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Copa do Mundo do Catar 2022 terá impedimentos marcados por uma inteligência artificial: isso vai dar certo?

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Será que uma inteligência artificial pode ser mais eficiente que árbitros auxiliares humanos para definir lances de impedimento em um jogo de futebol?

Essa pergunta será respondida em breve, e no torneio de futebol mais importante do mundo: a Copa do Mundo FIFA Catar 2022. Na verdade, a decisão em determinar se algum jogador está ou não em impedimento em um lance de ataque durante as partidas do torneio ainda será dos auxiliares de arbitragem humanos, e a inteligência artificial só está ali para ajudar nos lances mais polêmicos, ou quando a marcação do lance exige uma precisão mais cirúrgica.

A FIFA anunciou que, durante os jogos da próxima Copa do Mundo que começa em novembro de 2022, câmeras com recurso de inteligência artificial farão esse auxílio nas marcações de campo. Será que vai dar certo? Ou teremos um índice de erros ainda maior em lances polêmicos ou cruciais?

 

 

 

A IA vai ajudar nos lances de impedimento

O sistema que a FIFA vai utilizar na Copa do Mundo do Catar é semiautomatizado, trabalhando com diferentes elementos de forma simultânea para determinar o melhor posicionamento da bola em função da ação do jogo. O conjunto é composto por um sensor na bola que transmite a sua posição em tempo real, com uma precisão de nada menos que 500 vezes por segundo, trabalhando com 12 câmeras de monitoramento montadas abaixo do teto dos estádios.

Essas câmeras contam com um sistema de aprendizagem automática para rastrear cada um dos 29 pontos de detecção que serão instalados no corpo dos jogadores através do vestuário e material esportivo que cada um deles carrega durante as partidas. O software de inteligência artificial vai combinar esses dados para gerar alertas automáticos quando os jogadores estiverem em posição de impedimento durante os jogos.

Os alertas serão enviados para os árbitros a partir de uma sala de controle próxima ao estádio (o VAR), que vão validar a decisão, indicando aos árbitros de campo qual a decisão que deve ser tomada. Ou seja, este é um elemento que existe mais para auxiliar os árbitros do VAR do que necessariamente para interferir diretamente nas partidas com os árbitros de campo: as situações de impedimento vão acontecer, a dúvida será levantada, os árbitros de campo consultam os árbitros de vídeo e, aí sim, o sistema de inteligência artificial vai auxiliar todos os envolvidos na arbitragem do jogo.

Muitas pessoas a essa altura do post já estão preocupadas com um fator que muitos consideram como algo “extremamente irritante” no futebol brasileiro: o tempo que vai levar para a decisão sobre um impedimento ser tomada com o auxílio deste sistema de inteligência artificial.

De acordo com a FIFA, você não precisa se preocupar em ficar o tempo todo olhando no relógio e pensando se vai demorar para essa decisão ser tomada: a promessa é que o processo de informação sobre o impedimento vai levar poucos segundos para ser concluído, o que (em teoria) vai permitir que os árbitros envolvidos possam tomar essa decisão com maior rapidez e precisão.

Os dados gerados pelas câmeras instaladas no teto do estádio e da bola com os sensores também serão utilizados para criar animações automatizadas que podem ser reproduzidas nas telas do estádio e nas transmissões televisivas. O objetivo aqui é deixar bem claro para todos porque o jogador estava em posição de impedimento, oferecendo assim uma maior transparência para as partidas.

 

 

 

Isso vai reduzir as polêmicas nas marcações do VAR?

É difícil dizer em um primeiro momento. Até porque o sistema de inteligência artificial que a FIFA vai adotar só vai cobrir um dos aspectos que o VAR cobre hoje, que é o lance de impedimento. Jogadas de faltas passíveis de cartões, agressões não detectadas pelo árbitro principal e pênaltis não contarão com o recurso de inteligência artificial, e o recurso de árbitro de vídeo ainda vai ter motivos de sobra para ser muito criticado pelos seus detratores.

Por outro lado, se essa nova funcionalidade der certo conforme planejado, revisões de impedimentos em lances de gol serão concluídas em um tempo muito menor, o que pode deixar a partida em si mais rápida e dinâmica. Sem falar que é mais uma solução tecnológica que o futebol vai adotar para deixar o jogo mais justo, apesar das vozes contrárias ao uso desses recursos.

A FIFA introduziu o VAR (ou árbitro assistente de vídeo) na Copa do Mundo FIFA Rússia 2018. Desde então, a relação entre torcedores e essa tecnologia flutua entre o amor e o ódio, já que os lances polêmicos ainda são decididos por olhos humanos diante de uma tela. A introdução da inteligência artificial é mais uma tentativa para tornar as decisões mais justas e ágeis, mas não podemos esperar aqui uma unanimidade de aceitação ou rejeição.

De qualquer forma, não podemos dizer que a FIFA não está tentando deixar o jogo com o menor índice de erros possível. Pierluigi Collina, presidente da Comissão de Árbitros da FIFA, afirmou que o novo sistema permite a tomada de decisões mais rápidas e precisas, algo que todos querem (principalmente os brasileiros, que precisam encarar um VAR que demora vários minutos para tomar uma decisão em campo), mas reforçou que serão os humanos que seguem tomando as principais decisões em campo.

O que, convenhamos, ainda é um problema sério, na opinião dos mais céticos.

Já Gianni Infantino, Presidente da FIFA, afirmou que: “esta tecnologia é o resultado de três anos de pesquisas e testes dedicados a oferecer o melhor para as suas equipes, os jogadores e os fãs (…) e a FIFA está orgulhosa deste trabalho”.

Vamos torcer para que todo este otimismo da FIFA se converta em decisões justas dentro de campo e, se possível, no menor tempo possível. Já basta o futebol brasileiro transformando o VAR em uma grande presepada. Não precisamos disso para o principal evento de futebol do planeta.

Se bem que, no caso do VAR no Brasil, acredito que nem mesmo a inteligência artificial mais poderosa do mundo seria capaz de tornar a revisão das jogadas polêmicas algo mais ágil e mais preciso. Faltam aos que estão envolvidos no futebol um pouco mais de bom senso e até mesmo uma mudança de cultura esportiva para aceitar a tecnologia como um complemento, e não um elemento que “estraga a mística e a tradição do futebol” … com inúmeras decisões injustas ao longo da história.


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