Press "Enter" to skip to content
Você está em | Home | Variedades | Steve Jobs prometeu “destruir” o Android, que hoje tem o dobro de cota do iOS…

Steve Jobs prometeu “destruir” o Android, que hoje tem o dobro de cota do iOS…

Compartilhe

Walter Isaacson entregou ao mundo em 2011 nada menos que 744 páginas, onde todos puderam aprender um pouco mais sobre a complexa e peculiar personalidade de Steve Jobs.

Através de sua biografia, Jobs garantiu que revelou todos os seus segredos mais obscuros, e páginas polêmicas com eventos e declarações controversas envolvendo a principal personalidade da Apple não faltam.

E algumas dessas linhas foram dedicadas ao seu maior rival da telefonia: o Android. E algumas dessas frases vão entrar para a história. Em alguns casos, não pelos motivos certos.

Vale a pena revisar algumas dessas frases, para a nossa apreciação.

 

Se Jobs surpreendeu com o iPhone em 2007, e o HTC Dream nasceu em 2008

Steve Jobs impressionou o mundo em 2007 na MacWorld Expo, quando apresentou o iPhone original. Na época, ele declarou que o iOS (na época, iPhoneOS) estava pelo menos cinco anos à frente de qualquer outro sistema operacional móvel.

E ele falou isso em um evento que não havia apenas um único iPhone para demonstração, mas vários. Tudo bem, o sistema operacional era bem verde e só executava um aplicativo sem travar. Mas estava lá.

Lembrando que o primeiro iPhone não contava com a App Store, algo que só chegou ao mundo em 2008.

De qualquer forma, Jobs estava radiante. Os demais smartphones do mercado estavam automaticamente desatualizados no momento em que o iPhone chegou ao mercado.

Porém, o Google foi rápido, e em outubro de 2008 apresentou o Android no HTC Dream… e ele já contava com o Android Market desde o seu primeiro dia de vida.

Dessa forma, o Google deixava um recado claro para Jobs e para o mundo: “eu também estou nesse mercado, e estou para brigar”.

E a alegria de Jobs foi embora.

 

“Estou disposto a iniciar uma guerra termonuclear para destruir o Android”

Disse um enfurecido Steve Jobs.

Se tinha uma coisa legal em Jobs é que ele era um homem apaixonado por aquilo que fazia e, principalmente, implacável em suas atitudes.

Olhando para a página 637 da sua biografia, logo após a apresentação do iPad, ele se reuniu com a sua equipe para falar do Google, pois achou injusta a entrada da gigante de buscas no segmento de smartphones com um sistema operacional próprio.

“Não entramos no campo dos mecanismos de busca. São eles que entraram no mundo dos telefones. Não se engane: eles querem destruir o iPhone e nós não vamos deixar.”

Acho que é um bom momento para lembrar que até 2006, a Apple fabricava COMPUTADORES, NOTEBOOKS E REPRODUTORES PORTÁTEIS DE MÚSICA. Mas não smartphones.

Mas a única coisa que vinha na mente e no coração de Steve Jobs era o sentimento de traição, pois Eric Schmidt, CEO do Google na época, fazia parte do conselho da Apple durante os períodos de desenvolvimento do iPhone e do iPad.

E é claro que Jobs estava furioso de verdade pelo fato do Android ter copiado “alguns recursos inventados” pela Apple, como a tela multitoque, o deslizar da tela ou o layout dos ícones.

Como se a Apple realmente tivesse inventado isso em algum momento…

Quando veio o processo contra a HTC e a briga com o Google em 2010 (depois do lançamento do HTC Magic em 2009 que, esse sim, tinha basicamente tudo o que o iPhone apresentou), Jobs mandou essa:

“Google, esta é a porra de uma cópia do iPhone, você nos enganou completamente. É um roubo flagrante em primeiro grau. Vou gastar meu último suspiro, se necessário, e vou gastar cada centavo dos US$ 40 bilhões que a Apple tem no banco para corrigir esta situação.”

E completa:

“Vou destruir o Android porque é um produto roubado. Estou pronto para iniciar uma guerra termonuclear sobre este assunto. Eles estão morrendo de medo, porque sabem que são culpados. Exceto pelo mecanismo de pesquisa, os produtos do Google (Android, Google Docs) são uma porcaria.”

Dias depois, Schmidt encontrou Jobs em um café para tentar amenizar as coisas, mas Steve não estava disposto a conversar. Ele até apareceu para o encontro, mas entregou ao mundo mais uma pérola:

“Não estou interessado em chegar a um acordo extrajudicial, pegamos você em flagrante. Se você me oferecesse US$ 5 bilhões, eu pegaria de nós. Eu já tenho muito dinheiro. O que eu quero é que vocês parem de usar nossas ideias no Android, é só isso que eu quero.”

Resultado: não teve acordo, ainda mais pelo fato do Android ter um sistema aberto, e o iOS, não. Neste contexto, era basicamente reviver a batalha entre Macintosh e Windows na década de 1980, e todo mundo sabe como esse embate terminou.

 

Rivais, mas também parceiros

Jobs não conseguiu cumprir a sua profecia messiânica, e hoje o Android simplesmente esmaga o iOS na participação de mercado, com 68,61% (contra 30,61% do sistema operacional da Apple).

O grande ponto a favor da Apple é que nesse momento ela lidera na venda de smartphones, lucrando muito mais por unidade vendida do que o Android.

De qualquer forma, chegamos ao cenário atual de smartphones pelo simples fato de uma empresa ter copiado várias coisas da outra e vice-versa ao longo dos últimos 10 anos. Hoje, praticamente tudo o que vemos em um iPhone ou em um smartphone Android bebeu da água da concorrência.

E quem saiu ganhando nesse processo de clonagem foi o usuário, pois os dois sistemas operacionais alcançaram um absurdo ponto de maturidade.

No final, Apple e Google se tornaram parceiras em muitas coisas. Em maio de 2020, no auge da pandemia, a dupla lanço uma API desenvolvida em conjunto, que permitia indicar ao usuário que esteve próximo de alguém que deu positivo para COVID (sempre respeitando a privacidade de todos os envolvidos).

Aqui, temos um exemplo perfeito de duas empresas que, na essência, são rivais e que não concordam em vários aspectos, mas que se apoiaram mutuamente diante de uma emergência global.

E não só isso. Na última edição do Google I/O realizada em 2023, foi apresentado o Find My Device inspirado no Search e nas AirTags da Apple, mas com a colaboração da gigante de Cupertino.

Como você pode ver, a Apple (e, muito em particular, Steve Jobs) não gosta que o Android exista, mas no final, aprendeu a conviver com ele. As duas plataformas se retroalimentaram e, por causa disso (também), temos ótimos smartphones em nossos bolsos.

E… não… Steve Jobs não conseguiu eliminar aquela “cópia de merda” do iPhone. E todo mundo saiu ganhando com isso.


Compartilhe