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O melhor e o pior do Globo de Ouro 2024

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O Globo de Ouro está de volta. Tímido, meio acanhado e passando vergonha com o monólogo de abertura. Mas está de volta, depois de todos os problemas que a Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA) causou para o coletivo.

A edição 2024 dos Golden Globes foi protocolar, mas ao menos não causou constrangimentos maiores, o que já é uma vitória para todos em Hollywood. E mesmo não sendo o melhor parâmetro para o Oscar 2024, deixa algumas lições claras.

A partir de agora, faremos um resumo do melhor e do pior do Globo de Ouro 2024, e o que podemos extrair de útil para uma possível lista de indicados ao Oscar 2024, cuja votação acontece em 11 de janeiro, com lista final divulgada em 23 de janeiro.

 

Como foi o evento em si?

Foi uma cerimônia de premiação protocolar e meticulosamente planejada para evitar gafes. O cuidado ao evitar comentar o hiato e todas as polêmicas que resultaram na pausa do evento foi claramente notado.

Anunciado às pressas, Jo Koy não correspondeu às expectativas, sendo seu monólogo insosso e inofensivo. Sim, foi uma fala bem chata e constrangedora, contrastando com a transgressão dos monólogos iniciais dos anos anteriores.

Por outro lado, a cerimônia foi marcada pela rapidez na entrega dos prêmios, causada pelo tempo máximo concedido para os discursos, o que acabou prejudicando os momentos memoráveis típicos de uma premiação desse porte.

Alguns momentos de sinceridade, como o diálogo entre Keri Russell e Ray Romano sobre a qualidade de produtos hollywoodianos foram pontos altos em meio à tamanha previsibilidade no roteiro e na lista dos vencedores.

Outro discurso interessante foi de Margot Robbie, que dedicou o prêmio de melhor filme com maior bilheteria a quem foi vestido de rosa para assistir a ‘Barbie’, destacando o grande confronto cinematográfico do ano: o confronto simbólico com ‘Oppenheimer’, também conhecido como ‘Barbenheimer’.

Mas talvez um dos pontos mais altos da noite foi o discurso de Lily Gladstone, de ‘Assassinos da Lua das Flores’. Ao vencer na categoria Melhor Atriz em Filme de Drama, ela se torna a primeira de origem nativo americana a receber um Globo de Ouro.

Um momento histórico em uma premiação insípida. Quem diria…

De um modo geral, a cerimônia em si foi funcional e não apresentou maiores problemas. Por outro lado, também não mostrou novidades no formato, e foi criticada pela falta de surpresas e pela previsibilidade.

Aqui, o contraste com a essência mais imprevisível do Globo de Ouro “raiz” é evidente, mostrando um esforço exagerado dos produtores em fingir que nenhum dos polêmicos eventos do passado nos bastidores aconteceu.

Mas jamais esqueceremos disso. E olhar para esse Globo de Ouro engessado hoje só nos faz lembrar mais e mais de todo o escândalo que os jornalistas tentam esconder desesperadamente.

 

Nolan venceu o “Barbenheimer” entre os jornalistas

Na disputa envolvendo o grande evento do ano nas salas de cinema, ‘Oppenheimer’ derrotou Barbie com certa folga. Ou melhor, foi o preferido da imprensa estrangeira, o que era algo esperado.

O filme de Christopher Nolan sobre o criador da bomba atômica ganhou em diversas categorias, incluindo Melhor Filme Dramático e Melhor Diretor, e foi o grande vencedor da noite do Globo de Ouro.

‘Oppenheimer’ não apenas triunfou em prêmios, mas também foi elogiado como um feito visual e criativo de Christopher Nolan, que afirma ter utilizado efeitos práticos para a principal cena do filme. Há quem duvide disso, mas até que não se prove o contrário, temos que aceitar as narrativas oficiais.

Apesar do sucesso de bilheteria, ‘Barbie’ não conquistou os prêmios principais, levando apenas Melhor Fenômeno de Bilheteria e Melhor Canção, indicando uma preferência dos jornalistas pelos filmes com histórias biográficas ou de eventos que se aproximam do mundo real.

