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A morte lenta dos smartphones compactos

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Em 2020, já havia uma preocupação pela sobrevivência e defesa dos smartphones compactos. Naquela época, quase todos os modelos do mercado que priorizavam a portabilidade e um melhor manejar do dispositivo estavam gradualmente desaparecendo do mercado.

Esse cenário era particularmente evidente no mundo dos dispositivos Android, onde a regra já era ter telefones que ultrapassavam com folga as 6 polegadas. Especialmente para aqueles que aspiravam algo além telefones de entrada ou mais econômicos, com as opções se tornando cada vez mais escassas.

Em meio a esse contexto, dois modelos se destacaram durante os três anos seguintes: o iPhone mini, que resistiu por duas gerações, e o ASUS Zenfone, que se manteve abaixo do limiar das 6 polegadas.

E chegamos em 2023… e nenhum dos dois conseguiu sobreviver aos efeitos do tempo.

 

Uma transição gradual com uma queda abrupta

 

Entre os clientes da Apple, ainda persistia a demanda por um smartphone compacto. Essa esperança se materializou com o lançamento do iPhone 12 mini em 2020, que contava com uma tela de 5.4 polegadas e, ao mesmo tempo, tinha a mesma potência do modelo base daquele ano.

No entanto, esse modelo encontrou um destino amargo ao se tornar um fracasso comercial. Já naquele mesmo ano de 2020, começaram a surgir relatos que apontavam para o baixo desempenho nas vendas, levando a Apple a considerar a possibilidade de encerrar sua produção.

Um ano depois, o iPhone 13 mini chegou ao mercado, prometendo abordar uma das principais críticas de seu predecessor: a autonomia de bateria. De fato, o novo modelo apresentou melhorias neste aspecto. Mesmo assim, o modelo não conseguiu conquistar os consumidores, ou talvez a decisão pelo desaparecimento dessa linha já estivesse tomada, visto que ela foi excluída do catálogo da Apple em 2022.

Eu cheguei a ter o iPhone 13 mini, e confesso que o produto chamou a minha atenção positivamente. Um dispositivo compacto, potente e muito prático para o uso com uma das mãos ou registro de fotos casuais. Mas até eu reconheço que ele estava bem distante da minha realidade prática na usabilidade, pois eu estava mais do que acostumado com smartphones com telas de grandes dimensões.

Já no caso dos dispositivos ASUS Zenfone, as duas últimas gerações dos telefones da empresa, representados nas séries Zenfone 9 e Zenfone 10, apresentavam propostas convincentes de telefones compactos e potentes. E o histórico da ASUS também mostrava que a marca sempre foi bem comprometida e competitiva em apresentar telefones com telas abaixo das 6 polegadas que eram interessantes e funcionais como dispositivos Android.

Os últimos telefones ASUS Zenfone não eram perfeitos, pois existem relatos de uma espécie de downgrade em sua lente grande angular em relação ao modelo anterior. Mas nem por isso a proposta era considerada totalmente inviável: eram telefones compactos, potentes e com preços chamativos.

Mas seus benefícios não foram suficientes para garantir a sobrevivência dessa família de smartphones do mercado, e a ASUS recentemente anunciou a morte da série Zenfone, deixando os usuários que desejavam telefones potentes e compactos ainda mais órfãos.

 

O desaparecimento gradual dos smartphones compactos

A ascensão dos dispositivos com telas maiores era uma realidade incontestável. O número de smartphones lançados com dimensões inferiores a 15 centímetros totais de altura diminuiu a cada ano, e modelos com essa característica estão se tornando cada vez mais raros.

O que antes era um cenário com mais de 200 modelos anuais em 2016 ou 2017 se reduziu a menos de trinta no ano passado. A tendência continuou em 2023, com apenas quatro modelos compactos apresentados ao mundo nos primeiros oito meses do ano: o Galaxy S23, o ASUS Zenfone 10, o Blackiew N600 e o Nokia 106, sendo este último um telefone básico.

Nem mesmo a Sony, que sempre foi defensora dos smartphones com dimensões compactas com hardware potente, apresentou um dispositivo com essas características para atender a demanda desse grupo de usuários que, ao que tudo indica, está ficando cada vez menor.

Talvez por nostalgia, limitações de orçamento, facilidade de uso ou simples preferência pessoal, as razões para adquirir um smartphone compacto foram gradualmente perdendo relevância para os fabricantes. O que antes era uma demanda evidente dos consumidores agora parecia ter caído em desuso, deixando de encontrar um espaço no mercado tecnológico.

Quem perde é o consumidor, que deixa de ter uma alternativa de design. Ou quem sabe esse é um grupo de nicho, que não merece mais ser ouvido ou atendido pela indústria de telefonia móvel, o que é algo péssimo de qualquer maneira.

 

O caminho inevitável para telas maiores

Em uma indústria tão voltada para o comércio e consumo, onde cada empresa busca incansavelmente sua fatia do mercado, vemos um desinteresse claro por parte dos fabricantes e dos consumidores em relação aos smartphones compactos.

Tudo isso é um reflexo das tendências atuais, onde plataformas de vídeo, redes móveis aprimoradas e a onipresença de serviços de streaming deram às telas grande um lugar de destaque. Não é apenas um fenômeno comercial, mas também cultural, que reflete a maneira como nós utilizamos nossos dispositivos.

No horizonte, pairava a promessa dos smartphones dobráveis para atender a demanda de quem deseja ter um telefone compacto no bolso. Uma ideia que já se arrastava no mercado por quase cinco anos, mas sem encontrar um ponto de maturidade no formato e com preços que ainda estão elevados para o grande público.

Será que essa promessa finalmente se concretizará? Ou permanecerá à margem das preferências dos consumidores?

Enquanto isso, estamos diante de uma era onde os dispositivos estão cada vez maiores, com alguns modelos ultrapassando até mesmo as 7 polegadas, como nos casos do Lava Z2 Max e Vivo X Note, que servem como prelúdio do que está por vir. A demanda por experiências visuais, a evolução das redes móveis e o advento do vídeo sob demanda moldaram a preferência do público, ditando o rumo do mercado tecnológico.

Ao mesmo tempo, os usuários que gostariam de ter um telefone que não demonstrasse um aparente e descontrolável desejo intenso por aquela mulher que está do outro lado do bar são ignorados e abandonados. A extinção gradual dos smartphones compactos é a prova que o comportamento coletivo pode mudar a ponto de eliminar por si o direito de escolha da minoria, reduzindo as alternativas e deixando o cenário monolítico e unilateral nos aspectos de design.

O que é algo péssimo nos mais diversos aspectos.

Mas como você consumiu esse conteúdo em um telefone com uma tela enorme e não reclamou disso… vamos em frente, pois assim caminha a humanidade.


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