Infelizmente, a polêmica dos videogames violentos acaba de receber um viés político no Brasil, uma vez que chegou ao Senado Federal. O senador Eduardo Girão (Pode-CE) requisitou uma audiência pública já aprovada pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) para identificar se os videogames violentos são os incentivadores ou responsáveis por massacres como o ocorrido recentemente em um colégio em Suzano (SP).
Não é a primeira vez que as autoridades, no lugar de repensar o acesso de menores às armas de fogo ou de não assumir a sua responsabilidade na disseminação da cultura de ódio e violência junto ao coletivo, apontam para os videogames como a possível causa de tais massacres. A grande pergunta é: o que os políticos realmente entendem sobre a cultura dos videogames? Se nem mesmo de administrar cidades, estados e um país eles dão conta, que dirá sobre a mente de um gamer?
Lembrando que a esmagadora maioria dos políticos sequer tiveram contato direito com um videogame durante a adolescência, e estão em uma idade onde preferem descriminar o diferente, sem procurar entender como a cultura do videogame realmente funciona.
Para o senador Eduardo Girão, os jogos eletrônicos podem influenciar no comportamento violento de jovens e crianças:
“É um efeito potencializador, é a cultura da violência em ação. Isso movimenta bilhões de dólares. Esses jogos não têm controle, não têm regulamentação com relação à compra e idade para utilização”.
A data da audiência pública ainda não foi definida, mas o Senado Federal criou enquetes no Facebook e no Twitter, questionando os internautas sobre a possível influência dos videogames violentos no comportamento de crianças, jovens e adolescentes.
De novo: eu passei mais da metade da minha vida jogando videogames de todos os tipos, e não virei um piloto de F1, não comi cogumelos para ficar maior, não me transformei em um porco espinho azul e saí correndo que nem um doido, não saí dando tiro e porrada em ninguém e não matei um grupo de terroristas fortemente armados.
E, por uma estatística bem rasa, a esmagadora maioria das pessoas da minha geração tem exatamente o mesmo comportamento que eu tenho.
Logo, não precisa ser um Sherlock Holmes para concluir que o problema passa bem longe dos videogames. Mas se os políticos acham que sabem mais do que os números e os próprios gamers… boa sorte para eles!
Mais uma vez, a discussão sobre os jogos violentos vai parar nas mãos erradas. O povo brasileiro pode cair em um enorme contraditório se considerar os videogames violentos como influentes para as crianças, mas escolheu um presidente que defende a cultura fácil acesso às armas, inclusive para as crianças.
Via Senado Federal, Tecnoblog