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Hoje pode ser o início do fim do TikTok como conhecemos

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O TikTok é uma das redes sociais mais relevantes do momento, se não for a mais relevante para alguns produtores de conteúdo que conseguem a visibilidade desejada com o grupo etário mais engajado da internet: os mais jovens. E só por isso tudo o que envolve essa plataforma naturalmente chama a atenção de todos.

As empresas de publicidade e outras plataformas que procuram um retorno financeiro ou de visibilidade enxergam o TikTok como uma rede social de sucesso até inesperado. Em um mundo dominado pelo YouTube, o comportamento de consumo de conteúdo dos usuários foi transformado consideravelmente, e muitos passaram a assistir vídeos curtos, com mensagem mais direta e bem-humorada.

Essa mudança fez com que outras plataformas seguissem para o mesmo caminho, com o único objetivo de competir de forma direta com o TikTok. Instagram e o próprio YouTube passaram a adotar os vídeos curtos como alternativas em suas respectivas plataformas, criando uma competição que não existia nem mesmo quando o Snapchat, o pai de todos neste formato, chegou ao mercado.

Mas nem todos ficaram felizes com o sucesso e a capacidade de engajamento do TikTok. O governo norte-americano sempre se viu preocupado com o fato de a plataforma chinesa obter e manipular os dados de milhões de cidadãos do país, sempre com a alegação de uma possível violação de privacidade em massa. Donald Trump tinha uma perseguição implacável com o serviço, e Joe Biden não mudou muito essa visão.

E hoje, 8 de julho de 2022, pode ser o início do fim do TikTok como conhecemos. E vamos explicar o que está acontecendo a partir de agora.

 

 

 

Para os EUA, o TikTok oferece enormes riscos para a privacidade

Mais uma vez, o TikTok tem que enfrentar sérias acusações de espionagem de dados dos seus usuários. Dessa vez, o órgão que está levantando dúvidas sobre este aspecto na plataforma é ninguém menos que a FCC, a Comissão Federal de Comunicações, a mesma que é responsável por vistoriar, regular e estabelecer as normas para serviços de telefonia e gerenciamento de dados nos Estados Unidos.

A FCC ligou o sinal de alerta sobre a possibilidade de o TikTok seguir praticando a espionagem em massa dos usuários cadastrados na plataforma. Seu regulador, Brendan Carr, redigiu e publicou uma longa carta endereçada à Apple e Google solicitando a retirada do aplicativo de vídeos curtos de suas respectivas lojas de apps (App Store e Play Store) para os seus sistemas operacionais (iOS e Android), uma vez que o serviço pode representar um enorme problema de segurança nacional, não respeitando os seus termos de uso e a privacidade dos usuários.

O mais interessante do assunto é que a carta solicita uma resposta de Apple e Google sobre o assunto. E… adivinha qual é a data limite para que a carta seja respondida? Isso mesmo: hoje, 8 de julho de 2022. Ou seja, hoje pode ser o início do fim do TikTok: se as duas principais empresas de software para smartphones decidirem eliminar o aplicativo de suas lojas, será uma pancada seca na cabeça do aplicativo chinês.

Agora, vamos falar um pouco dos argumentos de Brendan Car para solicitar a retirada do aplicativo do TikTok das lojas da Apple e do Google. E podemos dizer que esses detalhes são muito concretos, ilustrando quais são as práticas adotadas pela plataforma que são consideradas condenáveis pelo regulador.

Carr garante que o aplicativo do TikTok compila todos os tipos de informações do usuário durante o uso desse software, tais como histórico de navegação, registros do teclado, registros de face e voz e até conteúdos copiados na área de transferência do smartphone. As informações foram obtidas a partir de áudios de reuniões internas da empresa do app de vídeos curtos e registrados em documentos que reforçam que, na China, os engenheiros da plataforma consultaram em diferentes oportunidades conteúdos supostamente privados ou sensíveis dos usuários do serviço nos Estados Unidos.

Nem é preciso dizer isso, mas são acusações muito sérias e contundentes por parte da FCC. É evidente que toda acusação precisa ser acompanhada de provas para se tornar factível, mas não será surpresa se Carr e seus comandados conseguirem entregar as evidências necessárias para que Apple e Google atendam suas demandas.

Mas… e o TikTok? Como ele se posiciona sobre o assunto?

 

 

 

TikTok garante que não compila dados sensíveis

É óbvio que o TikTok se defende das acusações. Até porque ele não tem outra coisa para dizer neste primeiro momento.

