A Disney do Brasil revelou que o Disney+ e o Star+ serão uma única plataforma de streaming em 2024, encerrando a existência independente do Star+.
A partir do segundo trimestre de 2024, todos os conteúdos do Star+, incluindo os esportes da ESPN, serão transferidos para o Disney+.
Muitos que já pagam caro pelo serviço (ou pelo Combo) estão neste momento com várias dúvidas na cabeça, e eu estou aqui para responder a cada uma delas.
Como e quando vai acabar?
Detalhes sobre alterações nos preços e planos do Disney+ serão divulgados posteriormente. O término do Star+ como plataforma independente está previsto para abril de 2024.
A decisão pelo fim do Star+ no Brasil (de forma específica, pois este não é um serviço global) pode começar a se explicar pela possível baixa adesão ao serviço.
Por mais atraente que seja a proposta do Star+ (com um interessante catálogo de filmes e séries, além dos esportes ao vivo da ESPN), ele não caiu no gosto do consumidor brasileiro.
E o principal motivo para essa baixa popularidade é o mais óbvio do mundo: o Star+ é caro, mesmo com as promoções existentes através das parcerias com outros serviços e plataformas.
Neste momento, é possível assinar Disney+ e Star+ separadamente por R$ 33,90 e R$ 40,90, respectivamente. O Combo+, combinando ambos por R$ 55,90, pode indicar o preço futuro do novo Disney+
Não está claro como a fusão afetará ofertas existentes, como promoções com Globoplay e Mercado Livre, além dos pacotes anuais do Star+ que estão ativos pelos assinantes.
E é fato que a grande maioria que assina o Star+ faz isso através dessas ofertas. E para a Disney, isso (muito provavelmente) é algo pouco rentável. E Bob Iger precisa deixar o Mickey (e os acionistas/investidores) mais ricos.
Se o Star+ era tão bom, por que acabou?
O Star+ inclui os conteúdos mais adultos da Disney, séries do FX, filmes do 20th Century Studios e produções originais do Hulu. Também engloba a ESPN, transmitindo diversas ligas esportivas.
Em teoria, o Star+ é atraente o suficiente para motivar um público que pode pagar um ticket médio mais alto a investir no serviço. Na prática, é uma plataforma segmentada, que vai na contramão do conceito “para toda a família” implementado pela Disney.
E nem mesmo os conteúdos da ESPN foram fortes argumentos para estimular o aumento de assinaturas da plataforma, o que é um sinal claro para a Disney que deixar os canais esportivos apenas no streaming pode ser um enorme tiro no pé.
Enquanto isso, os movimentos de fusão (ou migração, como queira) das duas plataformas já começou, e a grande maioria dos assinantes nem percebeu isso. Até porque a Disney precisa ser silenciosa nesse movimento para não espantar os investidores.
O Disney+ já recebe lançamentos simultâneos com o Star+, como a minissérie A Small Light e a futura superprodução Xógum: A Gloriosa Saga do Japão, que estreia em fevereiro de 2024.
Além disso, em 16 de dezembro, ambos os serviços exibirão ao vivo o último show de Paul McCartney na turnê Got Back, no Brasil. Aqui, nem mesmo o fato do ex-Beatle ser popular em diferentes faixas etárias salva a cara da Disney na intenção de migrar seu público do Star+ para o Disney+.
Não é só no Brasil
O movimento de unificação das plataformas de streaming da Disney é uma tendência global, além de ser uma forma de otimizar as receitas da empresa dentro desse segmento de mercado.
A fusão entre Disney+ e Star+ era especulada a algum tempo e agora será concretizada, e algo similar vai acontecer nos EUA com a fusão entre Disney+ e Hulu.
Para quem não sabe, a Disney adquiriu recentemente os 33% restantes do Hulu (ela já tinha os outros 66%), e agora pode fazer o que quiser com o serviço, incluindo o seu desaparecimento.
Se especulou de forma muito branda a possibilidade da marca Hulu chegar ao Brasil, já que o nome Star+ nunca foi realmente forte ou relevante junto ao público brasileiro.
Porém, a Disney deve consolidar uma estratégia global de marca única para a sua proposta de streaming, mantendo um nome centenário e mundialmente conhecido, e descartando plataformas que não contam com tanto apelo comercial.
Por isso, nos Estados Unidos, a fusão entre Disney+ e Hulu já está em andamento. E o Brasil vai seguir os mesmos passos, eliminando o Star+.
Vamos sentir falta do Star+?
Sinceramente? Não.
Entendo que a fusão atende aos interesses da maioria dos assinantes, tanto na questão financeira quanto na experiência de uso. E aos interesses da própria Disney, obviamente.
Sei que quem só assinava o Star+ (principalmente por causa da ESPN) vai ficar irritado com a minha opinião. Mas reconheço que a relação custo-benefício da plataforma não estava se pagando.
Sem falar que (muito provavelmente) a Disney vai usar do expediente do fim do Star+ para acabar com a divisão de contas no Disney+, algo que Bob Iger já havia anunciado que faria de alguma forma em 2024. Mas isso é assunto para outro artigo.
De forma direta, o Disney+ terá a sua experiência melhorada, tanto no aumento do conteúdo quanto na sua usabilidade direta.
É muito mais fácil localizar conteúdos que estão em um único serviço, e as chances de investimento no Disney+ por ser um serviço de streaming que atende a diferentes perfis é maior.
Além disso, a Disney está agregando um valor ainda maior ao Disney+, para que essa plataforma seja uma competidora de peso para Netflix, Max e outros serviços dentro do segmento.
É discutível a eventual migração de alguns conteúdos para as plataformas concorrentes. Mas as produções originais, as produções clássicas ou mais relevantes (clássicos Disney, Star Wars, Marvel, National Geographic, etc) e os esportes ao vivo da ESPN são ativos que farão do Disney+ um serviço de streaming muito forte.
E, com alguma sorte, o preço do novo Disney+ será o mesmo do Combo+ (Disney+ com Star+), e a maioria nem vai sentir no bolso a fusão. Pelo contrário: vai até agradecer.
Logo, o Star+ desaparece de nossas vidas sem deixar muitas saudades. Sua morte está mais do que explicada.
São apenas negócios.