A Claro é a operadora do “eu te ofereço mais, mas você paga um preço caro por isso”. Sim, eu sei que existe uma lógica de mercado em cobrar a mais por produtos agregados. Mas não oferecer a opção de NÃO TER ESSES PRODUTOS SE EU NÃO QUISER é um grande problema.
Dito isso, a Claro reformulou os planos dos seus serviços de TV paga, tanto no streaming como na TV a cabo tradicional. Agora, todos esses serviços (com exceção do Claro TV+ App) recebem as assinaturas da Globoplay com canais ao vivo e da Netflix no plano Básico com publicidade integrados no pacote.
Por outro lado, os valores dos planos aumentaram, e o cliente não tem o direito de escolher um plano sem esses serviços.
É venda casada que chama isso?
Se quiser, é assim: enfiado goela abaixo
Eu sou assinante da Globoplay e da Netflix de forma separada, e até não reclamo de ter esses serviços integrados no meu plano do Claro TV+ Box… desde que esses serviços estejam disponíveis para mim (mas eles não estão), e desde que a dona Claro realmente não cobre valores adicionais nos planos (o que duvido que vai acontecer no meu caso).
Da última vez que a dona Claro “fez um upgrade no meu plano sem custo adicional”, eu tive um aumento de R$ 15 nos custos da minha internet, que deixou de ser de 500 Mega para receber 600 Mega. Mas isso é assunto que já falei em outro artigo.
O mais sério de tudo isso é que, a partir de agora, quem decidir assinar os serviços Claro TV+ Box e Claro TV+ 4K não contarão com a liberdade de escolha de não integrar Globoplay e Netflix nos seus planos. Eles chegam integrados à assinatura do cliente.
De novo: é venda casada que chama?
ATUALIZADO EM 18/01/2024
A assessoria de imprensa da Claro Brasil entrou em contato comigo durante a semana, explicando que “havia a possibilidade de contratação dos planos Box Claro TV+ e 4K Claro TV+ sem os planos da Netflix integrado”. Porém, em nenhum momento até a produção deste artigo encontrei de forma simples e prática essa alternativa na página principal do serviço Claro TV+.
Na página de apresentação dos planos, não aparece nenhuma opção de contratação do serviço de TV paga sem a Netflix incluída no plano, Porém, pesquisando um pouco mais no site da operadora, na área de Combos > Monte Sua Combinação, é possível fazer a escolha de um dos planos de TV mencionados sem a adição da plataforma de streaming.
O problema é que essas mesmas opções NÃO ESTÃO DISPONÍVEIS na principal página de divulgação do serviço, que é a página do Claro TV+. E os consumidores não são informados com transparência sobre a possibilidade de contratação dos planos sem a Netflix no pacote.
Da forma em como a página do Claro TV+ apresenta os planos, dá-se a entender que os clientes só contam com as opções disponíveis naquela página. Afinal de contas, é a área de divulgação oficial do serviço e de suas características.
Na prática, o cliente tem grandes chances de ser induzido ao erro de única condicionante de contratação a inclusão automática do serviço Netflix no seu plano de TV paga, sem ter a opção de remover o serviço e pagar um valor menor pela contratação.
Por fim, a descoberta dessa possibilidade de compra do serviço de TV paga via streaming ou cabo sem ter a Netflix como parte do plano é a prova de que a Claro não está incluindo o serviço de streaming “sem custo adicional”, já que o próprio aumento de valores detectados nos novos planos está diretamente relacionado aos valores cobrados pelo “serviço adicional”.
O meu conselho (ou melhor, sugestão) é que a Claro reformule COM URGÊNCIA as informações disponíveis na página oficial do serviço Claro TV+, pois essa é a página oficial do serviço e, por lei, todas as informações referentes ao produto oferecido (incluindo todos os planos e condições de contratação) precisam estar MUITO CLAROS para o consumidor.
Qualquer tipo de omissão neste aspecto abre margem para interpretações e questionamentos sobre os motivos que levam a Claro a agir dessa forma com os seus clientes.
Agora, sigam com o artigo, tal e como ele originalmente foi redigido.
O único plano que não entrou no “trem da alegria da obrigatoriedade” foi o Claro TV+ App e, ainda assim, ele conta com o Globoplay incluso desde novembro de 2023, como parte da nova “política comercial” da Claro.
Veja bem: não estou reclamando do fato de agregar serviços e, em teoria, não adicionar custos ao assinante. Porém, não deixa de ser um grande problema você não ter o direito de remover esses produtos integrados e, eventualmente pagar a menos por isso.
Até porque não existe almoço grátis neste mundo, e todo mundo sabe disso. Quando alguém diz “sem custos adicionais”, essa pessoa quer dizer “você está pagando, mas está embutido no valor da sua assinatura”.
Outro detalhe que precisa ser observado aqui é que a Netflix disponível nesses planos é aquela “com anúncios”. Se você quer se livrar da publicidade na plataforma de streaming, terá que pagar por isso (+R$ 30 mensais no plano Padrão Sem Anúncios, e +R$ 37 mensais no Plano Premium).
A mesma regra vale para o Globoplay. Se você decide adicionar os planos Telecine e Premiere, vai pagar a mais por isso.
Perceba como a conta só está aumentando…
E (obviamente) não está claro se os atuais clientes do Claro TV+ Box vão receber os mesmos benefícios dos novos clientes sem os tais custos adicionais, o que mais uma vez contraria a legislação brasileira e o Código de Defesa do Consumidor.
Eu mesmo não recebi o upgrade de plano ou minhas credenciais para assistir à Netflix e Globoplay sem pagar a mais por isso. E tenho certeza de que, se eu ligar para a dona Claro hoje, eles vão querer me cobrar a mais para incluir os serviços no meu plano.
Porque a Claro é dessas que adoram fazer o cliente de idiota.
Uma tendência de mercado
A Claro afirma que 70% dos seus clientes de TV paga hoje são usuários do Claro TV+ App e Claro TV+ Box, em um total de mais de 1 milhão de assinantes. E eu não duvido da veracidade desses números.
O serviço de TV a cabo tradicional está em claro processo de extinção, e o streaming é melhor para todo mundo. Para a Claro, pois reduz os custos operacionais e aumenta as margens de lucro, e para os assinantes, que ainda se permitem a ter o serviço de TV paga tradicional em casa de alguma forma.
E a estratégia de oferecer produtos conjugados de diferentes plataformas em um mesmo pacote é a tendência de mercado. Os serviços de streaming ou vão se unir para sobreviver, ou vão fechar parcerias com as empresas de internet e telefonia para expandir os seus lucros.
É o clássico “unidos venceremos, divididos cairemos”, que muitos aprenderam no filme Capitão América: Guerra Civil.
O que realmente incomoda é que o assinante vai aos poucos perdendo a liberdade de escolha em ter apenas e tão somente os serviços que querem. Tudo vai ficar em um único pacote, e o cliente que fique condicionado à isso.
No final, a conta vai sair cara do mesmo jeito. E o usuário que não está disposto a pagar pequenas fortunas por uma enorme quantidade de conteúdo que não vai assistir, vai voltar a cortar o cabo.
Ou, neste caso, o cartão de crédito.
E essas gigantes do setor não podem reclamar que o Torrent está voltando.