Quando olhamos para os detalhes, fica fácil concluir por que algumas equipes da Fórmula 1 estão em enormes dificuldades. A performance de alguns carros também é reflexo da ineficiência de algumas organizações.
Em pleno 2024, algumas equipes da Fórmula 1 são muito dependentes do Excel para gerenciar informações sobre seus carros. O grande problema aqui é o enorme volume de dados que essa planilha vai receber (e que os engenheiros precisam manipular).
Um exemplo do que estou falando: em uma entrevista à The Race, James Vowles, o novo chefe da equipe Williams, expressou frustração com a utilização do Excel pela dificuldade de navegação e desorganização ao gerenciar 20.000 peças de um carro de Fórmula 1.
Mas é claro que vai dar errado
O Excel simplesmente não dá conta da complexidade das operações de uma equipe de Fórmula 1, já que ele torna difícil a tarefa de localizar as informações cadastradas, promovendo atrasos no processo de produção e manutenção dos carros.
A dependência do Excel fez com que, em várias oportunidades, os engenheiros da Williams se levantassem da frente do computador para procurar fisicamente pelas peças na fábrica.
A prova que Vowles não está mentindo e que, em uma das temporadas, a Williams sequer conseguiu entregar o carro para os testes de pré-temporada, pois o processo de produção das peças e montagem estava consideravelmente atrasado.
Quem viu as primeiras temporadas de Drive to Survive conhece essa história.
Então… agora podemos dizer que a culpa desse atraso é (também) do Excel.
Não é só a Williams que cometeu esse erro
As equipes de Fórmula 1 que usam o Excel contam com dificuldades para promover a transição para outros sistemas de gerenciamento de dados que são mais avançados. E isso acontece pelos mesmos motivos que o mercadinho do seu bairro ainda usa o Windows 95 para gerenciar o caixa.
É difícil adaptar uma equipe inteira aos novos softwares, e os custos dessa mudança são elevados. Some os dois fatores ao teto orçamentário imposto para a categoria, e temos algumas equipes que vão seguir batendo cabeça com o Excel por mais algum tempo.
A Williams não estava sozinha nessa teimosia com o Excel. A Renault (hoje Alpine) fez exatamente a mesma coisa: deixou o gerenciamento de peças e componentes dos carros de Fórmula 1 para a planilha da Microsoft, e enfrentou as mesmas dificuldades, já que sua folha de cálculos contava com nada menos que 77 mil linhas.
E hoje, veja onde a Alpine está no grid da Fórmula 1. Aliás, agora sabemos que a carreira de Daniel Ricciardo foi frita durante sua passagem na equipe (também) por causa do famigerado Excel.
E todos esses problemas não tornam o Excel uma completa porcaria. Ele ainda é um ótimo software de planilha de cálculos, e será o mais utilizado do mercado por muito tempo.
O ponto aqui é: utilizar o Excel para esse volume absurdo de dados, que sempre vai envolver respostas rápidas na busca por informações e sem recursos avançados de filtragem e gerenciamento desses dados tornam o software obsoleto para a Fórmula 1 atual.
O mundo perfeito pede que cada equipe desenvolva a sua própria solução de software, ou que um aplicativo universal resolvesse a questão.
Mas o mundo da Fórmula 1 passa bem longe de ser perfeito.