Para muitos de nós, especialmente aqueles que estão nesse mundo por mais tempo, falar de lápis e papel gera automaticamente uma grande sucessão de flashbacks sobre a nossa infância. Nossa mente está devidamente enriquecida de lembranças boas (e algumas não tão boas assim) sobre a combinação desses dois elementos.
Não dá para dizer se os anos que utilizei lápis e papel forma os melhores ou os piores da minha vida. Até porque eu ainda tenho pelo menos uns 40 anos a mais para tirar essas conclusões. Só posso dizer que foram anos diferentes para nós: nada de smartphones ou tablets para realizar anotações ou desenhos, o computador ainda era um desejo distante (mas não impossível) e escrever alguma coisa com um pouco de tecnologia era pela máquina de escrever.
De qualquer forma, pensar em lápis e papel também me faz pensar nas anotações das aulas, resolver exercícios nas salas de aula, em matar aulas, anotar endereços e telefones de nossos amigos e paqueras… mas jamais me fez pensar em ciência. Muito menos na medicina.
Como o lápis e o papel podem cuidar da sua saúde?
Felizmente, algumas pessoas estão com a mente muito mais aberta que eu e você que está lendo esse post. Entre essas pessoas com mente mais aberta, devemos incluir o grupo de investigadores da Universidade do Missouri, que acabou de publicar um estudo relacionado ao conjunto de lápis e papel, propondo um uso surpreendente e fascinante: juntos, eles podem ser um sistema biométrico eficiente e econômico.
O segredo dessa combinação incomum é que o grafite “possui” energia, já que esse é um dos diferentes formatos que o carbono pode assumir e que, além disso, pode funcionar como um eletrodo sensor. Ao mesmo tempo, o papel oferece uma estrutura de suporte flexível para o sinal coletado por ele mesmo. Ou seja, se você combina o papel e o lápis (um lápis que deve ter pelo menos 90% de grafite), você criou uma estrutura condutora que pode se adaptar a praticamente qualquer superfície e, dessa forma, a dupla pode ser utilizada para medir determinadas constantes.
Dessa forma, está aberto o campo para o desenvolvimento de todo o tipo de wearables que podem monitorizar em tempo real elementos como a temperatura do corpo ou o nível de glicose. Os testes realizados pelos investigadores demonstraram que os resultados obtidos pelos sensores biométricos fabricados com papel e lápis são muito confiáveis e, por tanto, podem ser utilizados como alternativas às versões atuais dos mesmos.
A melhor parte desse estudo é que papel e lápis são compostos de materiais baratos e simples de se obter, além de não gerar os problemas que normalmente ocorrem com os elementos associados com o plástico, um material bem comum nos sensores atuais.
E mesmo que o papel e o lápis acabem se degradando com muita facilidade, o mesmo não acontece com os materiais utilizados para a sua fabricação. É só lembrar da baixia biodegradabilidade do plástico e, por conta disso, a necessidade em estabelecer bons sistemas de reciclagem do mesmo. Ou seja, o papel e o lápis podem evitar que monstruosidades como ilhas de lixo eletrônico sejam produzidas no futuro.
Via Pnas