Já podemos dizer que os usuários de tecnologia odeiam os tablets de um modo geral? Ou que ele se tornou o grande “esquecido no churrasco” do mundo tech, uma vez que as vendas do dispositivo simplesmente despencaram?
Que o tablet foi abandonado pelo usuário, isso é fato consumado. Os números de vendas desse tipo de dispositivo simplesmente despencaram nos últimos meses de 2023. Mas isso não quer dizer que ele é efetivamente odiado. Só que ninguém entende a validade de sua existência no mercado de tecnologia.
E melhor do que criar teorias ou conjecturas, vamos olhar para os números, pois eles são sempre muito reveladores. Inclusive para entender se e porque o mercado de tablets está nessa queda livre.
O tamanho da crise no iPad
O mercado de tablets está em crise, e todo mundo sabe disso. Porém, os números recentes deixam isso mais evidente do que nunca.
Segundo um relatório recente do IDC, as vendas globais desses dispositivos caíram 17,4% no último trimestre de 2023 em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Esse é o quinto trimestre consecutivo de queda nas vendas, mostrando que os consumidores estão perdendo o interesse por tablets. E que aqueles que ainda utilizam o dispositivo, estão ficando com modelos mais antigos por mais tempo.
A Apple, que é líder no mercado de tablets, foi a mais afetada pela queda na demanda. A empresa viu suas vendas diminuírem 29,3% no último trimestre de 2023, o que representa uma perda de quase um terço do seu mercado.
No ano inteiro, a Apple vendeu 19,8% menos tablets do que em 2022, indicando que seus produtos não estão mais atraindo os clientes. E isso ajuda inclusive a justificar a decisão da empresa a não investir em uma nova série de iPads em 2023.
Parece que está claro para todo mundo que os consumidores não estão mais interessados em trocar de iPad a cada ano. E que esse produto pode durar muitos anos nas mãos dos usuários mais exigentes.
Concorrentes da Apple também estão mal…
As concorrentes da Apple também não tiveram um bom desempenho.
A Samsung, segunda colocada no ranking global, teve uma redução de 13,9% nas vendas, enquanto a Lenovo, terceira colocada, registrou uma queda de quase 20%.
Já a Amazon, que costumava ser uma das principais vendedoras de tablets de baixo custo, sofreu um golpe ainda maior, com uma redução de 65,9% nas vendas.
O que explica tudo isso?
O relatório aponta que o principal motivo para o declínio nas vendas de tablets é a falta de inovação.
Enquanto os smartphones e os computadores se beneficiaram da integração da inteligência artificial (IA), que oferece recursos avançados como reconhecimento facial, assistentes virtuais e câmeras inteligentes, os tablets ficaram para trás nessa tendência.
Além disso, os tablets não conseguiram se diferenciar dos laptops, que se tornaram a opção preferida para trabalhar e estudar em casa durante a pandemia. Na verdade, permaneceram um grande “mais do mesmo” que muita gente não gosta.
As perspectivas para o mercado de tablets em 2024 não são animadoras. O relatório prevê que as vendas continuarão caindo, chegando a um total de 110 milhões de unidades vendidas no ano. Isso representa uma queda de mais de 30% em relação a 2022, quando foram vendidos 161,6 milhões de tablets.
É bem fácil concluir que os fabricantes precisam investir em inovação e novas tecnologias para recuperar o interesse do consumidor. Se isso não acontecer, os tablets vão simplesmente desaparecer do mercado.
E começo a desconfiar que poucas pessoas vão realmente sentir falta do dispositivo no dia a dia.