O Google é o lugar onde praticamente tudo é beta. A empresa vive de tentativa e erro. Lucra com os acertos, e descarta os erros antes que os mesmos resultem em grandes prejuízos (ou queimação de filme, como foi o caso do Google+). E um dos grandes desafios do Google é tentar capitalizar com o YouTube, uma galinha dos ovos de ouro que só põe ovos para omeletes mesmo.
Além de aumentar para si as margens de lucro com publicidade, uma das formas que o YouTube entendeu que poderia capitalizar com a plataforma era estabelecer planos de assinatura mensal para alguns benefícios. O fim dos anúncios entre os vídeos (ou durante os mesmos, algo que é bem irritante), a possibilidade de ouvir músicas em segundo plano e as séries exclusivas da plataforma.
É sobre essa última iniciativa que vale a pena um breve comentário.
O YouTube quis ser a Netflix. Basicamente. Criou um serviço de séries exclusivas por assinatura para surfar na mesma onda dos principais serviços de streaming do mercado.
E a tentativa não colou.
E por que a tentativa do YouTube virar Netflix não deu certo?
Muito simples.
Netflix, Hulu, Amazon Prime, Apple, HBO e tantas outras plataformas de streaming consolidadas no mercado já nasceram com o formato de pagamento de assinatura estabelecidos. Desde o começo, todo mundo já sabia que teria que pagar para ver aqueles conteúdos.
Já no caso do YouTube… ele sempre foi de graça, e muita gente entende que ele jamais deveria deixar de ser de graça, não importa o que aconteça. Não que as pessoas não topassem pagar por conteúdos exclusivos ou pelo fim dos anúncios entre os vídeos (e olha, que tem plugin para o Chrome que resolve isso com muita facilidade), mas não está no DNA da plataforma cobrar por algo quando sempre ofereceu esse algo de graça.
Ou seja, para o YouTube era muito mais difícil convencer os seus usuários que poderia valer a pena pagar por partes de um serviço que já era gratuito. Não rolou. E não ia rolar.
O Google voltou atrás, e agora voltamos a ter uma plataforma que vai oferecer todos os conteúdos de graça para todo mundo. A pessoa paga, se quiser, para não mais ver anúncios. Um formato de negócio que já é adotado na própria Play Store, por vários desenvolvedores de aplicativos que abraçaram o formato de vendas in-app.
E… sinceramente? Por mais que Cobra Kai me surpreendesse positivamente, não estava descendo muito bem a ideia de pagar para o YouTube para ver uma série. Seria apenas mais uma plataforma para pagar mensalmente. E, diante de tantos serviços de streaming, tudo leva a crer que boa parte das pessoas vão apelar de novo para o torrent mais adiante. A conta está ficando cara demais para quem quer ver tudo. E muitos bolsos simplesmente não vão aguentar.
Dinheiro não cai do céu. Apenas para os irmãos Neto e, mesmo assim…