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ASUS “matou” a família de smartphones Zenfone

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Parece que Marcel Campos conseguiu antecipar o futuro. Afinal de contas, sua saída da ASUS está (de alguma forma, ou de várias) diretamente relacionada com a notícia que dá título para esse artigo.

As mudanças no cenário de tecnologia muitas vezes são inevitáveis. A mais recente notícia que ecoa a partir de fontes próximas aos escritórios da ASUS aponta para o fim da divisão de smartphones Zenfone, com a empresa taiwanesa apostando exclusivamente nos telefones segmentados para os games na série ROG.

Fato é que os smartphones, que durante mais de uma década foram os protagonistas indiscutíveis da indústria de consumo, estão gradativamente perdendo sua influência nas mãos do público. Essa transição tem levado empresas a tomarem decisões drásticas, e a ASUS pode fazer parte desse movimento ao encerrar a sua linha smartphones Zenfone.

 

Fim de uma era

Informações vindos diretamente de Taiwan confirmam que a ASUS tomou a decisão de fechar as cortinas sobre sua linha de dispositivos Zenfone. Os funcionários que antes se dedicavam a trabalhar nesse segmento de produto agora encontram um novo abrigo dentro da divisão de smartphones gaming ROG, ou serão alocados em outras divisões da empresa.

Se os rumores forem confirmados, o mundo dos smartphones Android sofrerá um golpe, visto que os Zenfone da ASUS preenchiam uma lacuna que muitas outras marcas já haviam abandonado: a dos smartphones compactos.

A decisão da ASUS confirma também que o movimento da Apple em acabar com o iPhone Mini não estava tão equivocado quanto alguns críticos e especialistas em tecnologia (eu, inclusive) afirmavam. Está ficando cada vez mais claro que a grande maioria dos usuários prefere mesmo telefones com telas grandes, e os dispositivos pequenos se tornaram produtos de nicho.

Sem falar que o próprio mercado abraçou uma alternativa para quem quer um telefone mais compacto para levar no bolso durante a rotina diária: os smartphones com tela flexível e dobrável em formato flip, que cumprem com esse papel e entregam uma margem de lucro maior para os fabricantes.

Além disso, em um cenário onde os smartphones já não reinam soberanos como a referência tecnológica definitiva, essa mudança de direção era quase inevitável. Com praticamente todo mundo possuindo um desses dispositivos em seus bolsos, a necessidade de constantes atualizações perdeu espaço.

A gama diversificada de modelos potentes, acessíveis e confiáveis eliminou a urgência em trocar de smartphone a cada ano, ou até com mais frequência. Logo, a tendência é que o volume de lançamentos anuais seja cada vez menor, até mesmo para melhorar a relação custo-benefício para as marcas.

Se os clientes não vão comprar smartphones todos os anos (porque os preços estão elevados e os produtos cada vez melhores), não há motivos para lançar diferentes linhas a cada 12 meses. E, no caso específico da ASUS, fica evidente que a linha Zenfone deu o que tinha que dar.

 

Os últimos da era Zenfone

Os olhos se voltam então para as séries Zenfone 9 e Zenfone 10 da ASUS, onde a empresa taiwanesa ousou oferecer smartphones equipados com o que há de mais moderno em termos de hardware, mas em um formato compacto. Uma proposta que desafiava a tendência dos smartphones modernos com telas enormes.

Afinal, nem todos os usuários anseiam por smartphones que poderiam muito bem se passa por tablets, preferindo dispositivos que se encaixem confortavelmente no bolso. Porém, fica evidente que esse grupo de consumidores é muito específico e reduzido, não justificando a existência desse tipo de produto.

Particularmente, sou contrário a essa teoria. Entendo que todos os grupos de usuários precisam ser representados no mercado, e mesmo que as vendas sejam residuais, é melhor que aqueles que preferem um smartphone com tela compacta contem com alguma opção do que não contarem com qualquer tipo de alternativa.

E no caso específico dos usuários brasileiros, as opções se tornam praticamente nulas, já que a Sony, uma das poucas marcas que ainda oferecem smartphones compactos e potentes, desistiu do Brasil porque “ficou com medinho”.

Os Zenfone da ASUS se tornaram os heróis dessa história, preenchendo essa necessidade e conquistando a gratidão de fãs que ansiavam por dispositivos menores, porém sem abrir mão de performance e funcionalidades. É indiscutível, portanto, que o fim dessa família de telefones deixará um vazio perceptível no ecossistema Android.

Embora a ASUS ainda não tenha oficialmente confirmado o encerramento da linha Zenfone, existem indícios que apontam para essa nova realidade iminente. De acordo com informações do Android Authority, a empresa removeu a ferramenta que possibilitava o desbloqueio do bootloader dos telefones dessa série, algo essencial para instalar firmwares personalizados.

Além disso, a exclusão dos firmwares mais antigos desses modelos sugere uma ação de “limpeza”, o que pode ser uma espécie de prelúdio plausível para o fechamento da divisão.

De qualquer forma, não dá para não olhar para essa notícia e não pensar imediatamente no Marcel Campos, o principal responsável por promover a linha Zenfone no mundo. Hoje, nós sabemos que ele deixou a ASUS por também perceber que a direção da empresa para essa linha de produtos estava bem diferente daquilo que ele imaginava que deveria ser.

Eu tive a felicidade de acompanhar mais da metade dessa história de perto, pois recebi para testes e review todos os smartphones da ASUS até o Zenfone 5, e pude constatar como a marca evoluiu com consistência no seu smartphone. É uma pena que essa história chegue ao fim dessa forma, pois é um competidor a menos no segmento de telefones Android.

Mas a ASUS “deve saber o que está fazendo”. Se bem que…

…eu já vi esse filme antes.


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