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Por que pagar tão caro no Snapdragon 8 Gen 3?

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Eu esperei pacientemente o anúncio dos novos smartphones Galaxy S24 da Samsung para produzir este artigo, pois precisava confirmar a teoria que motivou a produção desse conteúdo. E uma vez que a dúvida virou certeza, chegou a hora de dissertar sobre o assunto.

Mal completamos 15 dias de 2024, e temos uma certeza de que pode machucar os corações e (principalmente) os bolsos de muitos fãs de tecnologia: os smartphones com o processador Qualcomm Snapdragon 8 Gen 3 serão MUITO MAIS CAROS que os demais.

Diante disso, algumas perguntas inevitáveis aparecem. Será que precisamos pagar tanto para ter um telefone de qualidade? Será que os outros processadores estão tão abaixo dos chips da Qualcomm? E a pergunta mais importante de todas: por que isso está acontecendo?

 

A comparação é inevitável

É claro que temos que comparar os produtos que carregam esse processador, e o comparativo pode ser um pouco injusto neste caso. Os telefones de diferentes marcas não são rigorosamente iguais (apesar de contarem com especificações similares).

Mesmo assim, existe uma tendência clara entre os fabricantes em jogar lá para as nuvens os valores dos telefones com o processador mais potente da Qualcomm, em um claro movimento de exploração dos usuários que desejam ter os processadores Snapdragon.

Os fabricantes entenderam que aqueles usuários mais exigentes querem os processadores Snapdragon pelos mais diferentes motivos, onde pelo menos dois deles são historicamente relevantes:

  1. o melhor desempenho em tarefas mais pesadas (principalmente os jogos);
  2. o melhor desempenho fotográfico, permitindo um melhor pós processamento de imagem.

Eu poderia colocar como terceiro argumento a Inteligência Artificial, mas isso ainda não serve como justificativa. Até porque vários fabricantes estão entregando a IA em dispositivos com diferentes processadores.

Por exemplo, a Samsung. Eu duvido que os sul-coreanos tenham investido tanto dinheiro para melhorar os processadores Exynos e em uma parceria com o Google para deixar o desempenho da IA pior no seu chip do que no SoC da Qualcomm.

Outro comportamento comum dos fabricantes nos primeiros lançamentos de 2024 foi colocar o Snapdragon 8 Gen 3 nos modelos Pro ou Ultra dos smartphones, adotando processadores da MediaTek ou Exynos nos modelos “base”.

E é aqui que as diferenças de preços entre os processadores se tornam regra para todos os fabricantes. Em alguns casos, os telefones “base” e “Pro” nem são tão diferentes nos aspectos técnicos e estruturais, e a diferença de valores supera os 200 euros.

Aqui, mais uma vez menciono o exemplo da Samsung. Existem diferenças substanciais entre o Galaxy S24 e Galaxy S24+ e o Galaxy S24 Ultra. Porém, a diferença de preço chega a ser obscena: R$ 4.000 no Brasil. É muita coisa.

Já o caso da OPPO é mais explícito. Não há diferenças relevantes entre o Find X7 e o Find X7 Ultra (a tela mesmo é só 0,04 polegadas maior no modelo Ultra), os dois modelos compartilham vários detalhes das especificações técnicas.

E a diferença de preço entre os dois é de MAIS DE 200  euros… porque o modelo Ultra tem como principal diferencial a presença do processador Qualcomm Snapdragon 8 Gen 3. O modelo “base” recebe o MediaTek Dimensity 9300.

Eis o meu ponto.

 

Você precisa pagar tanto para ter um Snapdragon?

Para quem está por dentro do assunto, já era de conhecimento geral que os preços dos processadores da Qualcomm eram mais caros que os demais. E que esse valor é transferido para o consumidor de forma quase inevitável.

Porém, percebo que os fabricantes estão exagerando na dose nesse repasse. Nem mesmo todas as diferenças técnicas e conceituais dos modelos “Pro” e “Ultra” dos smartphones justificam a diferença de preços tão elevada.

Além disso, em algum momento no passado, criou-se uma aura em cima dos processadores da Qualcomm que se transformaram na autêntica “tábua de salvação” daqueles usuários que demandavam pela máxima performance nos smartphones.

E esse foi um erro grosseiro.

Não me entenda mal. Eu reconheço que os chips da Qualcomm são realmente aqueles que entregam o melhor desempenho geral, principalmente entre os smartphones Android (tive o cuidado de não mencionar o iPhone, pois ele é um mundo à parte).

Mas isso não quer dizer que processadores da MediaTek e da Exynos sejam hoje inviáveis ou, como diriam alguns menos formais e mais despojados, “uma completa porcaria”.

A MediaTek melhorou muito nos últimos anos, e os processadores da série Dimensity entregam um desempenho soberbo, até mesmo para as tarefas mais exigentes. A grande maioria dos usuários ficará satisfeita ao utilizar um smartphone com esse chip.

E mesmo depois de tantos traumas que muitos usuários tiveram com os chips Exynos, é perceptível que a Samsung não está medindo esforços para tornar o seu processador uma alternativa plausível para os seus dispositivos.

Acredito que vale a pena ao menos aguardar para ver o que o Exynos 2400 pode entregar de desempenho, experiência de uso e comportamento nas questões de gerenciamento energético.

Mesmo porque este será um processador que vai trabalhar com Inteligência Artificial a partir de agora, e esse recurso exige muito de qualquer tipo de hardware.

Como conselho final, eu recomendo que ao menos você tire um tempo para observar como esses novos smartphones se comportam na mão dos usuários antes de investir uma pilha de dinheiro em um ou outro dispositivo.

Ter o feedback dos usuários passa a ser fundamental para observar como cada processador está trabalhando em tarefas novas e igualmente exigentes. Dê tempo ao tempo e observe tudo com calma e paciência.

Se no mundo real ficar provado que um MediaTek Dimensity 9300 pode ser tão competente que o Qualcomm Snapdragon 8 Gen 3 custando consideravelmente menos, se questione se realmente vale a pena pagar muito a mais para obter o máximo de performance no seu smartphone.

A não ser que você tenha finalidades muito específicas com o dispositivo. E neste caso, quem sou eu para te julgar.


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