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O Apple Vision Pro… é mesmo tudo isso?

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Que a Apple quer reinventar o segmento de realidade mista, isso ficou bem claro com a apresentação do Apple Vision Pro. Mas… será que vai conseguir alcançar esse objetivo?

A apresentação do seu dispositivo dentro desse segmento chamou a atenção de todos, com uma proposta que foi além das expectativas. A combinação de hardware e software acontece em um nível superior, e todas as imagens revelam uma experiência de realidade aumentada que é inédita e impressionante.

Para entender se a Apple realmente é capaz de tomar de assalto o setor de realidade mista, precisamos entender alguns detalhes dessa proposta. E desde já, eu digo: se conseguir entregar metade do que prometeu, a gigante de Mountain View tem tudo para mais uma vez reinventar o mundo da tecnologia como conhecemos.

 

Visão geral do visionOS

Para compreender melhor o Apple Vision Pro, precisamos conhecer o básico sobre o seu sistema operacional, o visionOS.

Essa plataforma foi projetada especificamente para a realidade aumentada e oferece uma interface intuitiva e familiar aos usuários do ecossistema da Apple. Os ícones dos aplicativos são apresentados de forma flutuante e não obstruem completamente a visão do mundo real, permitindo que os usuários vejam simultaneamente o conteúdo virtual e o ambiente ao seu redor.

Essa preocupação da Apple em manter a consciência do usuário em relação ao entorno é um diferencial muito importante em relação aos seus concorrentes, e pode marcar no futuro a possibilidade de recebermos uma experiência de uso mais próxima do “padrão Minority Report”. E eu gosto de usar esse termo, pois a proposta realidade mista apresentada no filme protagonizado por Tom Cruise é aquela que melhor expressa o que poderia ser o futuro dessa tecnologia em nossa realidade prática.

Mas quero falar um pouco mais dessa experiência que o Apple Vision Pro propõe mais adiante neste artigo. Em um primeiro momento, vamos nos limitar a falar sobre o sistema operacional em si.

 

A interação do usuário com o visionOS

Diferente de outros sistemas de realidade aumentada, o visionOS utiliza o reconhecimento de movimentos das mãos, capturados por suas câmeras, como principal forma de interação com os aplicativos. Isso significa que os usuários podem utilizar gestos naturais para realizar tarefas, como digitar em um teclado virtual, controlar um slider ou ativar interruptores, de acordo com as necessidades de cada aplicativo.

Dessa forma, a curva de aprendizado do usuário com o Apple Vision Pro tende a ser menor, já que não é necessário aprender movimentos mais complexos ou usar dispositivos complementares. Não que eles não existam, já que o dispositivo foi projetado para o uso em diferentes campos, desde o desenvolvimento de tecnologias completas até os jogos de videogame mais imersivos.

E por falar na imersão no entretenimento…

Uma das características mais interessantes do Apple Vision Pro e do visionOS é a sua capacidade de se adaptar a diferentes tipos de conteúdo. Os usuários poderão desfrutar de experiências de entretenimento imersivas, como assistir a filmes e séries em uma tela virtual de tamanho personalizável.

Por exemplo, imagine assistir a “The Mandalorian” ou “Ted Lasso” em uma tela enorme, enquanto ainda é capaz de ver o ambiente ao seu redor, mas sempre recebendo informações sobre as duas séries, em uma interface customizada ou personalizada. Os eventos esportivos recebem estatísticas e replays em cenários interativos, e as estatísticas serão exibidas ao lado do jogador, tal e como acontece hoje em jogos de videogames modernos.

Além disso, será possível desfrutar de filmes em 3D, criando uma experiência ainda mais envolvente.

 

O suporte para os desenvolvedores é algo fundamental

A Apple garantiu aos usuários que os aplicativos desenvolvidos para iPhone e iPad serão compatíveis com o Apple Vision Pro. Isso significa que os usuários terão acesso a uma ampla variedade de aplicativos já disponíveis no ecossistema da empresa, mas totalmente adaptados para a realidade aumentada.

Para isso, a Apple revelou que os kits de desenvolvimento atualmente disponíveis para iOS, iPadOS e macOS serão compatíveis com o visionOS. Isso facilitará a adaptação dos aplicativos existentes para o novo dispositivo e incentivará os desenvolvedores a explorar todo o potencial da realidade aumentada.

E aqui, temos um enorme desafio para a Apple com o visionOS. Se a gigante de Cupertino realmente conseguiu facilitar o processo de migração e adaptação dos aplicativos disponíveis para a nova plataforma, está dado um enorme “pulo do gato” para o sucesso do Apple Vision Pro.

Afinal de contas, um dos grandes problemas de qualquer plataforma nova que chega ao mercado é a carência de aplicativos, justamente porque os desenvolvedores precisam da vida facilitada para portar ou adaptar suas soluções de software para as novas plataformas.

E agora que eu concluí a parte chata do artigo, vamos passar para os tópicos que seduziram a todos e, ao mesmo tempo, podem ser os principais motivos de decepção dos usuários no futuro.

