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Os prós e contras de smartphones com menos câmeras

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Em um passado não muito distante, a Nokia e outros fabricantes de smartphones encheram a parte traseira dos dispositivos de sensores fotográficos, causando arrepios naqueles usuários que sempre desejaram ter uma estética mais limpa para o telefone.

Esse exagero na quantidade de sensores era explicado pela necessidade em oferecer uma maior versatilidade fotográfica para os usuários. Em teoria, você poderia registrar fotos em diferentes cenários e situações. Tudo bem, a prática ficou bem longe da teoria na maioria dos casos, mas ao menos os fabricantes tentaram.

Nos últimos anos, isso mudou. Agora, temos menos sensores de câmeras, e isso tem prós e contras. E neste artigo, vamos analisar os dois lados da moeda, e as implicações dessas mudanças para o futuro da fotografia móvel.

 

Uma questão de custo-benefício

A análise da Counterpoint Research revela que, neste momento, cerca de metade dos novos smartphones apresentam câmeras traseiras com dois sensores ou menos, confirmando a tendência de redução no número de câmeras em relação aos anos anteriores.

O principal motivo para tal mudança acontecer é a melhor relação custo-benefício, já que os fabricantes buscam otimizar a produção e o desempenho dos seus dispositivos.

O mais engraçado disso tudo é que o consumidor não recebe smartphones menos caros. Pelo contrário: um telefone de linha média com dois sensores fotográficos está bem mais caro neste momento, e você que pague o preço que o fabricante está cobrando.

Tudo bem, eu entendo que não são apenas os sensores fotográficos os responsáveis pelos preços mais caros. Processadores melhores, memórias mais caras e a cor Pantone do ano também ajudam a explicar os elevados valores.

Fato é que qualquer componente a mais que você coloca em um dispositivo de tecnologia vai fazer com que ele chegue ao mercado mais caro. E sensores de câmeras custam dinheiro, tal e como qualquer outro componente do telefone.

Por outro lado, o avanço tecnológico no setor de fotografia móvel é algo notável. Hoje, qualquer smartphone de entrada que preste (e eu não estou falando do Galaxy A05, obviamente) conta hoje com uma câmera traseira principal com, pelo menos 50 MP.

Não faz muito tempo que um sensor de 48 MP era o padrão de telefones top de linha, e os modelos de entrada que se contentassem com câmeras de 8 MP ou 12 MP. Isso mostra a evolução e a redução dos custos de fabricação neste aspecto.

Sem falar que são sensores tecnicamente melhores, que podem registrar fotos com maior qualidade em diferentes cenários.

Logo, não faz muito sentido integrar tantas câmeras na parte traseira se dois ou três sensores fotográficos podem fazer bem o serviço na maioria dos cenários que usuário vai explorar.

 

Câmeras triplas ainda são dominantes

Se metade dos smartphones que chegam ao mercado neste momento contam com dois sensores fotográficos, isso significa que a outra metade ainda recebe três câmeras na parte traseira dos dispositivos.

De forma até óbvia, o design mais comum agora é o de câmeras triplas, presente em aproximadamente 50% dos lançamentos até novembro de 2023.

Modelos como o iPhone 15 Pro e o Samsung Galaxy S24 adotam essa configuração, que oferece um equilíbrio entre qualidade e variedade de cenários e situações. E isso, para muitos, é considerado o limite do aceitável para a maioria dos usuários.

Geralmente as câmeras triplas incluem uma lente principal, uma lente ultra-wide e uma lente telefoto, permitindo capturar diferentes tipos de cenas com boa resolução e nitidez.

E isso é o máximo que a esmagadora maioria dos usuários vai precisar no dia a dia para registrar fotos. Não mais do que isso. E quem precisa de ajustes mais avançados ou que vai fotografar cenários muito específicos, que procure uma câmera semi-profissional ou profissional.

Ou que compre logo um Xiaomi 12S Ultra para ser feliz.

A maioria dos usuários de smartphones só quer tirara a foto do lanche do McDonald’s na praça de alimentação, do neto brincando no parque ou daquele pôr do sol para dizer que está falsamente aplaudindo a natureza no final do dia.

Praticamente ninguém utiliza os ajustes avançados do aplicativo de câmera do smartphone, muito em parte por culpa dos fabricantes que não ensinam os proprietários a utilizar os recursos presentes nos caros dispositivos.

Logo, ter mais do que três sensores fotográficos é um exagero. Certo?

Calma, meu jovem. Estamos apenas desenvolvendo uma conversa aqui.

 

As câmeras quádruplas foi uma moda passageira?

Dá para dizer que sim… em partes.

As câmeras traseiras quádruplas, que eram populares em 2020, agora representam menos de 10% dos lançamentos de 2023. Mesmo em flagships como o Samsung Galaxy S24 Ultra, essa configuração se tornou menos comum.

Isso pode ser explicado pela baixa utilidade das lentes adicionais, que muitas vezes eram dedicadas a funções como macro ou profundidade, mas que não apresentavam uma qualidade satisfatória.

E isso é um fato. Nos últimos anos, o sensor principal das câmeras de smartphones se tornou tão completo e competente, que ele pode atuar muito bem como câmera macro. O próprio iPhone nos últimos anos mostra que isso é possível.

