TargetHD.net | Notícias, Dicas e Reviews de Tecnologia Afinal de contas… o iPhone é “ilegal”? | TargetHD.net Press "Enter" to skip to content
Você está em | Home | Notícias | Afinal de contas… o iPhone é “ilegal”?

Afinal de contas… o iPhone é “ilegal”?

Compartilhe

Eu sei que o termo “ilegal” é meio forte, ainda mais para um produto consolidado como o iPhone. Mas é uma forma de chamar a devida atenção para a gravidade do problema. E… eu deveria colocar a palavra “gravidade” entre aspas também?

Fato é que muitas pessoas sonharam com o dia em que a Apple seria processada nos Estados Unidos por suas práticas comerciais de gosto duvidoso. E o iPhone é o centro das atenções, pois é o ponto central do seu ecossistema de produtos.

E é justamente o ecossistema o elemento principal dessa ação judicial. Assim como é o epicentro da estratégia comercial da Apple. Ou melhor, do “Jardim Murado” que a gigante de Cupertino construiu.

 

O processo contra a Apple nos Estados Unidos

Há um processo em andamento nos Estados Unidos contra a Apple, movido pelo Departamento de Justiça, que alega que a empresa dona do iPhone está executando um belo monopólio com sua estratégia de produtos e serviços.

Muitos interpretam que isso resultará na expulsão da Apple do país ou no banimento do iPhone, do mercado. Mas esse é o típico entendimento de uma pessoa que não entende nada de tecnologia, e só está torcendo para ver o circo pegar fogo.

O cenário é mais complexo do que parece. A Apple entende que tem o direito de fechar o seu ecossistema em nome da segurança e da privacidade dos dados dos usuários. Também alega no pacote que isso é feito para garantir a melhor experiência de uso.

Por outro lado, existe um entendimento implícito nos Estados Unidos para os produtos que você compra que diz mais ou menos o seguinte:

“Uma vez que eu compro o produto, ele é meu, e eu faço com ele o que eu quiser”.

Então… qual dos dois lados está com a razão?

 

O ecossistema fechado da Apple (ou “Jardim Murado”)

A Apple construiu um ecossistema fechado, onde seus dispositivos e serviços funcionam de maneira impecavelmente integrada. E isso determinou o padrão da empresa e dos seus produtos ao longo do tempo.

Um iPad funciona perfeitamente com um iPhone e com o MacBook. O AirPods funciona com todo o seu potencial com o iPhone e o iPad. E o Apple Watch só funciona com o iPhone.

E é essa última parte que chamou a atenção do DOJ, além de despertar a indignação dos proprietários dos produtos da Apple.

Na prática, a gigante de Cupertino criou uma espécie de “exclusividade” que impede a livre concorrência de produtos, que é muito respeitada pelos norte-americanos.

Afinal de contas, é a concorrência que faz a roda da economia girar.

Já os consumidores têm o direito de escolher como usar os produtos que compram, e deveriam poder combinar o seu iPhone com qualquer outro produto de tecnologia da concorrência.

Mas a Apple não pensa dessa forma.

Historicamente, a dona do iPhone sempre impôs restrições sobre como você deve usar o iPhone. Um exemplo clássico disso era o Jailbreak, que muitos entenderam que era direito do usuário desbloquear todo o potencial do telefone que ele pagou caro para usar do jeito que quiser.

Além disso, o controle da Apple se estende ao iMessage, criando uma dinâmica social que exclui quem não possui seus dispositivos. Isso já gera efeitos práticos preocupantes, pois os jovens norte-americanos deixam de fora os usuários do Android nas interações digitais e comunicações online.

É meio ridículo, eu sei. Chega a ponto dos usuários do iPhone entenderem que quem usa o Android é feio e pobre. Mas é um cenário real, por incrível que pareça.

 

A história da tecnologia não ajuda a Apple

É cedo dizer se a Apple vai vencer ou perder o processo contra do DOJ, mas o histórico do mundo da tecnologia não joga a favor dos advogados que estão defendendo o Tim Cook.

Quando olhamos para trás, encontramos o processo histórico contra a Microsoft, que foi acusada de monopólio por pré-instalar apenas o Internet Explorer em seus sistemas operacionais.

A Microsoft não só perdeu o caso, como teve que abrir o Windows para permitir que o usuário instalasse o browser que quisesse logo na primeira configuração do seu sistema operacional.

Esse precedente legal preocupa a Apple e seus investidores, pois essa é a brecha para uma possível intervenção regulatória. E isso pode eventualmente mudar o jogo de tudo. Tanto para o iPhone como para a concorrência.

Além das acusações de monopólio, surgem questões sobre o modelo de negócios da Apple com a sua loja de aplicativos para o iPhone, a App Store.

O maior ponto de discórdia está na participação dos lucros da Apple nas receitas de aplicativos. Hoje, a gigante de Cupertino fica com boa parte do dinheiro de todo o valor arrecadado com as vendas de apps.

Isso motivo a batalha legal com a Epic Games, que criou um app que redirecionava para o download do jogo Fortnite em sua página. A Apple ficou furiosa com a estratégia, baniu o jogo da App Store e o caso foi parar na Justiça dos EUA.

Em primeira instância, a Epic Games venceu a batalha judicial. Tanto, que Fortnite voltou para a App Store. E esse é outro precedente que preocupa (e muito) o pessoal em Cupertino.

Não tenho bola de cristal. Não posso prever o futuro. Mas o passado desperta preocupações para a Apple do presente.

Se o iPhone é ilegal ou não, a Justiça norte-americana vai determinar. Mas uma coisa parece ser certa: o “Jardim Murado” da Apple (muito provavelmente) vai passar por algumas reformas.


Compartilhe