Inventar alguma coisa não necessariamente pode ser sinônimo de orgulho para algumas pessoas. Por exemplo, o criador do botão de retweet (ou RT) não está feliz com a sua criação. Chris Wetherell está profundamente arrependido por ter criado o botão de RT, que tanta dor de cabeça deu para tanta gente nas redes sociais.
Isso fica claro com a frase dita por Wetherell, expressando o seu descontentamento: “foi como entregar uma arma carregada para uma criança de 4 anos”.
O RT visto como uma arma
Wetherell não tem qualquer tipo de problema em blasfemar sobre o seu invento e as suas consequências. Lembrando que ele é o inventor do BOTÃO DO RT, e não do RT em si.
O retweet foi criado na comunidade de usuários do Twitter nos seus primórdios, e isso era feito manualmente com a indicação ReTweet no começo das mensagens para depois distribuir a mensagem entre os sues seguidores. O primeiro RT publicado dessa forma foi feito em 18 de abril de 2007, por Eric Rice.
ReTweet: jmalthus @spin Yes! Web2.0 is about social media, and guess what people like to be social about? Themselves. Social Narcissism
— Eric Rice (@ericrice) April 18, 2007
Meses depois, veio a primeira grande evolução dos RTs: a abreviação do termo com um RT. O primeiro a usar este formato foi o @TDavid.
RT @BreakingNewsOn: "LV Fire Department: No major injuries and the fire on the Monte Carlo west wing contained; east wing nearly contained."
— TDavid (@TDavid) January 25, 2008
Mas foi apenas em 2009 que Wetherell desenvolveu o botão que automatiza o processo, e que seria a fonte de polêmica anos depois. Ele dirigiu o time que criou o botão, e o Twitter hoje não é nada sem ele. Uma década depois, e agora sabemos que o seu criador sugeriu o fim do botão.
Wetherell entende que essa ferramenta possui um multiplicador de força que outras funções não contam, e aqui está o seu primeiro erro: uma mensagem irrelevante pode se tornar relevante rapidamente. E na era das fake news e mensagens ofensivas, o RT tem o poder de uma arma.
Some isso ao fato de uma pessoa renegar a informação, compartilhando a mensagem baseada no título. Isso faz com que os outros usuários sejam mais suscetíveis a ignorar o link e compartilhar apenas o título, inclusive quando a informação é falsa.
Wetherell nunca pensou no conteúdo que seria compartilhado, assim como as situações perigosas nas redes sociais. Especialmente aos danos na reputação de uma pessoa. O rápido compartilhamento pode destruir a imagem de alguém rapidamente, e muito mais rápido que a pessoa possa se defender.
O Twitter pode mudar as coisas
Jack Dorsey, CEO do Twitter, pensa em formas de mudar isso, onde é possível realizar o RT sem gerar esses problemas. Entre suas considerações, estão o retweet e a menção com retweet.
Mudar isso leva muito tempo, pois são mudanças profundas no Twitter, que implicam no reaprendizado do uso do recurso. Logo, tais mudanças vão demorar a aparecer.
E não é a primeira vez que o Twitter adota mudanças desse tipo: a eliminação do RT para “melhorar a saúde das conversas” é algo considerado. Por enquanto, o RT não morre, mas no futuro… pode acontecer.
Vale lembrar que o WhatsApp sofre do mesmo problema, e limitou o re-envio de mensagens para reduzir a difusão das fake news. E o Instagram eliminou a exibição do número de likes para evitar condicionar os conteúdos aos números, deixando a interação mais espontânea.
Não é loucura pensar em um futuro Twitter sem favoritos ou RTs. Resya saber se a mudança pode resolver esse problema que, em alguns casos, é bem sério.
Via BuzzFeed News