Você está se divertindo na piscina infinita de sua casa de praia (o que, convenhamos, não faz muito sentido, pois tem água pra caramba no mar, e é uma delícia), e decide registrar um vídeo ostentando a sua pseudo-riqueza (pois a casa é alugada).
Tá, vou tentar reduzir a perspectiva para a realidade da maioria dos usuários que vão acessar esse conteúdo: você está assistindo a esse vídeo no banheiro do shopping, esperando a sessão do filme live-action dos Cavaleiros do Zodíaco, sentado no vaso ou em pé diante dele.
E então, o seu lindo smartphone simplesmente cai na água.
E aí? O que você faz?
Tente não se desesperar
Primeiro… tente não gritar, entrar em desespero ou iniciar um processo de parada cardiorrespiratória por conta de um dispositivo eletrônico muito caro. Por mais que o seu cartão de crédito esteja em risco iminente de ter um rombo absurdo, não vale a pena surtar por causa desse tipo de acidente.
Milhões e milhões de pessoas ao redor do mundo deixam os seus igualmente caros smartphones caírem na água, e nem por isso você vê um surto coletivo na Finlândia ou no Japão. Se bem que os japoneses não surtam por qualquer coisa.
Logo, sempre existem soluções que podem eventualmente funcionar para recuperar o dispositivo que decidiu fazer o cosplay de Michael Phelps porque você foi descuidado ou desastrado. Desde o mito do pote de arroz até deixar o telefone secar muito bem e por completo, ainda é possível evitar o pior.
Mas o primeiro passo para começar a respirar de forma um pouco mais tranquila diante do acidente do mergulho do smartphone na água é ter o conhecimento adequado sobre o assunto.
Se você souber se o seu telefone é resistente à água, você elimina as chances de ter um acidente vascular cerebral por causa do pânico diante do mergulho involuntário.
O IP, um conhecido que é desconhecido por muitos
Para quem não sabe, o IP desse tipo de certificação significa Ingress Protection (ou Proteção de Entrada, em livre tradução, ou Grau de Proteção no jargão técnico). E você obteve essa informação de graça, e sem precisar consultar o ChatGPT para obter essa resposta. Até porque eu acabei de fazer isso.
De qualquer forma, a proteção IP é utilizada para avaliar a capacidade dos dispositivos eletrônicos (e aqui, não apenas os smartphones, mas também tablets, notebooks, leitores de livros eletrônicos, gadgets sexuais e basicamente qualquer coisa que conta com um circuito eletrônico e bateria no seu interior) em RESISTIR à entrada de objetos sólidos de pequenas dimensões e líquidos, como são os casos de poeira e água.
E aqui, quero reforçar que existe uma enorme diferença entre um produto que pode RESISTIR à água e outro que é À PROVA D’ÁGUA.
Boa parte dos fabricantes e veículos de mídia insistem em afirmar que os smartphones são à prova d’água, quando na verdade são resistentes à água. Ou seja, suportam um certo nível de imersão, mas não são infalíveis ou completamente imunes.
Tanto, que muitos fabricantes de smartphones não dão cobertura de garantia em casos específicos de imersão dos dispositivos na água. E mesmo que a propaganda dê a entender que você pode mergulhar na piscina com o caro dispositivo, você não vai receber um telefone novo se a mesma água ou o cloro da piscina danificar os componentes internos.
De qualquer forma, a classificação IP é composta por dois números: o primeiro número indica a resistência aos objetos sólidos, e o segundo número indica a resistência à água.
Com isso em mente, chegou a hora de descobrir se o seu smartphone pode aguentar sem maiores problemas a próxima festa da piscina que, se tudo der certo, você vai participar em alguma temporada futura do De Férias Com o Ex da MTV.
Preste atenção na tal classificação IP
Se você quer saber o quanto o seu telefone aguenta na água, você precisa identificar qual é a proteção IP no site do fabricante ou no manual do usuário do dispositivo. Se você não encontrar esse código em lugar nenhum, é sinal de que esse Moto E que você pagou R$ 700 parcelado nas Casas Bahia não é resistente à água.
Já os smartphones com classificação IP67 são resistentes à água, e podem aguentar imersões por pelo menos 30 minutos, com até 1 metro de profundidade. Os telefones com o código IP68 podem submergir em até 1.5 metros pelo mesmo tempo sem qualquer tipo de danos.
De novo: mesmo que o seu telefone receba uma classificação IP isso não significa que ele estará completamente protegido contra os danos que a água pode causar. Tenha em mente que o seu telefone odeia a água salgada, ou a água em temperaturas elevadas, ou quando esse líquido está combinado com produtos químicos.
Todos esses cenários descritos no parágrafo anterior podem causar danos PERMANENTES ao seu smartphone. Logo, é muito melhor prevenir do que remediar. Até porque, nestes casos, remediar significa “pagar por um telefone novo”.
Algumas recomendações
Eu estou oferecendo conselhos de graça. Logo, faça o favor de prestar a máxima atenção a partir de agora.
Evite expor o seu smartphone em situações de alta pressão na água, como é o caso daquele banho delicioso com chuveiros muito potentes. Isso pode extrapolar as capacidades de um telefone que, em teoria, é à prova d’água, mas que ainda assim pode sofrer danos internos neste tipo de cenário.
Se mesmo assim você decidir dar aquele mergulho com o smartphone para gravar aquele vídeo embaixo d’água para virar viral no TikTok, ao menos feche todos os compartimentos de conexão de componentes para evitar que a água entre por essas vias.
Se o seu telefone estiver molhado, seque o dispositivo com cuidado antes de conectá-lo ao carregador ou a qualquer outro dispositivo.
Por fim, sempre use um case no smartphone que vai fazer companhia para você na praia ou piscina, mesmo que o seu dispositivo conte com uma certificação IP ou resistência à água. Dessa forma, você diminui drasticamente as chances de se decepcionar profundamente com a ilusão vendida pelo fabricante ou vendedor da loja que fala o que você quer ouvir para vender o telefone para você.
Lembre-se sempre disso: eu sou o seu amigo, e o vendedor das Casas Bahia só quer empurrar o telefone para ganhar a comissão da venda.