Se você viveu a época dos celulares com bateria removível, sinto em dizer, mas… você é velho. Assim como eu sou.
Você viveu tempo demais para ver a primeira geração da telefonia móvel, e muito provavelmente o seu saudosismo te motive a encher a boca para dizer o famigerado “naquele tempo é que era bom”, com lágrimas nos olhos.
E, de fato, era. Acredite, eu concordo com você.
Olhando para o cenário de momento para os smartphones e, de forma mais específica, para o comportamento da autonomia de bateria, motivos não faltam para que alguns desejem a volta dos smartphones com bateria removível.
Mesmo sabendo que os fabricantes desses dispositivos não vão voltar atrás na decisão em manter os telefones com baterias seladas e não removíveis.
Por que os smartphones não contam com baterias removíveis?
O mundo da tecnologia precisa avançar, mas beleza também importa. E o tempo mostrou que a maioria prefere telefones bonitos à possibilidade de falar por mais tempo ao trocar a bateria.
Antes de avançar no assunto, vale a pena deixar o registro: trocar a bateria do celular ou do smartphone não era uma das coisas mais prazerosas do mundo a se fazer. Todo mundo fazia isso pela necessidade em continuar a DR com a namorada, mas não por vontade própria (nem a troca de bateria, nem a discussão com a mulher que ama).
Mas os motivos dos fabricantes passam longe dos nossos conflitos existenciais nos relacionamentos afetivos. Como eu mencionei um pouco antes, a estética foi um fator importante para determinar a vitória das baterias fixas nos telefones.
A mudança em si do celular para o smartphone também marcou uma mudança estética na telefonia móvel. Os telefones passaram a receber telas maiores, e baterias volumosas deixariam os dispositivos desconfortáveis para o uso ou transporte.
Por isso, baterias mais finas e fixas eram mais seguras e esteticamente mais aceitáveis para a nova proposta de dispositivo, em um design unibody. Aqui, é preciso destacar também a resistência desses telefones, sem falar nas melhores especificações técnicas estabelecidas pelos fabricantes.
Outro fator determinante para o desaparecimento dos telefones com baterias removíveis foi o melhor aproveitamento do espaço interno para acomodar os componentes, o que não deixa de ser de alguma forma uma decisão que prioriza o design.
Os novos smartphones entregaram novas possibilidades de usabilidade, como por exemplo a inclusão do NFC e do 5G. Para acomodar esses itens, os fabricantes optaram por trabalhar com uma bateria fixa e incorporada ao corpo do dispositivo, e todo mundo hoje se beneficia dessas escolhas com smartphones mais potentes e versáteis.
Mas existiam vantagens nos telefones com baterias removíveis ou intercambiáveis. Vantagens que vão além de seguir conversando com alguém pelo telefone.
As principais vantagens das baterias intercambiáveis
Um dos principais motivos para sentir falta dos telefones com bateria intercambiável era a capacidade de resolver de forma rápida e prática um dos problemas mais frequentes nos smartphones do passado que perdura em nosso tempo presente: o bloqueio completo do telefone.
Em muitos casos, não havia outra forma de ressuscitar o pobre dispositivo, nem mesmo a reinicialização forçada funcionava. Era o congelamento por completo, inclusive nos botões abaixo da tela ou teclas de volume. Nada funcionava.
Nesses cenários, a única coisa que funcionava de verdade era retirar e recolocar a bateria no smartphone para que o dispositivo recobrar a vida.
Tudo bem, essa pode não ser a melhor ideia do mundo, pois os estragos podem ser ainda maiores por causa de uma interrupção abrupta do funcionamento do telefone. Mas era muito melhor do que ficar procurando a sequência de botões para reiniciar o dispositivo, e isso quando a gente sabia qual era a sequência.
A grande maioria dos usuários não fazia a menor ideia sobre como reiniciar com segurança os celulares ou smartphones. Por isso, retirar e recolocar a bateria sempre foi algo muito mais prático e viável.
Mas a principal vantagem das baterias removíveis é que elas eram muito mais baratas do que são hoje. E isso acontecia por causa da própria dinâmica do mercado da época.
Como era o próprio usuário quem trocava a bateria, os custos de manutenção eram eliminados do orçamento. Sem falar que o maior volume de produção de peças faz com que o preço final do produto seja mais competitivo, algo que não acontece hoje com os smartphones com baterias seladas.
No cenário atual, dependendo do tempo de uso do smartphone que você tem, não vale a pena trocar a bateria. O investimento feito não cobre a relação custo-benefício, e para muitos usuários é melhor comprar um telefone novo.
Lembrando sempre que os usuários do passado levavam aproximadamente um minuto para trocar a bateria do smartphone. Diferente do que acontece hoje, onde deixamos o telefone na assistência técnica por alguns dias para que o procedimento seja realizado por um técnico de bancada.
E mesmo que você saiba trocar a bateria de um smartphone atual, o tempo que você vai perder nessa manutenção é infinitamente maior do que naquele passado distante que era tão bom.
Você podia comprar várias baterias para aumentar a autonomia de uso dos telefones, o que era uma enorme vantagem para quem queria ficar mais tempo utilizando o dispositivo. Agora, somos obrigados a esperar o telefone carregar, seja os ridículos 15 minutos do realme GT3, seja a mais de uma hora do iPhone 14 Pro Max.
Conclusão
Para os usuários mais novos que se entusiasmaram com todos os benefícios das baterias removíveis, eu tenho péssimas notícias: elas não vão voltar.
Os fabricantes estão plenamente conscientes que um novo padrão de design para os smartphones está completamente estabelecido, e todas as vantagens implícitas nesse processo são muito claras.
As baterias atuais são mais resistentes, contam com maiores ciclos de vida e permitem características melhores aos smartphones. Hoje, apenas modelos de marcas desconhecidas contam com baterias removíveis, mas são dispositivos com funções mais básicas.
O jeito é aceitar a evolução da tecnologia e aproveitar o que temos de melhor nos nossos dispositivos. Mas isso não impede de olhar para trás, ver como era o cenário da época e identificar o que era positivo nas propostas do passado…
…e encher a boca para dizer o famigerado “naquele tempo é que era bom”, com lágrimas nos olhos.