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Por que existem mais notebooks com RAM soldada na placa-mãe (e isso vai perdurar até o fim dos tempos)

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Mais uma tendência do mundo da tecnologia liderada pela Apple. E se você acha que isso é algo muito ruim para você, que detesta memórias RAM soldadas nos notebooks, já sabe a quem culpar.

A maioria dos fabricantes de notebooks estão incorporando RAM soldadas em laptops ultrafinos e de alto desempenho, alterando a disposição dos componentes internos desses dispositivos e dificultando os upgrades de hardware.

Além de todo o mercado se comportar (mais uma vez) no mais legítimo modo “Maria vai-com-as-outras”, existem outros motivos que ajudam a explicar essa invasão de notebooks com memórias soldadas.

E eu estou aqui para, basicamente, oferecer respostas (inconvenientes).

 

A Apple complicou a vida de todo mundo (de novo)

A prática de soldar as memórias RAM nas placas-mãe dos notebooks começou com a Apple, principalmente com a chegada ao mercado do ultrafino MacBook Air.

Esse notebook definiu de vez o que era o conceito de “ultrabook”, mas em níveis muito melhorados. Esses notebooks se caracterizam por priorizarem a portabilidade pela baixa espessura, com elevada autonomia de bateria e desempenho minimamente decente para as tarefas mais básicas de escritório ou estudo em qualquer lugar.

Para entregar essa baixa espessura nos notebooks, a Apple decidiu por soldar a RAM para economizar o espaço interno que o slot roubava com os seus conectores e alavancas de remoção.

É óbvio que a estratégia de design deu muito certo. Tanto, que praticamente todos os principais fabricantes de notebooks repetiram os passos da gigante de Cupertino. E hoje, temos um mercado lotado de computadores portáteis com RAM soldadas.

E isso representa uma enorme dor de cabeça para muitas pessoas.

 

Por que a RAM soldada é um problema

Quando uma RAM está soldada na placa-mãe, ela se torna um elemento permanente no equipamento, o que impede que o usuário realize uma atualização de hardware de forma simples, além de complicar os reparos no notebook se este componente apresentar defeitos.

Notebooks com memórias no padrão SO-DIMM são infinitamente mais simples de serem substituídas, e ajudam inclusive na longevidade do equipamento, já que o usuário pode inserir uma RAM com melhor desempenho para necessidades mais complexas ou específicas.

Não são poucos os usuários que reclamam em fóruns na internet sobre essa decisão do mercado e os elevados custos para atualização e manutenção de notebooks ultrafinos.

Os fabricantes até se defendem, afirmando que os notebooks atuais são tão potentes e eficientes que a grande maioria dos usuários não vai sentir a necessidade de realizar um upgrade de hardware ao longo de sua vida útil.

Algo que gera uma certa controvérsia, já que vários computadores portáteis que poderiam funcionar por um tempo ainda maior são abandonados ou descontinuados pela impossibilidade de atualização de hardware.

Ou seja, além de não conseguirem economizar um bom dinheiro com o upgrade, os fabricantes flertam com a obsolescência programada pela prática de manter os componentes integrados na placa-mãe.

Fica muito menos caro comprar um notebook novo do que mandar trocar a RAM de um portátil que possui memória soldada. E quem ganha com isso é o fabricante do equipamento, que vai lucrar em cima da necessidade do usuário.

 

Nem tudo são espinhos

É injusto não destacar os benefícios que uma RAM soldada oferece para um notebook ultrafino.

Além da economia do espaço interno, essa solução entrega uma maior eficiência energética, já que (em teoria) você libera espaço para uma bateria maior.

Sem falar que os componentes chegaram em um ponto de maturação que é bem difícil ver uma RAM dessas dando problemas pelo excesso de uso ou pelo superaquecimento. Mesmo porque notebooks ultrafinos geram menos calor, o que ajuda a manter a longevidade desses componentes.

A evolução da tecnologia desses notebooks ultrafinos resultou em ganhos significativos para a eficiência energética e aumento de autonomia desses equipamentos. Muito em parte isso aconteceu por causa do desenvolvimento dos chips personalizados ou SoCs, que entregou uma maior flexibilidade na disposição dos componentes.

Além disso, deixar a RAM em uma posição estratégica na placa-mãe é outro fator que ajuda a entregar os benefícios de experiência de uso dos ultrabooks, principalmente na era das memórias no padrão DDR, que são de baixo consumo e alta performance.

Por fim, adotar uma memória soldada (em paralelo com todos os itens mencionados neste artigo) é relevante também na era da Inteligência Artificial (IA), já que a largura de banda de dados a serem processados é algo que todo equipamento informático terá que priorizar a partir de agora.

É evidente que o surgimento das NPUs (unidades de processamento dedicadas ao uso e gerenciamento de IAs) é determinante para uma melhor experiência dessa tecnologia de chatbots generativos. Porém, a RAM de alta performance e eficiência energética assumem papel de protagonismo para oferecer ao usuário uma solução sustentável e cada vez mais independente da internet.

No final das contas, utilizar uma RAM soldada é uma otimização no processo de montagem dos computadores, apesar de não entregar diferenças significativas de custo para os fabricantes e para o consumidor final.

E para aqueles que gostariam de fazer o upgrade sagrado na RAM do notebook, ou precisa investir em um computador portátil gaming, ou procure por um desktop, que é muito mais flexível para as atualizações de componentes.

Aqueles que procuram pelos notebooks ultrafinos pensando na produtividade e portabilidade precisam aceitar as coisas como elas são, e não do jeito que desejam.

É meio cruel dizer isso no final do artigo, mas é a mais pura verdade.


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