Por outro lado, ‘Barbie’ é sim o filme do ano. Ajudou a turbinar um dos maiores fenômenos cinematográficos dos últimos anos, e conta uma história que pode ser considerada disruptiva e revolucionária para o mundo machista de hoje.

O filme protagonizado por Margot Robbie merece ser visto com atenção, mesmo com sua vida bem prejudicada no Oscar por ser obrigado a disputar o prêmio na categoria de Melhor Roteiro Adaptado (a mesma de ‘Oppenheimer’).

 

Na TV, HBO rainha, Netflix nadinha

A chamada “TV de prestígio” (ou TV paga tradicional, como queira) foi a tônica do Globo de Ouro 2024. Canais como HBO e FX voltaram a ganhar o protagonismo com suas produções, eclipsando o streaming e, principalmente, a Netflix.

Séries como ‘Succession’, e ‘The Bear’ quebraram a hegemonia da Netflix, que ainda recebeu três prêmios por ‘Treta’. Aqui, as narrativas intensas e temas mais relevantes com histórias envolventes ganharam a preferência dos jornalistas votantes.

A HBO, com ‘Succession’, reafirmou sua posição na liderança dos prêmios, reforçando a derrota da Netflix, que embora mantenha audiência, enfrenta concorrência no campo da qualidade.

 

O conservadorismo nas escolhas

Mais uma vez, os jornalistas estrangeiros abraçaram o conservadorismo, resistindo à tentação de premiar os filmes campeões de bilheteria em categorias mais relevantes.

O caso mais flagrante disso é, obviamente, ‘Barbie’. Dá a entender que o prêmio entre os Campeões de Bilheteria foi concebido para que o longa baseado na boneca mais popular do mundo levasse alguma estatueta para casa.

Por outro lado, um dos filmes com histórias densas e, ao mesmo tempo, com um humor irônico, foi reconhecido na premiação. ‘Pobres Criaturas’ fala de forma inteligente e sarcástica de temas profundos e complexos do universo feminino.

A versão feminista do mito de Frankenstein dirigida por Yorgos Lanthimos e estrelada por Emma Stone venceu nas categorias de Melhor Filme Musical ou Comédia e Melhor Atriz de Musical ou Comédia. Vale a pena ficar de olho nessa história.

Outro ponto que chama a atenção no Globo de Ouro 2024 foi o destaque maior para filmes de língua não-inglesa, algo que é reflexo direto de todas as mudanças estabelecidas na Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood.

Com um maior número de votantes estrangeiros e uma maior diversidade entre os membros, filmes como ‘Anatomia de uma Queda’ (França) e ‘O Menino e a Garça’ (que rendeu o primeiro Globo de Ouro para Hayao Miyazaki e Studio Ghibli) chamam a atenção positivamente.

A tendência de premiar filmes autorais, como ‘Oppenheimer’ e ‘Pobres Criaturas’ em detrimento de blockbusters comerciais reflete uma escolha por obras de maior qualidade artística, mas estabelecendo uma distância do grande público e suas preferências.

Em um ano de queda na bilheteria, a indústria cinematográfica busca refúgio na qualidade com escolhas conservadoras, e isso se reflete na primeira premiação relevante pré-Oscar. E essa é uma estratégia que não está funcionando, na opinião de alguns especialistas.

As premiações refletem uma mudança de foco, priorizando a qualidade artística sobre o sucesso de bilheteria, sinalizando uma possível volta do cinema “de premiações” tradicional. E esse descolamento do público resultou em uma queda na audiência da TV em um primeiro momento, e na atual queda no volume de pessoas que frequentam as salas de cinema.

O cinema precisa se revitalizar, tal e como a TV fez. O cinema de qualidade é importante, mas não está claro se excluir os blockbusters dessa equação é o suficiente para promover essa recuperação tão esperada pelos estúdios.

De novo: o Globo de Ouro não é o melhor termômetro do Oscar, mas jornalistas acabam influenciando o público de alguma forma. Se bem que o excesso de protocolo e o medo de errar foi tamanho na edição desse ano, que tudo quase pareceu uma tentativa desesperada de agradar os principais nomes de Hollywood para que o evento volte a ter o prestígio e a credibilidade perdida.

E nessa estratégia, a audiência que se lasque.


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