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Como a “bolha da internet” estourou

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Como uma bolha estoura?

Você nem se deu conta disso, mas já fez 24 anos que a bolsa eletrônica da NASDAQ alcançou a máxima histórica de 5.048,62 pontos, o que resultou no estouro da bolha da internet três dias depois.

Um vídeo do canal The Plain Bagel explica como isso aconteceu em cinco minutos, e acredito que vale a pena revisar essa história, só para entender como era a dinâmica da época, e quais são as lições que esse episódio deixou para a internet do presente..

 

Quando tudo isso aqui era mato

No início de 1993, apenas 2,3% da população dos EUA estava conectada à Internet, e o Brasil sequer sabia direito o que era a World Wide Web. Mas tudo aconteceu muito rápido, e por causa de uma série de fatores combinados.

Em janeiro de 1993, foi lançada a primeira versão beta do navegador Mosaic, e em abril estreou sua versão 1.0. Por causa dele, o tráfego na web saltou 1.000%, mostrando todo o potencial da internet junto ao grande público.

Ao mesmo tempo, as taxas de juros nos Estados Unidos estavam em seu ponto mais baixo desde a década de 1970. Logo, todo mundo pensou ao mesmo tempo em transformar a rede mundial de computadores em um novo espaço para negócios.

Afinal de contas… mundo capitalista. Você bem sabe como é.

Foi tudo muito rápido.

O vídeo explica que a verdadeira corrida do ouro na web se materializou em 9 de agosto de 1995, quando a Netscape Communications Corporation teve sua oferta pública inicial.

A Netscape já havia tomado uma boa parte do mercado que era da Mosaic, mas o mercado lhe deu um suporte sem precedentes ao fazer o preço de suas ações disparar de forma quase descontrolada.

Só no primeiro dia na NASDAQ, a Netscape passou de US$ 28 por ação para mais de US$ 58 (equivalente a uma capitalização de US$ 2,7 bilhões). E quando isso aconteceu, muitas pessoas começaram a pensar: “eu estou perdendo dinheiro por não entrar logo neste jogo”.

 

O efeito “eu também”

Com muitas pessoas pensando a mesma coisa sobre o dinheiro que deixava de ganhar com a Netscape e com outras marcas de internet que estavam apenas nascendo (mas não consolidadas), uma reação em cadeia apareceu: o efeito “eu também”.

Era como uma droga.

Os investidores colocam dinheiro em todas as coisas que contam com um domínio “ponto com” no final, adotando a estratégia do “gastar muito dinheiro primeiro para expandir esse negócio, e os lucros virão depois”.

Essa visão foi alimentada pelo próprio setor bancário norte-americano (lembra das tais taxas de juros baixas?), e praticamente tudo começou a se relacionar com a internet de alguma forma. Inclusive negócios no mundo físico que não tinham absolutamente nada a ver com a rede mundial de computadores.

Publicidade, complexos de escritórios, bônus, festas, férias, mascotes feitos com meias (sem brincadeira), ofertas públicas sem produtos. Tudo que de alguma forma se relacionava com o mundo “ponto com” crescia de forma desenfreada e a todo custo.

Em 1999, o valor da NASDAQ Composite dobrou. As empresas de telefonia entraram no campo de batalha, investindo milhões em infraestrutura para redes de internet móvel e residencial.

Tudo bem, no meio do caminho tinha o Y2K (conhecido no Brasil como “bug do milênio”), e isso assustou muita gente. Por outro lado, esse mesmo fenômeno estimulou a venda de novos hardwares, movimentando ainda mais o setor de tecnologia de consumo.

Uma hora, essa pressão toda na bolha iria estourar, já que o crescimento era desordenado.

E o BUM chegou.

 

Como a bolha da internet estourou

Em 10 de março de 2000, a NASDAQ Composite registrou 5.048,62 pontos, um crescimento de 529% em apenas cinco anos.

Era o limite.

Rumores de possíveis mudanças na política monetária dos EUA já estavam gerando pressão por conta própria no mercado de ações, mas em 13 de março a bomba caiu: o Japão havia entrado em recessão novamente.

O eBay e o Yahoo! abandonaram seus planos de fusão. As acusações de práticas monopolistas contra a Microsoft foram se multiplicando, criando ainda mais ruído. Em abril daquele ano, a situação passou de “Mamma Mia” para “Red Wedding”, com a Nasdaq perdendo 25% de seu valor de mercado acumulado em apenas uma semana.

Um dos exemplos mais emblemáticos de como essa bolha explodiu da forma mais barulhenta possível é o caso da Pets.com.

Em novembro de 2000, a Pets.com virou poeira no estalo do Thanos apenas nove meses após sua oferta pública ser anunciada. Mais de US$ 1,7 bilhão simplesmente desapareceram, e o site como originalmente foi concebido desapareceu junto com o dinheiro.

Em março de 2001, a recessão atingiu os Estados Unidos. Os atentados de 11 de setembro aceleram a queda financeira do país. E boa parte do segmento “ponto com” sentiu o baque de forma dramática.

A Enron explodiu em outubro de 2001, a WorldCom faz o mesmo em junho de 2002 e a Adelphia segue o mesmo caminho um mês depois.

Em outubro de 2002, a NASDAQ atingiu seu fundo do poço, registrando 1.114,11 pontos e perdendo 78% do seu máximo valor de mercado. Foram necessários nada menos que 15 longos anos para que a bolsa eletrônica dos Estados Unidos recuperasse o mesmo índice antes da bolha estourar.

Só os fortes sobreviveram ao processo. Empresas como Google, eBay e Amazon se tornaram titãs na internet, mas a grande maioria das marcas desapareceu ou caiu na irrelevância.

Hoje, a NASDAQ Composite ultrapassou a barreira dos 16.000 pontos, alimentado pelo hype da inteligência artificial… que não sabemos se veio para ficar ou até quando vai durar.

Só espero que todos os envolvidos no estouro da bolha de 2000 tenham aprendido as amargas lições deixadas por essa experiência.


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