As preferências e modas tecnológicas no Japão são singulares, com produtos de sucesso distintos de outras regiões. Um claro exemplo do que eu estou falando está na elevada popularidade dos smartphones Google Pixel no país, superando inclusive o iPhone no volume de vendas.
Mesmo assim, o smartphone da Apple mantém elevados números de vendas no país. E um modelo em particular se destaca entre os japoneses: o (já aposentado) iPhone mini.
Existem alguns fatores que ajudam a explicar a preferência dos japoneses por esse modelo específico do smartphone da Apple. E é aqui que as tais singularidades aparecem, deixando tudo mais interessante.
Passa pelo mundo dos videogames (de alguma forma)
Antes do boom ocidental, o Japão já experimentava sucesso na indústria de jogos para celulares. Historicamente, os japoneses sempre anteciparam tendências nas tecnologias envolvendo a mobilidade, já que foi o país que apresentou ao mundo o conceito de videogame portátil, com o lançamento do Nintendo Game and Watch.
Contrariando todas as expectativas, os japoneses estão adquirindo em grande quantidade os modelos iPhones 12 mini e 13 mini de segunda mão. Enquanto todo o resto do mundo optou por versões do smartphone da Apple com telas maiores, os usuários da Terra do Sol Nascente não só preferem o modelo menor, como estão comprando dispositivos usados, já que o modelo foi oficialmente descontinuado.
E isso teria acontecido de qualquer maneira.
A preferência japonesa por dispositivos de tamanho compacto é evidente, tanto em celulares quanto em consoles de jogos. Não podemos nos esquecer que, além da informação cultural, entra também a questão biológica, já que os japoneses contam com estruturas físicas naturalmente menores em relação aos ocidentais.
Ou seja, é muito mais confortável utilizar um smartphone pequeno quando você possui uma mão pequena. A japonesa Sony entendeu muito bem isso, a ponto de manter os seus compactos telefones Xperia vivos no mercado do próprio país.
Os próprios fabricantes de consoles de videogames ajustam o tamanho dos controles para se adequar às mãos dos jogadores japoneses. Isso fica evidente quando colocamos a última geração de gamepads do PlayStation 5 e do Xbox Series S | X.
O contraste do mercado japonês
Voltando a falar do tamanho dos smartphones.
Enquanto a indústria global adota telas grandes muito em função da quantidade de conteúdo visual oferecida pela internet e pelos serviços de streaming mais populares, o mercado japonês continua a preferir modelos compactos, contrariando uma tendência global.
Por isso, o volume de vendas dos modelos iPhone mini de segunda mão é enorme. Mesmo com a chegada do iPhone 15 (que tem uma versão com tela de 6.1 polegadas, o que hoje é considerado por muitos como “um smartphone compacto”), as vendas do iPhone 12 mini e do iPhone 13 mini simplesmente dobraram durante a semana de lançamento do mais recente smartphone da Apple no Japão.
E quem já teve a chance de usar um iPhone mini sabe muito bem que o principal motivo para investir algum dinheiro nele é o seu enorme conforto. É um smartphone potente com o seu processador Apple A15 Bionic com tela de 5.4 polegadas e apenas 131 milímetros de altura. É raro encontrar uma combinação como essa no mercado neste momento.
Eu tive a chance de usar por algum tempo o iPhone 13 mini, e não tenho do que me queixar dele no que se refere à ergonomia e conforto físico durante o uso diário. E justamente a eficiência do A15 Bionic faz dele um modelo mais interessante que o iPhone 12 mini na autonomia de bateria, com melhorias significativas.
Bom, quero dizer… o iPhone 13 mini não entrega um dia de uso longe do carregador, mas pelo menos não é a vergonha que o 12 mini foi. O que já é uma vitória, considerando o seu conjunto técnico.
Apesar de terem sido descontinuados pela Apple, os iPhones mini ainda estão disponíveis no mercado japonês, seja em segunda mão ou em alguns estabelecimentos comerciais. E no Brasil, ainda é possível encontrar algumas unidades perdidas nos e-commerces.
Se você ainda quer ter um iPhone 13 mini para chamar de seu, é melhor correr. Depois que as poucas unidades disponíveis no mercado desaparecerem, ele será uma preciosa relíquia do mundo da tecnologia.
E os japoneses também estão pensando nisso ao investir dinheiro no telefone compacto da Apple, seja ele novo ou usado.