A Microsoft está parecendo uma startup, lançando em escala industrial novos produtos que aproveitam o ChatGPT, ou incorporando a inteligência artificial conversacional em seus produtos existentes ao máximo.
Agora, com a chegada do Windows Copilot, podemos conversar com o nosso computador, de forma tão futurista quanto a ficção científica nos mostra desde ‘2001: Uma Odisseia no Espaço’.
E para quem acha que todas essas mudanças são autênticas revoluções tecnológicas propostas pela Microsoft, é só olhar para trás e perceber que a ideia dos chatbots dominando tudo estava na cabeça de Satya Nadella desde 2016, pelo menos.
“Os bots serão os novos aplicativos”
A Microsoft confiou na Cortana em 100%, mas todos nós sabemos o que aconteceu. Em paralelo a isso, veio o Tay, um bot conversacional que compartilhava conteúdos no Twitter. Era um experimento chamativo e arriscado, que também foi qualificado como um desastre.
E o tal desastre aconteceu basicamente porque o coletivo treinou o Tay para ser um bot racista e negacionista do Holocausto em apenas dois dias. E é irônico pensar que esse chatbot sofreu do mesmo tipo de “jailbreak” que hoje afeta o ChatGPT ou o Bing Chat.
Os dois fracassos (e o sucesso do ChatGPT) mostraram para a Microsoft o caminho a seguir para dessa vez investir pesado no Windows Copilot. E agora, o potencial de acerto é enorme.
A Microsoft não tem nada a perder
Assim como acontece com as nossas vidas, a Microsoft aprendeu com os erros na base das pedradas. Como resultado, tem hoje o Bing Chat como a plataforma que mais rápido cresceu em toda a história da internet.
E isso aconteceu justamente porque não tinha nada a perder ao investir nessa estratégia.
Afinal de contas, o Google dominava o setor de buscas. O que poderia ser pior do que perder de novo para a gigante de Mountain View?
Isso mesmo que você está pensando: absolutamente nada.
O que talvez a gigante de Redmond jamais pensou que poderia acontecer é vencer da forma que está vencendo. O crescimento exponencial do Bing Chat é algo que realmente está tirando o sono do pessoal do Google, que claramente começou a corrida pela nova era dos serviços de busca com chatbots atrás de todo mundo.
E pode perder a corrida, por melhor que o Google Bard seja.
Copilotos a bordo
Agora, a Microsoft dá mais um passo para uma eventual conquista dentro do segmento de chatbots, com o lançamento do Windows Copilot para todos os tipos de seus serviços, atuando no sistema operacional mais utilizado do planeta.
A evolução dos Copilots foi vitaminada. Começou pelo GitHub Copilot em 2021, e já migrou para uma série de plataformas empresariais, incluindo o Microsoft 365 Copilon, que é aquele que está mais próximo da maioria dos usuários.
Para as mentes mais habilidosas, a integração do Copilot no Windows Terminal é algo genial, pois ele pode recomendar comandos, explicar o que acontece quando uma mensagem de erro aparece e até mesmo realizar ações de forma independente.
Mas o passo mais importante da Microsoft nesse sentido é mesmo o Windows Copilot, chatbot conversacional que será integrado ao Windows 11 que vai permitir que o usuário converse com o seu computador. Literalmente.
Com ele, o usuário poderá eliminar dúvidas e solucionar problemas com o equipamento, criar uma dieta ou planificar uma pequena viagem de final de semana, entre outras atividades com um enorme leque de possibilidades.
Tudo isso será possível simplesmente invocando o Windows Copilot na barra de tarefas, ou através do Microsoft Edge, via Bing Chat. Sempre em um formato de conversa com o computador.
A grande dúvida dos mais céticos é: essa enorme quantidade de lançamentos de Copilots da Microsoft… é algo realmente necessário? Ou é um movimento de marketing e, principalmente, uma forma de fazer pressão na concorrência e, principalmente, no Google?
Se a primeira impressão é a que fica, então a Microsoft deixa sim uma primeira boa impressão. Acredito que o Windows Copilot vai fazer cada vez mais sentido para mim com o passar do tempo. Vamos ver se fará sentido para a grande maioria dos usuários, que possui um perfil de uso bem diferente do meu.
Conversar com o computador no lugar de usar o equipamento é algo que sempre visualizamos como possível. E acredito, de verdade, que muitos usuários preferem usar a voz do que ficar digitando por horas e horas.