Fato: a Microsoft nunca superou o PlayStation em nenhuma geração. No Brasil, o Xbox 360 foi sim mais popular que o PlayStation 3 (pelos mais diversos motivos) mas em escala global chegou no máximo próximo, mas sem vencer no volume de vendas.
Aliás, o Xbox 360 sempre foi elogiado como um dos melhores e mais avançados consoles de videogames de sua época, introduzindo arquitetura de shaders unificados pioneira, o Xbox Live Gold e o Game Pass nos formatos que conhecemos hoje e outras inovações.
A batalha entre PlayStation 5 e Xbox Series X/S ainda está em curso, mas o PS5 lidera com uma vantagem significativa. Porém, a recente aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft vai alterar o panorama das futuras gerações de consoles.
O que pode acontecer nos próximos anos?
A compra da Activison Blizzard vai impulsionar os resultados econômicos do Xbox, combinando os ganhos da Microsoft e da Activision Blizzard, superando a Sony em receitas no setor de jogos. Goste você ou não, são duas receitas que estão entrando no mesmo golpe.
Microsoft e Activision Blizzard, juntas, ficariam apenas atrás da gigante Tencent em termos de receitas de jogos. E é claro que a gigante de Redmond vai usar esses números para superar a Sony em receitas dentro do segmento.
Outro aspecto importante é que a aquisição encerraria algumas vantagens da Sony, como o clássico “primeiro no PlayStation” para a franquia Call of Duty. Os japoneses teriam que usar apenas e tão somente o seu catálogo (que ainda é muito bom) para o marketing da exclusividade, sem se beneficiar de um dos games mais populares do mercado.
Na prática, todas as plataformas compatíveis teriam condições iguais com Call of Duty, eliminando otimizações preferenciais para o PlayStation. E a Microsoft pode faturar muito com isso, já que oferecer o jogo de forma mais ampla significa um aumento imediato nas vendas.
Com o tempo, a perda da posição vantajosa prejudicaria a imagem da Sony, impactando seu status comparativo com o Xbox. E a liderança de hoje pode sim estar ameaçada quando olhamos para um cenário a médio e longo prazos.
A Carta na manga da Microsoft
A Microsoft possui uma estratégia para incentivar o desenvolvimento de novas franquias e jogos exclusivos para o Xbox, com base nas IPs da Blizzard. E esse é outro motivo para que a gigante de Redmond investisse nada menos que US$ 76 bilhões nessa aquisição.
Novos jogos podem se tornar exclusivos de Xbox e PC, consolidando a posição da Microsoft dentro do segmento. E a produção desses títulos aconteceria com um custo relativamente baixo e se aproveitando de uma expertise que já está pronta.
Muitos não pensaram nesses aspectos, mas é quase certo que algumas mentes na Sony tiveram esses pesadelos que estou compartilhando. Tanto, que a briga nos tribunais para impedir essa compra foi enorme.
A compra da Activision Blizzard coloca a Microsoft em uma posição favorável para reverter a histórica derrota do Xbox para a PlayStation. Mesmo assim, a gigante de Redmond precisa se aproveitar disso para agora investir em desenvolvimentos exclusivos convincentes para atrair usuários para a sua plataforma de videogames.
Incentivar o desenvolvimento de novas franquias deve ser uma prioridade para persuadir os consumidores a escolher o Xbox em vez do PlayStation. E todo o sucesso dessa empreitada vai depender do esforço contínuo para ganhar a preferência do consumidor com títulos novos e de qualidade.
A Sony vai precisar responder a tudo isso se quiser permanecer no jogo. Por enquanto, a posição do PlayStation ainda é confortável. Mas as sementes (ou bombas, dependendo do ponto de vista) para o futuro foram plantadas.
E nesse momento, a gigante de Redmond está armada até os dentes. Ou com o plantio pleno.