Um dos responsáveis pelo TikTok nos Estados Unidos, Michael Beckerman, deu uma entrevista recente para a CNN afirmando que todas as acusações feitas por Carr e pela FCC são “rotundamente falsas”, e esclareceu como a plataforma utiliza algumas das permissões solicitadas por seu aplicativo, e como essas permissões foram confundidas com supostas práticas de espionagem.

Bom, não parece ser algo tão simples como uma mera confusão na interpretação de texto das solicitações de permissões, mas não custa tentar entender o que o TikTok quer dizer em sua defesa.

Michael começa a sua defesa pelo caminho óbvio: garante que o aplicativo do TikTok é focado exclusivamente para o entretenimento, e não para espionagem. O software aproveita os recursos de reconhecimento facial do usuário para usar filtros e efeitos de realidade aumentada, e não para criar bases de dados dos usuários. A tecnologia do software reconhece a localização dos olhos e outros traços do rosto para aplicar máscaras virtuais de forma realista.

Ou seja, o principal argumento do TikTok é que a sua tecnologia é completa o suficiente para coletar uma série de informações biométricas necessárias para oferecer resultados de melhor qualidade dentro do aplicativo, e não para criar perfis de usuários para outras finalidades. Mas isso é o que a plataforma alega, certo?

O TikTok também esclarece que o registro de toques no teclado não é feito com o objetivo de espionar os usuários, mas sim para conhecer a velocidade que aquele usuário digita e o seu tempo de reação neste item. Aqui, a explicação técnica passa pelo fato de a plataforma utilizar este método para detectar a presença de bots que redigem mensagens ou acionam automaticamente os likes de forma rápida e mecânica, e a identificação das pulsações ajuda a eliminar os falsos usuários da rede social.

E isso certamente vai deixar pessoas como Brendan Carr e toda a FCC “um pouco mais tranquila” … entendi… (contém ironia nas aspas).

Por fim, o TikTok nega todas as informações e acusações lançadas contra ela, e reforça que os servidores do aplicativo estão em território norte-americano, atendendo assim uma das exigências para que a plataforma operasse de forma livre nos Estados Unidos, mesmo sendo uma empresa que pertence ao conglomerado da ByteDance, que depende diretamente do governo chinês para manter as suas atividades.

Ou seja, este é um cenário um pouco mais complexo do que parece. Em um mundo perfeito, o TikTok dificilmente teria as suas atividades suspensas, mas como existem divergências políticas diretas entre os países envolvidos, as acusações acontecem de lado a lado.

E alguns usuários que chegaram até esse ponto no texto estão se perguntando o que vai acontecer com o TikTok a partir de hoje.

Bom, vamos então fazer um exercício de futurologia.

 

 

 

O que acontece a partir de 8 de julho de 2022 com o TikTok?

A data de 8 de julho de 2022 é apenas para que Apple e Google respondam ao comunicado da FCC que, por sua vez, não possui qualquer tipo de jurisprudência sobre as redes sociais. Logo, não existe uma decisão definitiva a partir de hoje. E, tal e como prometi no título desse texto e ao longo de toda a minha narrativa, o que pode acontecer hoje é o INÍCIO DO FIM do TikTok como conhecemos, e não uma decisão definitiva ou morte certa para a plataforma.

Lamento se você chegou até aqui e se decepcionou, mas eu entreguei o que prometi. O título do artigo não é um click bait. Você não pode me acusar de uso de artifício barato para chamar audiência, por mais que eu realmente deseje que muitas pessoas leiam este conteúdo.

Por outro lado, a FCC tem mais que suficiente relevância para causar grandes problemas para o desenvolvimento livre do TikTok em território norte-americano, o que já poderia ser um grande estrago para a ByteDance. Os Estados Unidos é um mercado importante para qualquer rede social que quer prosperar no planeta, e o número de usuários da plataforma de vídeos curtos no país é enorme.

De qualquer forma, vamos ter que esperar para descobrir quais serão as respostas de Apple e Google sobre o que vai acontecer com o TikTok em suas respectivas lojas de aplicativos. E, de novo: mesmo que a suspensão aconteça, ela será regional (ou seja, apenas nas versões norte-americana da App Store e Play Store), e nada vai impedir que o app de vídeos curtos seja encontrado em lojas alternativas.

No momento em que este artigo foi redigido, o TikTok é um enorme sucesso nos Estados Unidos, com mais de 40 milhões de usuários ativos naquele país, e 19 milhões de downloads apenas no primeiro trimestre de 2022. Tirar esse app do mercado norte-americano não será uma das tarefas mais fáceis do mundo para a FCC. Mas se acontecer, o impacto pode ser forte o suficiente para determinar o início do fim do serviço em escala global, pelo menos nessa versão que conhecemos neste momento.

O tempo, sempre ele, vai dizer o que vai acontecer.


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