características técnicas similares e a mesma faixa de preço.
E a situação desse pobre coitado piora quando olhamos para o lado, e testemunhamos um Galaxy A15 custando BEM MENOS com configurações similares, e até o Galaxy A25, que é BEM MELHOR, custando basicamente a mesma coisa.
Ou seja, eu não consigo, de forma racional, entender o que a Samsung fez neste lançamento, da mesma forma que eu parei de pensar racionalmente sobre a chegada do Galaxy M55.
E eu digo que a Motorola está gargalhando porque não só pode promover o Moto G34 em cima do fator preço, como também pode até dar aquela zoada na bagunça de lançamentos da Samsung neste momento.
A impressão clara que eu tenho é que voltei para 2013 ou 2014, quando a Samsung lançava um smartphone por semana (literalmente), inflando o portfólio de produtos para um telefone canibalizar o outro.
É exatamente isso o que está acontecendo aqui.
Quem é que vai comprar o Galaxy M15 quando o Galaxy A25 custa o mesmo e entrega mais em praticamente todos os aspectos?
De novo: o problema não é o smartphone…
É a mesma regra do Galaxy M55: o Galaxy M15 passa longe de ser uma porcaria, um lixo ou pior do que o cocô do meu gato metafórico.
O grande problema é que ele não faz sentido em existir, considerando o fato de que nem mesmo se ele reduzir o seu preço em aproximadamente R$ 500 vai resolver o problema aqui.
Afinal de contas, o Galaxy A15 existe, e não dá para mudar isso.
O M15 é um smartphone razoável e até justo para a sua faixa de preço: processador MediaTek Dimensity 6100+ (que serve para o dia a dia dos menos exigentes e preconceituosos), tela AMOLED de 6.5 polegadas com taxa de atualização de 90 Hz e recursos especiais para otimização da exibição das imagens e 6.000 mAh de bateria, que deve entregar até dois dias de uso.
E não vou enfatizar muito nas minhas críticas ao já superado tema dos 4 GB de RAM, pois estou ficando repetitivo nisso. Pensem 10 vezes antes de escolher um telefone com essa quantidade de memória. É tudo o que tenho a dizer.
Aí, quando olho para tudo isso, e vejo que o Galaxy A15 é muito parecido nas especificações, e que o Galaxy A25 é bem melhor custando o mesmo, eu pergunto:
“Será que algum executivo da Samsung bateu com a cabeça na parede?”
Se sim, eu espero que ele esteja bem. E que quem vai substituir ele no posto seja mais racional sobre a dinâmica de lançamentos da marca.
Não faz sentido
Eu realmente não deveria me importar em absolutamente nada com tudo isso.
Mas chega a ser irritante essa forma da Samsung em trabalhar com seus lançamentos e preços. E quem paga a conta (literalmente) no final é o consumidor mais leigo, que não percebe o esquema com tantos produtos e números.
A Samsung tenta a todo custo otimizar a relação custo-benefício para ela. Mesmo que para isso coloque telefones muito similares, com preços flutuantes.
É aquela ideia do “você com certeza vai encontrar algo para você na Samsung”. Mas… a que preço?
Insisto que o Moto G34 sai como vencedor nessa história de alguma forma. Ainda mais agora, que custa próximo da casa dos R$ 1.000.
Tá, eu sei que o Galaxy M15 vai ter o seu preço drasticamente reduzido com o passar do tempo, e insisto que o meu ponto não é mais o preço do produto de forma pura e simples.
O meu ponto é: temos um amontoado de smartphones da Samsung, com faixas de preços muito próximas ou idênticas, e um produto está canibalizando o outro, só para confundir o consumidor.
É nosso dever informar aos mais leigos qual dos produtos vale mais a pena.
Pois a Samsung dificilmente se dará ao trabalho de fazer isso.
Porque é conveniente para a Samsung deixar o consumidor confuso.
Eis o meu ponto.