Comecei a pagar para ver TV no final da década de 1990, e um dos motivos para realizar esse investimento era assistir aos canais ESPN. Na época, eu achava o máximo ter um canal segmentado de esportes, que exibia eventos esportivos 24 horas por dia.
Aliás, ESPN e MTV foram dois ótimos motivos para ter TV por assinatura em casa. Ah, sim… tinha o Cartoon Network que também era argumento para deixar o meu dinheiro todos os meses na DirectTV.
Eram ótimos tempos.
Hoje, de tudo o que eu acabei de escrever, apenas a ESPN ainda lembra o que um dia foi a TV paga no passado. Mesmo assim, tudo indica que nem ela será motivo para seguir pagando a assinatura, já que a Cazé TV está se tornando a “nova ESPN”.
UEFA quer expansão de suas competições no Brasil
Na última quarta-feira (29/11), a Livemode, empresa brasileira de gestão de direitos esportivos, fechou um acordo para transmitir a UEFA Europa League e a Conference League no Brasil. As transmissões das duas competições serão realizadas pela Cazé TV, canal no YouTube criado pelo streamer Casimiro Miguel, que já transmitiu vários jogos da Copa do Mundo de 2022.
Com esse acordo, a ESPN deixará de transmitir os dois torneiros da UEFA, conforme informado pelo jornalista Gabriel Vaquer, na coluna F5, da Folha de São Paulo. O canal do grupo Disney fica apenas com a UEFA Nations League e os jogos das eliminatórias europeias da Eurcopa e da Copa do Mundo.
A ESPN apresentou uma proposta à UEFA, mas não foi considerada interessante, sendo o projeto da Livemode em parceria com Casimiro Miguel escolhido como a opção ideal para aumentar a visibilidade dos torneios.
O formato de transmissão na Cazé TV ainda não foi definido, mas espera-se que os jogos sejam transmitidos tanto no YouTube quanto na Twitch, seguindo a tendência de outros eventos esportivos.
Lembrando que a mesma Cazé TV possui também os direitos de transmissão da Eurocopa 2024, dividindo as transmissões com a Rede Globo/SporTV.
Comprando direitos esportivos de baciada
Não é pouca coisa, minha gente. Mesmo com a Disney quebrando a cabeça por não saber o que fazer com a ESPN, é preciso lembrar que os direitos das duas competições ficaram com o antes chamado “canal líder mundial em esportes” em toda a América Latina de forma exclusiva, e outros grupos de mídia como a Warner e a Rede Globo poderiam ficar com os direitos dessas competições.
A Cazé TV surgiu inicialmente para transmitir os jogos da Copa do Mundo de 2022 e expandiu suas transmissões para eventos como o Campeonato Carioca, Copa do Mundo de futebol feminino, Mundial Masculino Sub-17, Mundial de Clubes e Jogos Pan-Americanos.
Além dos torneios da UEFA, o canal também realiza transmissões da Bundesliga e jogos do Athletico Paranaense no Campeonato Brasileiro. Para 2024, a Cazé TV já anunciou transmissões do Campeonato Paulista e dos Jogos Olímpicos, dedicando mais de 500 horas de transmissão.
O projeto da Livemode e Cazé TV é visto como uma estratégia eficaz para aumentar a visibilidade dos torneios da UEFA no Brasil, substituindo a tradicional transmissão pela ESPN na TV paga.
E o mais importante disso tudo é que todos estão ganhando com isso.
O futuro das transmissões esportivas
A Cazé TV está construindo um público próprio. O jovem, que antes não se interessava por esportes e futebol porque entendia que o formato de transmissão da TV paga era para os mais velhos, está se acostumando com o formato despojado de transmissões que segue a linguagem do comunicador que dá nome ao canal.
O YouTube está ganhando com tudo isso, e se consolidando como alternativa para transmissões esportivas. A NBA está transmitindo jogos de graça pela plataforma pelo menos uma vez por semana, o Band Sports já transmitiu corridas da NASCAR nesse serviço como tela alternativa, e os principais eventos esportivos do planeta são exibidos por esse meio.
Dá sim para dizer que a Cazé TV é a “nova ESPN”. Não pela quantidade de eventos que exibe, mas pela relevância desses eventos, pelo formato inovador de transmissão e, principalmente, pela construção do novo público.
Enquanto isso, a Disney pensa em se livrar da ESPN no lugar de reformular o conceito do canal. E diante do que acontece nesse exato momento, vai ser cada vez mais difícil para Bob Iger se livrar desse elefante branco na sala.