Após 118 dias de tensão nas negociações e em um capítulo que ficará marcado na história de Hollywood, a Alliance of Motion Picture and Television Producers (AMPTP) e o sindicato dos atores SAG-AFTRA finalmente chegaram a um acordo, colocando um fim à greve que paralisou a indústria cinematográfica.
O comitê de negociação da SAG-AFTRA aprovou unanimemente o contrato de três anos, indicando uma luz no fim do túnel para mais de 160 mil artistas representados pelo sindicato. Este acordo, avaliado em mais de um bilhão de dólares, não apenas contempla aumentos de compensação mínima acima do padrão, mas também estabelece garantias cruciais contra as ameaças emergentes da inteligência artificial.
Com o acordo, os estúdios podem retomar as produções pendentes, na tentativa de salvar alguns dos lançamentos previstos para 2024. E uma categoria profissional consegue uma vitória gigantesca contra a poderosa (e até então inflexível) indústria de Hollywood.
Uma greve histórica
A greve dos atores superou a paralisação de 1980 em 23 dias, mas o movimento resultou em vitórias para os profissionais da atuação. Os dois pilares fundamentais do acordo incluem regulamentações inovadoras sobre o uso de inteligência artificial, visando proteger a autenticidade artística dos atores, e um notável aumento salarial de 7%, ultrapassando as conquistas de roteiristas e diretores.
Pela primeira vez na história, o contrato inclui disposições sem precedentes para consentimento e compensação, visando proteger os membros contra as rápidas evoluções tecnológicas, como o uso crescente de inteligência artificial na produção cinematográfica. É também um marco significativo com a introdução do bônus de participação em streaming, reconhecendo a importância cada vez maior desse formato na indústria do entretenimento.
As contribuições para os Planos de Pensão e Saúde foram substancialmente aumentadas, atendendo a uma demanda antiga dos membros da SAG-AFTRA. O acordo não se limita a beneficiar apenas os atores principais; oferece melhorias que alcançam diversas categorias como dublês e figurantes, com compensações substanciais e disposições contratuais para proteger as comunidades diversas representadas pelo Sindicato dos Atores.
A aprovação foi unânime por parte dos membros do sindicato, com o comitê de negociação expressando alívio e otimismo em relação ao futuro. Ainda que reconheçam que o acordo não é perfeito, ele ao menos garante carreiras sustentáveis para os membros de todas as categorias.
Com a palavra, o outro lado: a indústria de Hollywood
A reação dos estúdios, que inicialmente pressionaram com a “última, melhor e final oferta”, agora reflete uma mudança de tom bem estratégica, reconhecendo o contrato como um novo paradigma. O processo de renovação em 2026 já está delineado, oferecendo uma perspectiva de estabilidade para o setor nos próximos anos.
A Alliance of Motion Picture and Television Producers não poupou elogios ao acordo, destacando o paradigma na indústria cinematográfica. Segundo a AMPTP, o acordo oferece os maiores ganhos da história, incluindo o aumento mais significativo nos salários-mínimos em quarenta anos e a introdução de um residual para programas de streaming.
Este desfecho positivo ocorre após meses de impasse e tensões entre as partes nos últimos quatro dias antes do acordo ser alcançado, marcando o fim de um capítulo conturbado nas negociações.
Em meio a críticas, acusações e alegações de problemas financeiros, a SAG-AFTRA permaneceu firme em suas demandas, especialmente em relação à participação nos lucros do streaming. O sindicato, representando uma força de mais de 160 mil artistas, manteve sua posição mesmo quando as negociações pareciam insuperáveis, culminando neste acordo que promete não apenas encerrar a greve, mas também estabelecer bases sólidas para carreiras sustentáveis de seus membros.
Enquanto Hollywood se prepara para retomar suas operações, a indústria enfrenta o desafio de recuperar o tempo perdido. Produções interrompidas estão avançando em tarefas de montagem e pós-produção, buscando evitar um vazio cinematográfico. A esperança agora repousa na possibilidade de lançar filmes no verão de 2024.
É fato que Hollywood teve que ceder às demandas dos atores. Os estúdios eram que mais iriam perder com esse atraso nas produções e esvaziamento nos lançamentos. Esse estrago mostra o peso que as greves dos roteiristas e atores tinham para o setor. Felizmente, as demandas das categorias foram aceitas, estabelecendo novas normas para a indústria do entretenimento.
Via TVLine