Além disso, as câmeras quádruplas aumentavam o peso e a espessura dos smartphones, comprometendo a ergonomia e a estética. E eu não vou sentir falta alguma de ter um telefone mais grosso na parte frontal da calça para enganar as senhoras do baile da melhor idade, fingindo que estou feliz em ver elas naquele vestidinho vermelho colado no corpo.

É como eu disse um pouco antes: sensores macro e de profundidade são subutilizados pela maioria dos usuários, e são dispensáveis em telefones de entrada e linha média. E questionáveis nos tops de linha ou premium.

Na esmagadora maioria dos smartphones, eram sensores que estavam lá apenas para constar. Ou para deixar os telefones mais caros mesmo.

Se bem que…

 

Perdeu funções, e ficou mais caro

A redução no número de câmeras pode ser uma má notícia para os consumidores por dois motivos:

  1. a perda de funcionalidades específicas, como macro e zoom;
  2. e o aumento nos preços dos smartphones, contrariando a expectativa de redução de custos.

E você nem pode dizer que eu não sabia disso, pois cantei essa bola um pouco antes. É você que não presta atenção em nada do que digo, e eu acho isso péssimo de sua parte.

De fato, alguns usuários podem sentir falta de recursos que antes estavam disponíveis em modelos mais baratos ou antigos, como a capacidade de tirar fotos em close-up ou com zoom óptico. E aqui, tudo o que eu posso dizer é: pague pelo preço para ter esses recursos mais avançados DE VERDADE, e não pelo placebo que os fabricantes entregavam nos telefones.

Os fabricantes aproveitaram a diminuição nas câmeras para aumentar as margens de lucro dos seus produtos, cobrando mais caro por recursos que antes eram considerados padrão.

E aqui, reclame com aqueles que amam o capitalismo selvagem, pois esse é o efeito colateral mais imediato da prática predatória de ganhar dinheiro a todo custo.

Neste aspecto, a Apple é a única que se salva. O iPhone teve apenas um sensor de câmera traseira durante muitos anos. Depois, deu o salto para os dois sensores, o que foi normalizado em todos os modelos. Agora, os telefones da série iPhone Pro contam com três sensores, mas o iPhone base mantém os dois sensores.

De forma correta ou por linhas tortas, o smartphone da Apple foi o único que não reduziu o número de sensores fotográficos nos smartphones. E sempre entregou câmeras melhores a cada nova geração do telefone.

Quem poderia imaginar isso? #contémironia

 

Lentes melhores e em telefones mais baratos

Eu também falei sobre isso um pouco antes, mas vale a pena reforçar.

Nem tudo são espinhos com a redução do número de câmeras nos smartphones. A qualidade das fotos não é apenas determinada pelo número de sensores, e a melhoria na qualidade das lentes disponíveis compensa a redução na variedade.

Como eu disse antes, qualquer telefone que presta hoje possui um sensor principal de câmera traseira com, pelo menos 50 MP. E quando esses sensores trabalham com processadores mais potentes e software mais habilitado para o pós processamento de imagem, o resultado final das fotos tende a ser mais promissor.

Na prática, você não precisa comprar um telefone top de linha para registrar fotos de qualidade para as redes sociais. Um telefone de linha média pode ser mais do que suficiente para essa tarefa.

As lentes ultra-wide atuais são capazes de capturar imagens com menos distorção e mais detalhes do que as gerações anteriores. E com a democratização da fotografia computacional, algoritmos de imagem avançados estão presentes em smartphones de diversas faixas de preço.

Com isso, recursos como modo macro e zoom de qualidade estão presentes mesmo em dispositivos sem sensores específicos ou mais baratos, incluindo alguns modelos de entrada…

…que não respondem pelo nome Galaxy A05 (desculpa, Samsung… isso aqui é um tiro no pé desnecessário).

 

Uma visão para o futuro

A redução de sensores redundantes contribui para a produção de smartphones mais acessíveis e sustentáveis, eliminando componentes de baixa qualidade que anteriormente poderiam prejudicar as fotos finais.

E acredito que esse é o principal benefício que a maioria dos usuários pode obter com esse fenômeno da redução de sensores fotográficos no smartphone. Menos câmeras, mas de boa qualidade para registrar imagens melhores.

E está tudo certo.

Esse aspecto da telefonia móvel se beneficiou diretamente da fotografia computacional, que abre novas possibilidades para a criatividade e a inovação para o registro de fotos e vídeos em um smartphone.

Hoje, os usuários estão entregando fotos casuais com qualidade de câmeras profissionais. E os profissionais de imagem estão utilizando os smartphones mais potentes para produzir materiais com resultados próximos aos de câmeras profissionais dedicadas.

Essa praticidade que o smartphone oferece, combinado à melhor relação custo-benefício resultam em um futuro em que a grande maioria vai assimilar e absorver tais mudanças naturalmente. E a necessidade de um número maior de sensores no telefone simplesmente vai desaparecer.

Temos aqui uma ótima oportunidade para aprimorar a experiência dos usuários e o desenvolvimento do mercado. Basta os fabricantes trabalharem direito e, se possível serem menos gananciosos nos valores dos dispositivos.


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