Após 15 anos de sucesso e uma série de filmes e séries no Universo Cinematográfico da Marvel, muitos fãs podem estar se sentindo sobrecarregados de tanto conteúdo disponibilizado pela Marvel Studios, principalmente durante o período da pandemia.
A narrativa compartilhada do Multiverso trouxe consigo uma complexidade e exigência crescentes. A necessidade de acompanhar várias produções para entender a história em sua totalidade se tornou um problema, afastando até mesmo os fãs mais dedicados. Todo mundo se cansou de ver tantas séries e filmes em sequência.
Além disso, um declínio artístico e criativo em algumas produções recentes juntamente com a repetição de fórmulas e estruturas ajudou a criar esse ambiente de saturação no MCU. E algo precisava ser feito sobre o assunto.
Esse algo tem um nome: Marvel Spotlight.
O que é o Marvel Spotlight
Kevin Feige estava ciente de todos esses problemas, e decidiu mudar as regras do jogo dentro da Marvel Studios.
O trailer da próxima série do MCU para o Disney+ trouxe um sopro de ar fresco para a franquia. ‘Echo’ será a primeira série dentro da plataforma de streaming com classificação para maiores de 18 anos, contando a história de uma vilã de segunda divisão de forma crua, violenta e terrenal, que contrasta com o cenário cósmico das últimas produções.
Essa abordagem mais adulta e visceral faz de ‘Echo’ uma série promissora, marcando o início dessa nova abordagem, chegando ao Disney+ sob o novo selo Marvel Spotlight. As produções com essa marca vão englobar todas as séries e filmes independentes da continuidade do MCU, apresentando uma aproximação de tom mais realista.
Essa manobra pode ser um grande acerto por parte da Marvel Studios. Dessa forma, ela pode atrair de volta uma parte do público que, devido à idade ou ao desencontro narrativo, se afastou gradualmente do Universo Marvel.
Agora, os espectadores poderão desfrutar de mais histórias da Marvel no cenário cotidiano, sem a necessidade de assistir a inúmeras horas de metragem para entender cada referência. Ao mesmo tempo, são histórias que ainda estão conectadas com a grande trama do MCU, uma vez que seus personagens estão atrelados a outros dentro do mesmo universo.
A grande diferença aqui é que você não é obrigado a assistir Hawkeye para compreender as motivações e aspirações da personagem central de ‘Echo’ ou do seu antagonista, o Rei do Crime.
Marvel copiando a DC
A DC já experimentou uma estratégia similar com filmes como ‘The Batman’ e ‘Joker’, que se afastaram das histórias com continuidade em favor de abordagens mais realistas e diretas. Essa mudança de direção resultou em sucesso criativo e financeiro para a Distinguida Competência, restaurando parte do seu prestígio após o conturbado SnyderVerse.
Agora, a Marvel Studios segue o exemplo com o Marvel Spotlight, deixando os fãs ansiosos por ver quais heróis e vilões podem se juntar a essa iniciativa. É claro que temos que esperar a série ir ao ar, mas as primeiras impressões deixadas pelo trailer são excelentes.
Outras produções dentro do MCU podem se beneficiar dessa abordagem de independência do selo Marvel Spotlight. Blade é um desses projetos.
O longa-metragem estrelado por Mahershala Ali tem um orçamento especulado abaixo dos 100 milhões de dólares, o que é considerado pouco quando olhamos para todas as superproduções da Marvel nos últimos anos. Porém, é perfeito para ser adaptado uma classificação para adultos e uma exploração mais profunda de seu enredo.
As possibilidades de crescimento da Marvel Spotlight são grandes, e essa reinvenção do MCU era necessária. Parte do público que começou a ver essas histórias em 2008 com Homem de Ferro cresceu e amadureceu, e agora procura essas narrativas mais adultas e urbanas.
O que é realmente curioso aqui é ver a Marvel copiando aquilo que deu certo na DC que, por outro lado, ainda bate cabeça para construir o seu universo cinematográfico. James Gunn é mais do que competente para reinventar o DCU, mas poderia simplesmente manter aquilo que funciona com personagens tão icônicos.
O problema da DC se chama Warner Bros. Discovery, que mais atrapalha do que ajuda. Separou esses universos, mas sem entender que boa parte desse público sempre gostou de histórias com tons mais sombrios e linguagem adulta.
Mas… vamos ver para onde essas rotas cruzadas vão nos levar. A Marvel Studios não vai abandonar o Multiverso e o tom mais juvenil, mas parece ter entendido que o amadurecimento de sua audiência precisa ser respeitado para seguir expandindo suas produções na TV e nos cinemas.
Será que a DC vai conquistar o público mais jovem com a reinvenção do DCU? Será que os filmes do “universo alternativo adulto” dos seus personagens vão continuar?
Será que vou ter dinheiro para pagar tudo isso?