Nem dá para dizer que não dava para prever isso. Acho que até a Apple imaginou que o Vision Pro não seria um hit logo de cara, já que estamos falando de um produto que é completamente novo e está na sua primeira geração.
O que talvez não fosse esperado para a Apple (e aqui tem até um certo toque de ironia nisso) é que a empresa não iria convencer as pessoas que os caríssimos óculos de realidade mista era sim uma revolução útil neste momento.
Então, a queda nas vendas do Apple Vision Pro e as dúvidas da gigante de Cupertino sobre o que fazer com o dispositivo que precisa se vender de alguma forma são cenários mais do que previsíveis.
Começou bem, mas depois brochou…
As vendas iniciais do Vision Pro nos EUA mostram um desempenho sólido, mas há preocupações dentro da Apple sobre sua aceitação em mercados globais, devido a expectativas de demanda mais baixa em países como Reino Unido e China.
Lançado em 19 de janeiro nos EUA, o Vision Pro é a primeira geração dos óculos de realidade mista da marca. Logo, seu preço de 3.499 dólares é até condizente com essa perspectiva, mas ainda assim elevado para o grande público.
E mesmo com a adoção do dispositivo em vários setores como a medicina e a educação, faltam bons argumentos para realizar um investimento tão elevado. O Vision Pro promete muito, mas entrega pouco na prática.
O dispositivo funciona com o sistema operacional visionOS, oferecendo uma experiência envolvente controlada por olhos, mãos e voz, com suporte para mais de um milhão de aplicativos iOS e iPadOS.
Na prática, tudo é mais bonito na teoria.
Alguns dos principais aplicativos de produtividade e entretenimento ainda não estão disponíveis no Vision Pro, o que atrapalha os planos da Apple para uma adoção em massa do dispositivo.
Sem falar que o desempenho prático do dispositivo está aquém das expectativas dos usuários.
Sim, alguns profissionais estão satisfeitos com o produto, mas inúmeras reclamações sobre a experiência de uso em fóruns e nas redes sociais mancham a boa imagem que o Vision Pro poderia ter como produto inovador.
Isso… e o fato dele custar A PARTIR DE 3.499 DÓLARES. Não dá para ignorar que o fator preço é o que mais atrapalha o óculos de realidade mista nesse momento, revelando um problema secundário: uma relação custo-benefício que está nem longe de ser atendida.
Como será o amanhã para o Vision Pro?
Analistas previam vendas entre 300.000 e 800.000 unidades no primeiro ano, mas a receita esperada de até US$ 1.4 bilhão de dólares pode ser revista, dada a demanda aquém do esperado em mercados internacionais.
Na prática, os números estimados de unidades distribuídas para o Vision Pro estão na casa das 450 mil unidades. E isso dá uma dimensão exata do buraco em que a Apple se enfiou com o dispositivo.
A baixa demanda global e críticas ao preço e desempenho das Vision Pro levaram a ajustes na estratégia da Apple, possivelmente incluindo uma versão mais acessível do dispositivo planejada para 2025.
Se o Vision Pro não for tão bem quanto parece, toda a indústria de realidade mista pode ser afetada, incluindo alguns fabricantes que vão rever conceitos e posicionamentos sobre futuros dispositivos.
Afinal de contas, estamos falando da Apple, uma empresa líder no mercado de tecnologia. E qualquer movimento que ela fizer pode impulsionar ou desacelerar iniciativas similares de outras marcas.
No final das contas, para o bem de todo um setor que ainda está nascendo, é melhor que a Apple corrija a rota o Vision Pro e busque os acertos.
Ou teremos alguns anos de atraso até que a realidade mista se torne a nossa realidade prática como consumidores de dispositivos de tecnologia.