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A geração Millennial sofre de “telefonefobia”

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Eu já passei dos 40, e admito que ainda utilizo muito o smartphone para telefonar para outras pessoas pela via considerada tradicional: o telefone móvel celular. Mas reconheço que a maioria dos usuários mudou os seus hábitos.

Como smartphones viraram computadores de bolso, e outros métodos de comunicação chegaram ao mercado, o giro foi de 180 graus, basicamente.

Desde a popularização dos smartphones, os telefones deixaram de ser meros dispositivos para fazer e receber chamadas e se tornaram ferramentas multifuncionais. E Essa transformação tem impactado significativo, especialmente entre os mais jovens.

E isso está gerando um fenômeno preocupante: o medo dos jovens em atender chamadas telefônicas.

 

Entenda a “telefonefobia” na geração Millennial

Os chamados “telefonefóbicos” experimentam uma ansiedade intensa ao receber ligações, o que pode levar a reações como rejeição, irritação, agitação, falta de ar e até mesmo sudorese.

Embora não haja um consenso absoluto sobre quem são os mais afetados por esse medo, os estudos apontam predominantemente para os jovens, conhecidos como millennials.

O problema é que existem alguns casos registrados entre pessoas de outras faixas etárias, incluindo os baby boomers. O que mostra que o efeito não está restrito à uma geração, e está diretamente relacionado com toda a transformação do uso do dispositivo telefone, que se transformou em smartphone nos últimos anos.

Outros aspectos que estão levando os jovens a sentir medo das chamadas telefônicas:

  • As chamadas são ineficientes quando comparadas a uma simples mensagem.
  • Elas podem causar mais conflitos ou de uma maneira mais direta.
  • Elas sempre chegam no momento mais inoportuno.
  • Elas nos obrigam a interromper outras tarefas e sair da nossa rotina.
  • Uma chamada te força a responder a uma pergunta o mais rápido possível.

 

Olhando para as mudanças de comportamento de forma mais criteriosa

A mudança na forma de comunicação nos últimos anos, com a ascensão das mensagens de texto e aplicativos de chat, é apontada como um dos principais motivos desse medo. Enquanto as chamadas telefônicas são consideradas ineficientes e invasivas, as mensagens permitem uma maior reflexão e controle sobre as respostas.

E isso faz todo o sentido. Quando estamos em uma chamada telefônica, o tempo de raciocínio sobre a resposta que precisamos dar para a outra pessoa é infinitamente menor, aumentando as chances de respostas instantâneas e mais espontâneas. E isso pode ser muito intimidador para várias pessoas, independentemente da geração.

Além disso, as chamadas tendem a chegar em momentos inoportunos, interrompendo tarefas e rotinas diárias. E nesse aspecto, até eu tendo a concordar com isso: como minha rotina de trabalho envolve a concentração para escrever os artigos e editar os vídeos, eu não posso ter muitas pausas no meu processo criativo.

Um fator que intensifica o medo de atender chamadas está nas chamadas não identificadas. Nesses casos, o aumento do spam telefônico é parcialmente culpado, pois nos leva a associar chamadas desconhecidas a tentativas de venda ou incômodos.

O problema é que algumas chamadas telefônicas são importantes, mesmo quando não identificadas. Normalmente atendemos a esse tipo de chamadas porque não sabemos quando um familiar ou amigo mais próximo está em apuros ou precisa de nossa ajuda.

Diante desse receio generalizado, muitas pessoas que sofrem de telefonefobia optam por manter seus smartphones no modo silencioso ou com o modo “não perturbe” ativado. Essas medidas visam evitar que chamadas indesejadas interrompam o dia a dia, permitindo que apenas os contatos favoritos possam entrar em contato a qualquer momento.

De novo, é o meu caso.

Apesar de ainda utilizar o telefone tradicional para falar com as pessoas que são mais próximas de mim, eu mantenho não apenas o smartphone em modo “não perturbe” constantemente, como deixo alguns contatos e todos os meus grupos de WhatsApp no modo silencioso o tempo todo, justamente para evitar distrações e contratempos.

Sem falar no bloqueador de chamadas desconhecidas ou de números que não estão na minha lista de contatos. Mas isso aqui é culpa dos serviços de telemarketing, que são intrusivos e abusivos na insistência em entrar em contato comigo a qualquer momento do dia ou da noite (sim… não existe mais o respeito ao horário comercial para essas empresas…).

 

Telefonar se tornou algo intrusivo?

Essa aversão às chamadas telefônicas tem impactado diretamente a forma como nos comunicamos, principalmente entre os jovens.

Estudos apontam que as chamadas estão gradualmente se tornando secundárias em relação a outras formas de comunicação, como e-mails e mensagens de aplicativos como o WhatsApp. Essas alternativas são preferíveis ao entrar em contato com pessoas desconhecidas, pois evitam interrupções e a possibilidade de incomodar a outra pessoa.

Pelo contato que mantenho de forma mais próxima com alguns jovens que estão nos meus relacionamentos profissionais e pessoais, posso detectar tal comportamento de forma muito clara. Em alguns casos, essa aversão aos telefonemas acontece inclusive com familiares próximos.

A grande maioria dos membros da geração Millennial opta pela comunicação por texto através de mensagens instantâneas via WhatsApp, Instagram ou Telegram. Eu nem diria que os e-mails são utilizados por eles, pois esse meio está mais restrito aos usuários profissionais ou corporativos. E tem muitos que deixam claro que só usam o WhatsApp para a comunicação. Ou estabelecem a conversa de forma presencial.

A telefonefobia entre os jovens nada mais é do que um reflexo da mudança de paradigma na forma de comunicação, em um caminho que é praticamente sem volta.

Os telefones não são mais encarados como dispositivos prioritários para a comunicação, já que os smartphones são multifuncionais. Logo, o ato de telefonar para alguém é apenas mais um recurso dentro de um universo de possibilidades, e não a função mais importante ou o principal motivo para investir em um produto como esse.

Embora as chamadas telefônicas ainda tenham seu valor em certos contextos, é evidente que a preferência por outras formas de comunicação está se consolidando, moldando assim a maneira como nos relacionamos e interagimos com o mundo ao nosso redor.

E essa transformação de hábitos vai continuar. Quem sabe para outros formatos ainda mais diferenciados do que temos hoje.


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