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Internet contra a nudez: quando sobra moral e falta lógica

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O Google Fotos agora apaga imagens de nudez se você decide compartilhar essas imagens. E não estou falando de enviar para a lixeira ou censurar a foto: ele apaga por completo do dispositivo.

A medida tem como objetivo prevenir o envio de imagem sensível de terceiros, e o mesmo acontece com os vídeos eróticos. O problema é que o app não vai discriminar se o conteúdo é seu ou de terceiros. Tem nudez? Ele vai apagar.

É um tema delicado, mas precisa ser debatido. Há determinados cenários onde essa medida é benéfica. Mas em outras é apenas uma imposição moral exacerbada.

A censura existe, e está em todos os lugares. Inclusive na internet. E ela é necessária para proteger as crianças desse conteúdo. Mas o puritanismo chega a níveis que atacam a intimidade da pessoa de forma inexplicável.

O Google já filtra por si conteúdos adultos, de forma que eles não são exibidos nos resultados, ou os resultados mais explícitos ficam por último. E não estou falando do conteúdo erótico legal ou ‘mais inocente’.

Os filtros se aplicam a todos os tipos de serviços da Google, incluindo o Google Assistente, que alega não saber como te ajudar na busca de resultados de conteúdos adultos. Mais: nem mesmo fala em como ajustar as definições para entregar resultados precisos.

A Apple também é excessivamente puritana, censurando a comercialização em seus produtos e serviços onde mostram nudez. Revistas que abordam o tema também são censuradas.

O Facebook chega a cair na contradição de você não poder subir o que quer na rede social. Sua política (e a do Instagram também) deixa claro que não é permitido o envio de conteúdo sexualmente explícito nas plataformas, mas a imposição alcança as expressões artísticas e obras de arte famosas.

No caso do Facebook, os algoritmos falham miseravelmente. Já o Twitter não impede o envio de imagens, mas proíbe conteúdos mais explícitos, contando com regras mais flexíveis e mais próximas do bom senso.

Pornografia é uma coisa. O corpo humano desnudo é outra. O corpo do ser humano é algo natural em certas condições, e até libertador para algumas pessoas. Mas o Instagram e o Facebook entendem que o corpo humano desnudo é algo vulgar.

Vários foram os casos de censura nas duas plataformas quando a imagem não tinha absolutamente nada de sexual. Isso fez com que campanhas contra a censura perpetrada pelo Facebook e Instagram fossem eliminadas das políticas de uso das plataformas. Como foi o caso da #FreeTheNipple.

A medida do Google Fotos é, basicamente, uma intromissão à nossa privacidade. Se eu quero ter pornografia no meu smartphone, eu tenho. Se eu quero ter sexting ou enviar um nude para a minha rede social, eu deveria ter o direito de fazer isso.

É obrigação das redes sociais criar espaços seguros para quem tem aversão ao conteúdo inapropriado. Mas isso não pode acontecer a ponto de criar uma interferência na vida das pessoas que gostam de tal prática. A Google não tem o direito de eliminar uma foto minha apenas porque considera ter esse direito. O Instagram não pode censurar uma foto apenas porque o corpo naquela foto está mais exposto. Somos seres humanos, e o conteúdo erótico e a nudez é algo natural. E é minha responsabilidade como adulto querer consumir conteúdo sensível. E nenhuma empresa tem o direito de me impedir disso.

O grande problema aqui é a contradição. Nem Facebook, nem Instagram permitem o envio de conteúdo com esta índole, porem, nos Stories, isso é permitido. Já a Google pode impedir a exibição de conteúdos mais relevantes, mas oferece todas as vias para que, de forma consciente, eu encontre com facilidade o conteúdo censurado.

Pode até ser que a medida proteja algumas pessoas, mas pode também criar uma geração com sensibilidade extrema ao conteúdo adulto, com pessoas vivendo em uma bolha que se rompe quando é o mundo que exibe esses conteúdos.

É a censura alcançando níveis absurdos.


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