No Brasil, tudo é difícil. Você, brasileiro que está lendo esse post nesse momento, sabe muito bem disso. A burocracia, políticos incompetentes e o tal “jeitinho brasileiro” empacam as coisas de uma forma quase inacreditável. Por isso, cada conquista por aqui no campo da tecnologia deve ser celebrada.
E um gigantesco passo foi dado para a implementação do 5G no Brasil. As emissoras de TV e as operadoras de telefonia entraram em um acordo para que os dois serviços convivam em harmonia, já que a nova tecnologia de telefonia móvel e de dados pode provocar interferências com a TV aberta via satélite (aka as 12.5 milhões de parabólicas que sintonizam os canais de banda C no país).
Onde os usuários de parabólica se beneficiam com isso?
A decisão evita que todas as antenas parabólicas em banda C fossem migradas à força para as antenas do tipo banda KU (mini parabólicas no estilo SKY TV), o que elevaria demais o custo da operação, tornando o serviço inviável para o consumidor final (pois exigiria a troca de antenas, filtros e receptores, sem falar na mudança de posicionamento de satélite para a transmissão da programação).
A frequência de 3.5 GHz em leilão na Anatel poderiam interferir na banda C (entre 3.8 GHz e 4.3 GHz), prejudicando as transmissões nas antenas parabólicas, principalmente no interior no Brasil e áreas remotas.
Com o acordo, a TV via satélite permanece na banda C, e a interferência será evitada pelas operadoras, que não utilizam 100 MHz dentro da faixa entre 3.7 GHz e 3.8 GHz.
Mesmo assim, é possível que as parabólicas sejam obrigadas a trocar o filtro LNBF das antenas nas residências, o que é bem menos pior do que trocar a antena inteira. Existe a possibilidade dessa peça ser oferecida pelas operadoras de TV.
Nos próximos meses, serão realizados testes para confirmar se a teoria funciona na prática. Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), Abratel (Associação Brasileira de Rádio e Televisão) e SindiTelebrasil (Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia) emitiram um comunicado em conjunto para anunciar o acordo.
Onde a expansão do 5G no Brasil se beneficia com isso?
Um dos grandes entraves para que o 5G fosse implementado no Brasil de forma ampla era justamente essa possível interferência/conflito de tecnologias. Por mais que eu seja favorável ao fim da parabólica nos aspectos técnicos (pois a qualidade final de imagem e som das antenas em banda KU é muito superior), eu compreendo que a mudança é algo simplesmente inviável nos aspectos econômicos.
A diferença de valores entre todas as mudanças necessárias para a migração da banda C para a Banda KU e a simples troca de um filtro LNBF nas antenas das residências é de nada menos que 94%. E contra esse número, não há muito o que discutir.
Agora, sem esse obstáculo técnico na frente das operadoras, resta esperar que a Anatel faça o seu trabalho, realizando os leilões das frequências e todos os trâmites burocráticos previstos. As operadoras já estão testando o 5G de forma intensa no Brasil, apesar da maioria afirmar que não tem pressa alguma em ver essa tecnologia em ação.
Via Tecnoblog