A Worldcoin é uma criptomoeda que promete distribuir uma renda básica universal para todos os habitantes do planeta. Mas para isso, você precisa escanear seus olhos em um dispositivo chamado Orb, que verifica sua identidade e comprova sua humanidade.
A proposta da Worldcoin tem gerado polêmica e atraído centenas de jovens na Espanha, que formam longas filas em centros comerciais para participar do projeto. A cada escaneamento, o usuário recebe uma fração da Worldcoin, que pode ser trocada por euros ou outras moedas.
Mas o que está por trás dessa iniciativa? Quem são os responsáveis? Quais são os riscos e benefícios de compartilhar seus dados biométricos?
Neste post, vamos analisar os prós e contras da Worldcoin.
Quem está por trás da Worldcoin?
A Worldcoin é uma criptomoeda lançada em 2021 pela Tools for Humanity, uma organização sem fins lucrativos cofundada por Sam Altman, o CEO da OpenAI.
Altman é um dos investidores mais influentes do Vale do Silício, tendo apoiado empresas como Airbnb, Stripe e Reddit. Neste caso, a missão da Tools for Humanity é criar ferramentas que possam melhorar a vida das pessoas e reduzir as desigualdades globais.
A Worldcoin é uma dessas ferramentas, que visa criar uma rede de identificação global baseada na biometria ocular. Agora, o que isso tem a ver com acabar com reduzir a desigualdade e garantir uma renda mínima global, eu ainda estou por descobrir.
Segundo Altman, a ideia é distribuir uma parte da riqueza gerada pela tecnologia para todos os seres humanos, independentemente de onde vivem ou de sua situação socioeconômica.
A Worldcoin seria uma forma de garantir uma renda básica universal para todos, incentivando a inclusão financeira e social.
Ou seja, a Worldcoin é tudo o que boa parte do mundo simplesmente odeia (e nem entende porque odeia, já que não leu nem mesmo a orelha de um livro de Karl Marx): o comunismo.
Como funciona a Worldcoin?
Essa criptomoeda é baseada na tecnologia blockchain, que permite transações seguras e descentralizadas. Para obter a Worldcoin, é preciso se registrar em um dos stands da Tools for Humanity, onde há um dispositivo chamado Orb.
O Orb é uma esfera metálica que contém uma câmera capaz de escanear o íris do usuário. O íris é a parte colorida do olho, que tem um padrão único para cada indivíduo. O escaneamento leva cerca de 10 segundos e serve para verificar a identidade e a humanidade do usuário.
Após o escaneamento, o usuário recebe um código QR que pode ser usado para acessar sua carteira digital de Worldcoin. A cada escaneamento, o usuário recebe uma fração da Worldcoin, que varia de acordo com o valor de mercado da moeda.
A Worldcoin pode ser trocada por euros ou outras moedas em plataformas de câmbio online. A Tools for Humanity afirma que o escaneamento do íris é um método infalível para garantir que cada pessoa receba apenas uma vez a moeda virtual.
Além disso, a organização garante que as imagens do íris são imediatamente excluídas após o registro, e nunca saem da memória RAM do Orb.
Qual é a situação da Worldcoin na Espanha?
A Espanha é um dos países onde a Worldcoin tem mais adeptos. Em julho de 2023, a moeda já possuía mais de 150 mil usuários registrados no país, com 20 mil novos inscritos mensais.
O registro ocorre em stands nos principais centros comerciais de cidades como Barcelona, Madrid, Valencia, Málaga e Bilbao.
A Worldcoin também teve um aumento significativo no seu valor de mercado, alcançando mais de sete euros por unidade em dezembro de 2023. Esse crescimento está relacionado à demanda dos usuários e à escassez da moeda, que tem um limite máximo de 10 bilhões de unidades.
Essa iniciativa está enfrentando resistência e críticas na Espanha. A Agência Espanhola de Proteção de Dados (AEPD) confirma que recebeu denúncias relacionadas ao tratamento de dados pela Tools for Humanity. As denúncias estão em análise, e ainda não há uma decisão oficial sobre a legalidade e conformidade da Worldcoin na Espanha.
Além disso, há relatos de que a Worldcoin está atraindo principalmente os jovens, que são alvo de campanhas de marketing e influenciadores digitais. Há casos de menores de idade nas filas, embora a idade de consentimento para o uso de dados pessoais seja a partir dos 16 anos.
Quais são os riscos e benefícios da Worldcoin?
Essa é uma iniciativa ambiciosa e controversa, que levanta questões éticas, legais e sociais.
Por um lado, a moeda pode ser vista como uma forma de democratizar o acesso à tecnologia e à renda, promovendo a inclusão e a diversidade. Por outro lado, a moeda pode representar uma ameaça à privacidade e à segurança dos usuários, que podem ter seus dados biométricos expostos ou usados para fins obscuros.
Entre os benefícios da Worldcoin, podemos citar:
- A possibilidade de receber uma renda básica universal, que pode complementar ou substituir outras fontes de renda.
- A oportunidade de participar de uma rede global de identificação, que pode facilitar o acesso a serviços públicos e privados.
- A chance de contribuir para um projeto social e humanitário, que visa reduzir as desigualdades e melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Entre os riscos da Worldcoin, estão:
- A exposição dos dados biométricos dos usuários, que podem ser roubados, hackeados ou vazados por falhas técnicas ou humanas.
- A violação dos direitos fundamentais dos usuários, como o direito à privacidade, à autodeterminação e à dignidade.
- A manipulação dos usuários por interesses econômicos ou políticos, que podem usar a Worldcoin como forma de controle ou influência.
Como se posicionar diante da Worldcoin?
Este é um fenômeno que merece atenção e reflexão por parte de todos, antes mesmo de se tomar um posicionamento sobre o assunto.
Antes de se registrar na moeda, é importante se informar sobre os seus objetivos, funcionamento e implicações. Também é essencial estar ciente dos seus direitos e deveres como usuário de dados pessoais.
A decisão de participar ou não da Worldcoin depende de cada pessoa, de acordo com seus valores, necessidades e expectativas. No entanto, é fundamental que essa decisão seja consciente e livre, sem pressões ou enganos.