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A Motorola está tentando me dobrar!

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A Motorola está tentando me seduzir. Só pode!

E está tentando te seduzir também, com essa renovação dos seus smartphones dobráveis. Tenho que dizer no plural, pois são dois novos modelos: o Motorola Razr 40 e o Motorola Razr 40 Ultra.

E o principal motivo para a seduzência acontecer é a aposta no argumento mais importante para qualquer usuário se convencer de que vale a pena levar um modelo específico de smartphone para casa: o preço.

Ou melhor, a relação custo-benefício.

Sei que falei muito mal da Motorola nos últimos meses (e vou continuar a falar mal se a política de obsolescência programada permanecer), mas entendo que vale a pena ao menos considerar esse pedido de desculpas em forma de dois smartphones dobráveis bem interessantes.

 

Para segmentos bem diferentes

É claro que o modelo Ultra é mais interessante que o modelo “normal”, e até por isso ele merece mais destaque. Mas uma proposta pode valorizar a outra em segmentos de mercado muito diferentes, e é meu dever apresentar essas diferenças para maior apreciação de quem está lendo.

O Motorola Razr 40 Ultra chama a atenção por contar com uma tela externa com generosas 3.6 polegadas e taxa de atualização de 144 Hz. Olha, pode até ser que muitos comecem a se perguntar se essas configurações se justificam para uma tela que é consideravelmente menor que a principal, mas não deixa de chamar a atenção de forma positiva ver essa “enorme” tela pelo lado de fora.

No interior, processadores diferentes. E aqui, quem poderia esperar um pouco mais de potência do modelo mais completo pode se decepcionar um pouco.

O Motorola Razr 40 recebe o processador Snapdragon 7 Gen 1, o que está de bom tamanho para um telefone dobrável que está vestindo o uniforme de telefone intermediário. Já os mais exigentes devem se incomodar com a presença do Snapdragon 8+ Gen 1 no Motorola Razr 40 Ultra.

Aqui, a conta é bem simples: a enorme maioria dos smartphones top de linha estão recebendo em 2023 o Snapdragon 8 Gen 2, e por mais que o 8+ Gen 1 seja um chip muito competente, é compreensível que alguns compradores queiram o chip mais potente do ano, pois dessa forma o seu dinheiro é ainda mais valorizado.

Sem falar que muitos especialistas em tecnologia observam que é prudente ter um pé atrás com o Snapdragon 8+ Gen 1, pois em alguns dispositivos ele teve problemas por causa de sua escassa dissipação térmica.

Por outro lado, não creio que teremos reclamações sobre os 8 GB de RAM no Motorola Razr 40 e os 12 GB de RAM na variante Ultra. A versatilidade no software está garantida para as duas versões.

 

Câmeras simples, e diferentes baterias

Aqui, temos a Motorola mais uma vez dando uma de estranha.

O Motorola Razr 40 recebe um sensor principal de 64 MP. Já o Motorola Razr 40 Ultra se limita a ter um sensor principal de 12 MP. A única explicação aqui é o maior potencial de pós-processamento de imagem do Snapdragon 8+ Gen 1. Caso contrário, é a Motorola trocando um pouco os pés pelas mãos.

Ao menos a câmera frontal de 32 MP é a mesma para os dois modelos, o que deve acalmar os vloggers e produtores de conteúdo na possível ansiedade sobre a difícil decisão entre escolher um dos dois modelos.

E eu estou sendo um pouco irônico no parágrafo anterior, caso você não tenha percebido.

Lembrando sempre para os produtores de conteúdo que é sim possível utilizar a câmera principal dos dois telefones para registrar selfies e vídeos com maior qualidade de imagem.

E na bateria, mais uma inversão de valores por parte da Motorola que é bem difícil de entender.

Enquanto o Motorola Razr 40 recebe uma bateria de 4.200 mAH, o Motorola Razr 40 Ultra que, em teoria, possui um processador mais potente, uma tela externa maior e uma maior demanda de hardware, está limitado a uma bateria de apenas 3.800 mAh.

É só para mim que a conta não fecha?

Eu estou muito curioso para ver como está a autonomia de bateria dos dois modelos, já que ambos recebem a mesma tela interna pOLED dobrável de 6.9 polegadas. Não é uma tela tão grande quanto os seus concorrentes, mas não é possível que os dois modelos vão entregar a mesma autonomia de uso com essas diferenças tão flagrantes nas especificações.

Nem é o caso de levantar dúvidas sobre a autonomia de uso menor do modelo Ultra. Porém, se os dois modelos ao menos empatarem no tempo longe da tomada, eu tenho que dar os meus parabéns para a Motorola pela façanha.

Com tudo gerenciado pelo Android 13 com a interface de usuário My UX, os dois modelos devem ao menos entregar um desempenho similar, com uma maior margem de manobra para o modelo Ultra. Algo que não deve resultar em um grande diferencial na experiência de uso.

 

Vale a pena?

Tanto o Motorola Razr 40 como o Motorola Razr 40 Ultra não contam com preço definido para o mercado brasileiro, mas sei que a dupla vai desembarcar por aqui em breve.

Os preços considerados base para os dois modelos são de 899 euros (Motorola Razr 40 com 8 GB + 256 GB) e 1.199 euros (Motorola Razr 40 Ultra, com 8 GB + 256 GB). Os preços vão subir com as especificações técnicas mais robustas na RAM e no armazenamento, de modo que dá para dizer (neste momento) que ele está menos caro que a concorrência.

Se a dupla chega para fazer a Samsung, o Google, a Honor (ou Huawei), a OPPO e a Xiaomi tremerem porque coloca a Motorola no jogo dos smartphones dobráveis, é cedo para dizer. Aliás, os preços são interessantes, considerando que são smartphones com tela flexível e em um design que ainda é caro para um desenvolvimento em larga escala.

Mas não deixa de ser uma aposta bem interessante por parte da Motorola. A empresa entendeu que essa é uma das frentes a serem exploradas no segmento de telefonia móvel, e um dos formatos de smartphone mais lucrativos para os próximos anos.

Ao menos podemos dizer que os telefones dobráveis estão ficando menos caros e mais interessantes para o grande público consumidor. Pode ser enxergado como um marco para o futuro, mas não exatamente algo disruptivo.

Confesso que algumas das decisões que a Motorola tomou para esses dois telefones dobráveis me incomodam um pouco, mas ao menos reconheço que a marca foi corajosa ao lançar um dos primeiros smartphones dentro desse formato em um valor abaixo dos US$ 1.000. E o fator preço deve sim chamar a atenção de muitos consumidores.

Posso dizer que a Motorola fez um interessante movimento para reconquistar o meu endurecido coração. Vamos dar tempo ao tempo para descobrir se essa senhora aprendeu com os seus erros.

Ou se apenas vestiu uma outra roupa para mais uma vez tentar me fazer de otário.


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