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Como o Android e o iOS formaram o duopólio que conhecemos hoje nos smartphones

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Dois gigantes disputam acirradamente o mercado de dispositivos móveis: Android e iOS. E isso está acontecendo há pelo menos uma década.

Hoje, 71% dos usuários optam pelo sistema Android, enquanto 28% preferem o iOS, de acordo com os dados de junho de 2023 coletados pelo Statcounter. Essa realidade de domínio bipartidário nem sempre foi tão evidente, pois ambos os sistemas enfrentaram rivais em seu caminho para a supremacia.

Neste artigo, vamos explorar a história e a evolução dos sistemas operacionais móveis, desde seus primórdios até o cenário atual. Dessa forma, podemos entender melhor como chegamos até o duopólio que vivemos hoje.

Mesmo porque… contexto é tudo nessa vida.

 

Como tudo começou

No passado, o mercado de smartphones estava longe de ser uma realidade consolidada, e a conectividade à Internet em dispositivos móveis ainda era algo relativamente raro.

Fabricantes como Nokia, BlackBerry e Motorola foram pioneiros no segmento, e contribuíram para popularizar a ideia dos smartphones no início dos anos 2000. Os primeiros sistemas operacionais eram desenvolvidos pelos próprios fabricantes, mas havia esforços para a adoção de sistemas comuns, como o Symbian, criado pela colaboração entre Ericsson, Motorola, Nokia e Psion.

O Symbian rapidamente se tornou o sistema mais utilizado em smartphones iniciais, com uma quota de mercado de 30% a 40% em 2009. E é difícil de imaginar que uma plataforma relativamente dominante como essa sucumbiu diante do iOS e do Android, que nasceram basicamente do nada.

 

A ascensão e queda dos rivais

Apesar do sucesso inicial, o Symbian enfrentou problemas à medida que outras alternativas surgiam no mercado. Com a expansão das redes 3G, os dispositivos móveis se tornaram fundamentais para o uso de dados através dessas redes.

A internet móvel começou a se popularizar e, ao mesmo tempo, as plataformas procuravam se adaptar para entregar a internet para os telefones móveis da época. Alguns fabricantes entenderam melhor o que estava acontecendo do que outros, mas cada um apresentou a sua proposta, e os usuários abraçaram o seu software preferido.

Ao longo do tempo, as marcas envolvidas no desenvolvimento do Symbian abandonaram o sistema, culminando com o fechamento da Fundação Symbian em 2012. Até mesmo a gigante Nokia mudou para outro sistema: o Windows Phone OS.

O BlackBerry OS também era um forte competidor, e em 2010, cerca de 18% dos smartphones em todo o mundo usavam esse sistema. No entanto, o surgimento do iOS e do Android trouxe um novo paradigma para o mercado.

Apesar do lançamento do BlackBerry 10, que oferecia uma experiência moderna e adaptada às telas sensíveis ao toque, a marca acabou adotando o Android em 2015.

Ou seja, os sistemas operacionais originais, que iniciaram essa jornada na internet móvel, foram desaparecendo com o passar do tempo. Ou os fabricantes adotaram soluções de terceiros, ou sucumbiram diante da dominância do Android e do iOS.

 

A jornada do iOS

Em 2007, a Apple entrou no mercado móvel com o lançamento do primeiro iPhone, que funcionava com o sistema operacional iOS. Essa novidade revolucionou a indústria, pois foi o primeiro sistema totalmente adaptado para dispositivos com telas sensíveis ao toque, enquanto seus concorrentes ainda eram desenvolvidos para teclados físicos ou PDAs com canetas.

Com o lançamento da App Store em 2008, a economia de aplicativos nasceu, proporcionando uma variedade de opções aos usuários. A loja de aplicativos da Apple para o iPhone cresceu exponencialmente, ultrapassando a marca de 1 milhão de aplicativos em 2013 e gerando receitas astronômicas através de pagamentos e assinaturas.

Dá para dizer que a Apple basicamente criou um modelo de negócio que antes não era tão explorado pelos fabricantes de dispositivos móveis. A Palm ainda contava com uma loja robusta de aplicativos pagos para os seus modelos de PDA, mas não chegava perto da robustez da proposta da gigante de Cupertino.

Olhando hoje para tudo o que aconteceu no mercado de telefonia móvel, podemos afirmar que a Apple com a sua App Store marcou um “antes” e um “depois” nesse segmento, alcançando um modelo de negócio sustentável a longo prazo para o iOS.

 

A invasão do Android

Enquanto o iOS revolucionava o mercado com seu enfoque na experiência do usuário, o Android nascia sob o guarda-chuva do Google.

Com 34 fabricantes unidos na Open Handset Alliance, o Android foi lançado em 2008 como um sistema de código aberto, permitindo que todas as marcas de dispositivos móveis o utilizassem gratuitamente. A Google Play, a loja de aplicativos do Android, também foi lançada em 2008, oferecendo uma vasta seleção de apps e gerando bilhões de dólares em receitas.

Com o passar do tempo, vários outros fabricantes de tecnologia abraçaram o Android, o que resultou em uma autêntica invasão do sistema operacional no mercado de telefonia móvel. A plataforma venceu pela diversidade de marcas, se tornando uma força dominante no segmento de mobilidade.

Por outro lado, a enorme quantidade de fabricantes de smartphones Android também resultou na fragmentação da plataforma, o que não é algo muito bem recebido pelos usuários e até mesmo pelo mercado. Diferente da Apple, que entrega o mesmo iOS para todos os modelos do iPhone compatíveis, o Google sempre teve dificuldades em entregar a mais recente versão do seu sistema operacional na maioria dos dispositivos, já que cada fabricante tinha que adaptar o software a diferentes modelos de smartphones.

 

O duelo permanente

Desde então, Android e iOS têm mantido sua supremacia no mercado de dispositivos móveis. A versatilidade e a flexibilidade do Android atraem uma ampla gama de fabricantes, enquanto o ecossistema fechado e otimizado da Apple continua a cativar uma base de usuários leal.

Especialistas preveem que esse duelo tecnológico dificilmente será superado no médio e longo prazo, dada a barreira de entrada significativa para novos competidores. E isso fica comprovado com tantas tentativas de outros fabricantes em implementar alternativas de sistemas operacionais móveis que fracassaram diante do duopólio dominante.

O Tizen foi uma das mais recentes tentativas de alternativa ao Android e iOS, e não deu em nada. Nem mesmo a Samsung manteve a plataforma nos seus relógios inteligentes, mostrando que o sistema operacional não serve nem mesmo para ser subutilizado.

Com isso, podemos dizer que o império do Android e do iOS vai prevalecer por muito tempo. A não ser que algo muito novo aconteça no mercado de telefonia móvel, algo que não vejo de forma tão clara no horizonte.


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