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Por que a Apple não fala de IA e metaverso?

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Parece que a Apple quer se distanciar a todo custo da aparentemente má fama que se construiu em torno do conceito de inteligência artificial, evitando mencionar o termo não apenas na WWDC 2023 como em qualquer outro material jornalístico da empresa.

Isso ficou evidente durante a apresentação do Apple Vision Pro, os óculos de realidade virtual que promete mundos e fundos, mas com uma apresentação meticulosamente preparada para impressionar a todos.

Não só isso. O termo metaverso também não apareceu, mas isso aqui é algo bem óbvio, pois ninguém em sã consciência quer se comparar com aquela porcaria criada por Mark Zuckerberg.

Então… o que está acontecendo aqui?

 

Apple chama Jesus de Genésio, mas continua a ser Jesus

Para não irritar os religiosos de plantão, vou explicar logo o que quero dizer com essa analogia bíblica.

A Apple mencionou o termo “aprendizagem automática” por 7 vezes no evento inaugural da WWDC 2023. E em termos bem brutos e com uma linguagem simplificada, uma inteligência artificial nada mais é do que a aprendizagem automática do comportamento do usuário e das informações compartilhadas por ele em sua interface de uso.

No caso do Apple Vision Pro, a Apple menciona que o dispositivo “utiliza uma rede neuronal avançada de codificador-decodificador”. E a tradução disso para a linguagem humana é: inteligência artificial.

E eu não quero ser chato com Tim Cook… mas um dispositivo como o Apple Vision Pro dá a entender (de forma bem óbvia, por sinal) que fará parte sim do metaverso, e em um futuro não muito distante. Mas para não queimar o filme do produto e, por tabela, não promover a plataforma do coleguinha Zuck, a Apple não quis utilizar esse conceito durante a sua demonstração.

Como você pode ver, a Apple mediu as palavras e substituiu os termos de forma conveniente, para reforçar o que a empresa deseja para o Apple Vision Pro, mas sem vincular o produto aos conceitos que hoje não são tão bem recebidos pelo grande coletivo.

Mas não se engane, meu amigo: inteligência artificial e metaverso encaixam como uma luva nessas novas tecnologias da Apple.

 

Inteligência artificial gera medo, e o Metaverso é decadente

O conceito de inteligência artificial ainda gera um certo temor e preocupação em algumas pessoas, e isso é algo mais do que normal e natural. Historicamente, o ser humano tem enormes dificuldades em lidar com o novo e o desconhecido, e muitos estão realmente temendo a possibilidade de perder os seus empregos pela automatização dos processos laborais.

A Apple está mesmo mais cautelosa para mostrar as suas visões de inteligência artificial. O que não significa que ela não está trabalhando nisso (e eu vou falar mais sobre o assunto daqui a pouco).

Sobre o metaverso, ele ainda está em desenvolvimento, enfrentando vários desafios técnicos e éticos. E mesmo que a visão de Zuckerberg sobre o espaço virtual compartilhado seja algo muito promissor, ele já é visto como decadente por parte de alguns especialistas em tecnologia mais céticos.

E Tim Cook sabe muito bem que milhões de usuários estão muito preocupados com a privacidade, algo que não existe na internet. E como quase 100% das empresas estão de alguma forma focando recursos na IA e no metaverso, não mencionar esses termos nos seus produtos e serviços é um movimento estratégico e até inteligente por parte da Apple.

 

Termos como “machine learning” e “computação espacial” são mais aceitáveis

 

Muitos esperavam que a Apple apresentasse na WWDC 2023 a sua resposta ao ChatGPT, Bing Chat e Bard. Mas isso não aconteceu. Bom, pelo menos não de forma que todos pudessem olhar especificamente para essa resposta.

Na verdade, a Apple está utilizando a inteligência artificial nos seus produtos faz tempo, mas poucos se deram conta disso. E o conceito de machine learning está convivendo conosco em nossos smartphones há pelo menos 10 anos.

Tanto o iOS como o Android contam com pequenos sistemas integrados que se adaptam para melhorar em tarefas específicas. E isso nada mais é do que inteligência artificial. No caso específico da Apple, ela não tem um modelo de linguagem, gerador de imagens ou algo “tangível” com nomes e sobrenomes de sistema operacional para ser designado especificamente como uma plataforma identificável.

Por outro lado, é fato que várias de suas plataformas já usam a inteligência artificial de forma ativa. Se serviços ou recursos específicos de um smartphone ou tablet da Apple contam com funções de “machine learning” ou “aprendizagem automática”, temos aqui a IA em pleno funcionamento.

E nem precisa pensar muito para detectar a presença dessa tecnologia em nossa vida prática. É só pensar na autocorreção melhorada de textos, e pronto: a IA está presente na sua vida.

E sobre o metaverso… é só porque a Apple não quer usar o termo mesmo.

Algumas das funções presentes no Apple Vision Pro estão diretamente alinhadas com o conceito de espaço virtual, como as reuniões com pessoas em tamanho real, avatares tridimensionais e outros elementos visuais ou sonoros. Neste caso, a Apple, de forma conveniente, opta pela expressão “computação espacial”.

E vou repetir o que já escrevi lá atrás: a Apple não vai promover um conceito criado por Mark Zuckerberg, de jeito nenhum. Ainda mais quando esse mesmo conceito tem mais notícias negativas do que positivas.

Por fim, não podemos nos esquecer que não é de hoje que a Apple tende a favorecer expressões que ela mesma cunhou, ou que, de forma muito conveniente, ajuda a promover melhor os seus produtos, já que centra a atenção no seu campo de distorção da realidade, evitando assim distrações retóricas.

A tentativa da Apple neste caso é evitar que toda a publicidade negativa que os termos “inteligência artificial” e “metaverso” respinguem em seus produtos e tecnologias. Mesmo porque, oras bolas, ainda estamos falando de dinheiro no final das contas. E a Apple investe muito dinheiro em smartphones, tablets, computadores e, a partir de agora, óculos de realidade mista, todos os anos.

Não se preocupe: se você tem medo de usar uma inteligência artificial no iPhone, saiba que isso é besteira, pois o telefone da Apple conta com várias IAs funcionando o tempo todo. E o Apple Vision pro vai sim funcionar bem com o metaverso. É uma questão de tempo.

Confia no que o tio falou neste artigo, e tudo vai dar certo.


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