A chegada do robô humanoide Digit a um dos armazéns da Amazon em Houston, Texas, era um temor que pairava sobre mais de um milhão de funcionários da empresa.
Com inúmeros problemas laborais, incluindo greves e incidentes como entregadores urinando em garrafas por falta de tempo para ir ao banheiro, a ideia de substituir trabalhadores por androides se torna tentadora. Mas a gigante do e-commerce assegura que essa não é sua intenção, pelo menos por enquanto.
Em seu blog oficial, a Amazon garante que a introdução de robôs como o Digit tem como propósito principal auxiliar os trabalhadores humanos, aliviando-os de tarefas repetitivas e perigosas, não para substituir quem quer que seja.
Será mesmo que não vai substituir?
A jornada de Digit na Amazon tem sua origem em uma parceria de longa data entre a Amazon Robotics e a Agility Robotics, uma empresa especializada em robótica que recebeu investimentos da gigante varejista.
Desse casamento tecnológico, surgiu o humanoide Digit, que é capaz de caminhar, contornar obstáculos, pegar objetos e, notavelmente, operar em ambientes compartilhados com humanos.
A função atual do Digit nos armazéns da Amazon é a de recolher contêineres vazios e empilhá-los para futura utilização. A ideia é otimizar tarefas monótonas, permitindo que os trabalhadores se concentrem em atividades mais complexas e que exigem discernimento humano.
Na teoria, é tudo muito lindo e maravilhoso. E prometer a manutenção dos empregos é algo relativamente fácil neste momento. Mas como nada nesse mundo é imutável, fica fácil compreender a preocupação dos funcionários humanos da Amazon.
A Amazon garante que não, mas…
A Amazon enfatiza sua missão de garantir que a robótica seja colaborativa, atuando em parceria com os funcionários. De fato, ao longo dos últimos 10 anos, a empresa já implementou milhares de sistemas robóticos, ao mesmo tempo em que criou milhares de novos postos de trabalho. Isso inclui a criação de 700 novas categorias de empregos qualificados que não existiam anteriormente na empresa.
Os números até agora parecem corroborar a visão da Amazon: a empresa emprega atualmente 1,5 milhão de funcionários, com 1 milhão deles trabalhando em seus armazéns. Os robôs estão auxiliando na otimização de operações e logística, e até o presente momento, em vez de eliminar empregos, estão possibilitando o surgimento de novas oportunidades.
No entanto, o grande questionamento reside no que o futuro reserva. À medida que os robôs se tornam igualmente eficientes em comparação com os seres humanos, será que a Amazon e outras empresas de tecnologia manterão sua convicção atual de que os androides são uma ajuda valiosa e não uma ameaça à subsistência dos trabalhadores?
A revolução da internet eliminou muitos empregos e profissões, mas criou muitas outras vagas de trabalho. A era dos robôs promete oferecer uma maior eficiência e produtividade para as empresas. Mas nada garante que esse processo colaborativo com os humanos será uma prioridade, e milhões de empregos podem sim ser excluídos em um futuro a longo prazo.
Como não temos bola de cristal, só fazemos neste momento o registro da iniciativa. Se no futuro acontecer uma demissão em massa na Amazon, você já sabe o motivo.