E agora, ByteDance?
Os Estados Unidos não quer você. Porque acredita que o TikTok está espionando os norte-americanos com toda a convicção. Possuem alguma prova para isso? É claro que não, mas todo mundo pode expulsar quem quiser da própria casa.
Por isso, o Senado dos EUA aprovou e o Presidente Biden assinou uma lei que basicamente condiciona a ByteDance, dona do TikTok, a vender a sua participação da rede social para uma empresa norte-americana se quiser seguir operando no país.
Inicialmente, havia sido sugerido um prazo de 180 dias, mas a lei estabelece agora um período de nove meses (ou 270 dias, com prorrogação para mais 90 dias) para que a ByteDance venda o TikTok a uma empresa americana.
Caso contrário, a aplicação será bloqueada nos Estados Unidos, tanto nas lojas de aplicativos quanto pelos provedores de serviços.
Entendendo o caso
A decisão foi tomada por receios de segurança nacional dos EUA, relacionados à coleta de dados e à influência do governo chinês sobre a plataforma. Senadores como Marco Rubio destacam a possibilidade de controle do Partido Comunista chinês sobre dados de usuários americanos.
Esse é o argumento do governo norte-americano, que nunca apresentou provas de que a tal espionagem realmente estivesse acontecendo. Mas agora que o banimento é uma lei, nada impede que a expulsão realmente aconteça.
A tal lei foi aprovada como parte de uma série de medidas não relacionadas, incluindo assistência militar para Ucrânia, Israel e Taiwan. Obteve um amplo apoio, com 79 votos a favor e apenas 18 contra. O presidente Biden a assinou para ativar a contagem regressiva.
Com cerca de 170 milhões de usuários nos Estados Unidos, o TikTok é uma plataforma amplamente utilizada, principalmente por jovens americanos. Logo, este é um assunto que está despertando o interesse de boa parte da nação, e dos dois lados interessados na questão.
O que o TikTok vai fazer?
A direção do TikTok indica que continuará a lutar legalmente contra a proibição, citando a Primeira Emenda para defender a liberdade de expressão. Uma eventual disputa judicial poderia prolongar o caso por anos.
O TikTok argumenta que a maioria dos investimentos na ByteDance é internacional, não vinculada à China, defendendo assim sua independência de governos estrangeiros.
De forma até curiosa, o governo norte-americano (e aqui, temos que mencionar que são as gestões Trump e Biden que defendem a mesma visão) não entendem que banir o TikTok do país é tentar violar o direito de liberdade de expressão dos cidadãos norte-americanos.
Porque par ao governo dos Estados Unidos, a suposta violação de privacidade é uma questão de segurança nacional. E a legislação do país foi modificada para que o banimento seja considerado legítimo.
Com várias empresas interessadas, incluindo Microsoft e Oracle no passado, o futuro do TikTok nos EUA pode envolver uma variedade de soluções, desde a venda para grandes corporações até investidores individuais.
Vale a pena mencionar que nomes como Bobby Kotick (ex-CEO da Activision Blizzard) e Sam Altman (da OpenAI) já demonstraram interesse na compra do TikTok nos EUA em um momento posterior.
Particularmente, entendo que o TikTok não será banido dos EUA. Até porque nem mesmo Biden e Trump são partes realmente interessadas no não funcionamento da rede social em território norte-americano.
Esse movimento pode muito mais fazer parte da estratégia norte-americana em retirar o poder comercial dos chineses em uma rede social muito popular do que exatamente uma questão de segurança nacional.
E o tempo deve mostrar isso de forma clara para todo mundo.
Mas… vamos aguardar que a ByteDance decida mesmo brigar na justiça pelo seu direito de permanência no país. Mesmo porque é relativamente cômodo para os EUA banir toda e qualquer empresa chinesa que seja uma séria concorrente para as suas plataformas.
Elon Musk e Mark Zuckerberg seriam os maiores beneficiados de um eventual banimento do TikTok dos EUA.
Mas ninguém fala sobre isso neste momento.