 

Uma interface simplesmente embasbacante

O Apple Vision Pro apresenta uma interface cuidadosamente projetada, seguindo o estilo elegante característico dos sistemas operacionais da Apple. O destaque é a capacidade de adaptar o tamanho dos menus de acordo com as preferências do usuário.

Tim Cook descreveu o sistema operacional como o primeiro a nos fazer olhar “através” em vez de olhar “para” algo. Essa abordagem propõe uma experiência mais imersiva e natural.

Então… lembra do “padrão Minorty Report” que eu mencionei um pouco antes? É mais ou menos isso aqui.

E não estou dizendo que a Apple está reinventando a roda. De novo: o Google Glass tentou fazer mais ou menos a mesma coisa, mas não da forma como o Apple Vision Pro propõe na sua primeira apresentação. É uma interface que (obviamente) lembra os ecossistemas da Apple, facilitando a vida de quem já está familiarizado com os seus produtos e, ao mesmo tempo, não invasiva com o entorno.

Agora, tenha em mente que estamos apenas na primeira proposta de um conceito que ainda tem margem de crescimento. Imagine quando ele se tornar mais leve, mais independente e mais poderoso.

 

Integração perfeita com o ambiente

Um dos principais diferenciais das Apple Vision Pro é a atenção aos detalhes na integração com o ambiente. Não apenas em termos de profundidade e proximidade, mas também em relação à interação com objetos reais.

Por exemplo, ao posicionar um menu sobre uma mesa, o menu virtual projetará uma sombra na mesa real, proporcionando uma sensação de naturalidade e tornando a interação mais confortável. É como se os elementos virtuais estivessem realmente presentes no mundo físico.

A qualidade da integração dos elementos no Apple Vision Pro depende do que desejamos colocar no ambiente. No entanto, a apresentação transmitiu um nível de precisão impressionante.

Imagine trabalhar em um teclado real enquanto visualiza interfaces de e-mail e apresentação sobrepostas. Essa experiência promete ser incrivelmente precisa e refinada. A Apple mais uma vez demonstra sua habilidade em combinar tecnologia e design para criar uma experiência excepcional.

Isso pode parecer uma grande bobagem, mas na prática revela a riqueza de detalhes que a Apple coloca já nessa primeira versão do visionOS e do Apple Vision Pro. E é difícil encontrar esse nível de excelência em outras propostas.

 

Um passo além da realidade aumentada

A Apple quer que o Vision Pro alcance um passo além do que está estabelecido como realidade aumentada, mergulhando no conceito de realidade mista.

Isso significa que a parte virtual da experiência tem uma importância significativa, e não apenas uma função complementar para o conceito. Com a função “Environments”, é possível criar um espaço virtual maior do que a própria sala em que estamos, permitindo a exibição de telas enormes e proporcionando uma sensação imersiva única.

Na prática, a Apple busca oferecer a sensação de estar trabalhando no mundo real, mesmo com elementos virtuais sobrepostos. Reuniões serão mais envolventes e jogos de futebol americano se tornam ainda mais atraentes com esse nível de imersão proposto.

Sim, eu sei… eu pareço um pouco empolgado demais quando falo de tudo isso.

Mas… acredite… eu estou com os dois pés no chão quando olho para tudo o que o Apple Vision Pro apresentou.

 

Será que tudo isso vai dar certo?

A Apple tenta estabelecer um novo padrão para a realidade mista com o Apple Vision Pro e, pelo menos na teoria, alcança esse objetivo.

A interface do visionOS é cuidadosamente projetada, entregando uma integração perfeita com o ambiente e a atenção aos detalhes é elevada. Tudo isso demonstra a dedicação da Apple em proporcionar uma experiência imersiva e natural.

Porém, é meu dever oferecer uma luz de realidade nessa conversa, lembrando que tudo o que a Apple apresentou na WWDC 2023 relacionado com o Apple Vision Pro foi um conceito de um produto que está chegando. Nem foi uma demonstração prática do produto, e sim um trailer de tudo o que ele pode fazer.

Aliás, a Apple fez a mesma coisa para apresentar outros produtos de software durante o keynote inaugural do evento para desenvolvedores. O próprio macOS 14 Sonoma foi exibido por renders. Que dirá o visionOS, que ainda está se preparando para a sua versão final.

Logo, só podemos dizer se o Apple Vision Pro é mesmo uma revolução dentro do segmento de realidade mista quando utilizarmos o produto na prática. Nesse primeiro momento, tudo o que a Apple apresentou é muito bonito. Mas o histórico envolvendo esse tipo de produto já deixou traumas em usuários e até mesmo executivos que prometeram mundos e fundos neste conceito, mas no máximo entregaram um jogo ruim do Nintendo WiiU…

De qualquer forma, dá até para dizer que tudo o que a Apple conseguiu apresentar no visionOS e no Apple Vision Pro era tudo o que Mark Zuckerberg deveria ter feito no seu famigerado metaverso. E o menino Zuck deve estar se mordendo de inveja nesse momento.

As possibilidades apresentadas pela Apple são imensas, desde aprimorar a forma como interagimos com dispositivos até melhorar a produtividade no trabalho. Se essa é a verdadeira revolução da realidade mista, é outra história…

…que começa a ser contada a partir de agora.


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