A Apple renovou o MacBook Pro e o iMac com os seus novos processadores M3, que adota uma avançada litografia de 3 nanômetros. Porém, todo o avanço prometido se transformou em decepção quando olharam para as especificações técnicas dos novos dispositivos.
Muitos começam a questionar sobre o real impacto dessas inovações dos processadores, e a própria Apple dá aquela distorcida na realidade quando compara os chips M3 com os processadores M1 de 2021. E isso acontece por um motivo bem simples: a diferença de desempenho na CPU do M3 para o M2 não é tão grande assim.
Se na GPU o chip M3 tem ganhos expressivos, na CPU as dúvidas razoáveis são mais do que justificadas.
A narrativa que a Apple construiu
A Apple concentrou sua mensagem em destacar as melhorias significativas na unidade de processamento gráfico (GPU) dos novos processadores Apple M3, alegando um desempenho “até 2,5 vezes mais rápido” em comparação com sua linha anterior.
Além disso, os núcleos de desempenho e eficiência da CPU experimentaram aumentos consideráveis, com 30% e 50%, respectivamente. O grande problema da Apple na sua narrativa foi insistir na comparação do M3 com o M1, que já tem três anos de vida…
…e achar que ninguém ia perceber que ela fez isso.
As primeiras análises indicam que os novos Apple M3 não representam um salto substancial em desempenho em relação aos M2, mesmo com a mudança para a litografia de 3 nm. Todos esperavam um avanço mais perceptível (ainda mais com a Apple insistindo em colocar números inflados para ludibriar os otários), mas as melhorias são mais modestas do que o esperado.
A “culpa” é da TSMC?
A Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) já havia anunciado a produção de chips em litografias de 5 nm e 3 nm, prometendo melhorias na densidade de transistores. E isso é algo bem diferente de prometer ganhos reais de desempenho ou uma redução expressiva no consumo energético, mesmo que a Apple reforce esse discurso de forma exagerada no evento de apresentação do novo processador.
Comparando os números dos chips M3 e M2, os ganhos são bem mais modestos do que a Apple tentou vender. O aumento de desempenho fica entre 10% a 15%, e a otimização no consumo de energia fica mais ou menos na mesma porcentagem.
Neste sentido, os usuários mas exigentes começam a se perguntar sobre a quantidade real de transistores nos novos processadores Apple M3. E a resposta é que, de forma até surpreendente, os novos chips não contam com uma densidade significativamente maior desses componentes do que aquela presente nos modelos anteriores dos processadores da Apple. Surpreendentemente, os M3 não parecem ter uma densidade de transistores significativamente maior do que os modelos anteriores.
A situação só piora quando se descobre que o M3 Pro possui MENOS TRANSISTORES do que o M2 Pro. E considerando a densidade teoricamente maior na nova litografia de 3 nm, esperava-se um aumento no número de transistores, algo que não aconteceu.
O modelo M3 Pro em particular apresenta um número significativamente baixo de transistores em comparação com as expectativas criadas pelo mercado.
Por que a Apple fez isso? Pergunte para o Tim Cook. Eu não tenho todas as respostas.
Será que vem um M3 Ultra?
Antes de responder a essa pergunta, vou dar uma de advogado do diabo por 30 segundos, e tentar explicar por que a Apple fez isso.
Ninguém melhor que a Apple para saber que até mesmo os milionários clientes do MacBook Pro não trocam de computador todos os anos. A janela de dois anos para adquirir um novo portátil com macOS é algo mais do que compreensível, levando em consideração que a gigante de Cupertino dificulta a todo custo a atualização de hardware dos seus equipamentos.
E, mesmo assim, muitos usuários entendem que podem ficar com o mesmo MacBook Pro por vários anos. A não ser que realmente necessite de mais potência para as suas tarefas mais pesadas. Ou para aqueles que são frustrados e querem atualizar o notebook todos os anos para se sentirem melhor consigo mesmos.
Agora, sobre o M3 Ultra… existem especulações sobre o assunto, indicando inclusive que esse processador poderia aproveitar de forma plena a densidade de transistores da nova litografia. Sem falar que a Apple poderia estar tomando medidas para maximizar seus lucros, uma vez que chips menores significam mais unidades produzidas e comercializadas, aumentando sua rentabilidade.
No entanto, outras possibilidades podem explicar a decepção com o M3 Pro, como a inexperiência da TSMC com sua nova litografia de 3 nm ou a reserva de desempenho para futuros modelos de computadores. Se bem que é difícil entender a Apple puxando o freio de mão em um equipamento que tem o termo Pro mencionado mais de uma vez.
No final, das contas, a Apple mais uma vez distorceu um pouco o campo de percepção da realidade, e os processadores Apple M3 não são tão revolucionários quanto se imaginava. Ou como a própria gigante de Cupertino tentou vender em seu evento de lançamento.
Com essas informações em mente, tome a melhor decisão para você. Ou espera pelos computadores com M3 Ultra, ou investe em um MacBook Pro que pode não ser tão potente quanto você gostaria que fosse e, ainda assim, pode chegar a custar um preço de um carro zero km no Brasil.
Você faz com o seu dinheiro o que quiser. Lembre-se sempre disso.