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Xiaomi Mi Note 10 no Brasil a R$ 4.999 é piada de mau gosto

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Quanto você pagaria por um smartphone com uma câmera cujo sensor principal tem 108 MP de resolução?

O Xiaomi Mi Note 10 tem como principal predicado o claro apelo fotográfico, oferecendo ao grande público o (quase) inédito sensor de 108 MP e o processador Qualcomm Snapdragon 730G octa-core, chip de linha média premium otimizado para os games. É um dos modelos mais promissores e desejados pelos usuários, e agora ele chega ao Brasil de forma oficial.

A operadora Vivo será a responsável por ser a primeira a oferecer o Xiaomi Mi Note 10 ao consumidor brasileiro, com a garantia e a assistência técnica da DL Eletrônicos, representante da fabricante chinesa no Brasil. Porém, se você não gosta muito de comprar smartphones na operadora, vai ter mais um motivo para detestar esse lançamento: o preço sugerido para o produto, que pode variar entre R$ 4.099 e R$ 4.999, dependendo do plano escolhido.

Por que diabos isso aconteceu?

 

 

A Xiaomi no Brasil “não deu certo”

 

 

Não me entenda mal, amigo leitor. Pelo andar da carruagem, a segunda tentativa da Xiaomi em vingar no mercado brasileiro está funcionando muito bem. A segunda loja física em São Paulo foi inaugurada, o tal dossiê para denunciar as supostas vendas de produtos contrabandeados no Brasil também (tanto, que até a DL Eletrônicos assina o tal dossiê) e o usuário brasileiro que tem grana sobrando está comprando os produtos da empresa pelas fontes oficiais, por causa da garantia e da comodidade em receber os produtos.

Ou seja, o modelo de negócio que a Xiaomi escolheu para se fazer oficial no Brasil está funcionando tão bem, que ela se dá ao luxo de fazer uma certa “vista grossa” (ou melhor, está dando a bênção silenciosa para as ações da DL) ao eventual lucro que vai deixar de obter com as vendas paralelas de produtos no Brasil, sem uma garantia oficial.

Por outro lado, para o consumidor raiz da Xiaomi, para o Mi Fã que não se importa com garantia e só quer comprar um produto que custa barato lá fora… esse se deu mal. Vai ficar mais difícil comprar os produtos daqui por fontes que não sejam as oficiais e com preços mais competitivos, pois a empresa chinesa entendeu que dá sim para lucrar com o tal “custo Brasil” ou “fator Brasil”, que gera boa parte dos lucros dos demais fabricantes de tecnologia.

Por isso, em um futuro a médio prazo, você pode ser efetivamente obrigado a pagar até R$ 2.000 a mais por um produto que você sabe que, lá fora, custa bem menos.

Você sempre terá a importação? Sim. Mas será cada vez mais difícil.

 

 

Xiaomi Mi Note 10 vale mesmo R$ 4.999?

 

 

Por partes.

O Xiaomi Mi Note 10 é a versão internacional do Xiaomi Mi CC9 Pro, e tem como principal apelo comercial o seu conjunto de cinco câmeras traseiras que, nesse momento (dezembro de 2019), lidera o ranking das melhores câmeras do DxOMark.

É importante lembrar que o DxOMark não é a bíblia da fotografia móvel, e os seus resultados nem sempre refletem a realidade prática dos usuários. O site pode ser uma ótima referência teórica para a qualidade fotográfica, mas os resultados práticos sobre a melhor câmera em um smartphone passam por outros fatores, que vão da forma em como o software do dispositivo trabalha com as lentes até a subjetividade do usuário e os seus objetivos na hora de registrar fotos com um telefone. Sem falar nas atualizações que podem promover melhorias na qualidade fotográfica, que não necessariamente passam pela análise do DxOMark.

 

 

Dito isso, O Xiaomi Mi Note 10 conta com um sensor principal Isocell Bright HMX de 108 MP (12032 x 9024 pixels), desenvolvido pela Xiaomi em parceria com a Samsung. Esse sensor consegue combinar quatro pixels em um só para capturar mais luz, gerando fotos de 27 MP. Essa poderosa câmera não trabalha sozinha: um sensor ultrawide Sony com lente de 117 graus, uma câmera telefoto para zoom óptico de 2x, uma lente dedicada para o modo retrato e a lente macro que foca a uma distância de 1.5 cm do objeto completam o quadro fotográfico. A câmera frontal de 32 MP está incrustada em um notch na tela OLED de 6.47 polegadas (FullHD+), que ainda recebe o leitor de digitais.

É evidente que, pelo menos na teoria, estamos diante de um conjunto fotográfico poderoso, e eu não duvido que a Xiaomi fez um belo trabalho nesse conjunto fotográfico. Se a empresa consegue surpreender positivamente com o Pocophone F1 (que recebeu reduções orçamentárias para ser tão barato), que dirá com um conjunto fotográfico de respeito e um hardware que ajuda a inteligência artificial nas fotos.

Além disso, é preciso considerar o elemento I+D, uma vez que este sensor é absolutamente novo no mercado de telefonia. Logo, os custos serão naturalmente mais altos até que o mesmo se popularize, ou ao menos se torne mais comum em outros modelos da Xiaomi e da concorrência.

Mas… R$ 4.999 no Brasil? Vamos ver as demais características para responder essa questão.

 

 

O Xiaomi Mi Note 10 conta com um processador Qualcomm Snapdragon 730G octa-core, acompanhado por 6 GB de RAM, 128 GB de armazenamento e bateria de 5.260 mAh, que promete uma autonomia de até dois dias de uso. Essa bateria possui suporte para recarga rápida de 30 watts, que vai de 0% a 100% em apenas 65 minutos, com o “bônus” que o carregador rápido já está incluído no kit de venda.

Aqui, você precisa fazer a chamada “escolha de Sofia”: o que você realmente quer da vida?

 

 

O foco do Xiaomi Mi Note 10 é, de forma explícita, a fotografia. Se você quer usar e abusar das fotos, essa é a sua escolha e, ainda assim, pense bem. Nem mesmo os profissionais de fotografia vão entender que vale a pena escolher esse modelo apenas por causa dos cinco sensores fotográficos e pelo sensor principal de 108 MP. Esses números não são garantia de qualidade final na fotografia. Quero dizer, também não afirmo que esse modelo vai entregar fotos ruins. Mas olhando em um sentido mais amplo, modelos como o Samsung Galaxy Note 10, Samsung Galaxy S10+ e iPhone 11 podem ser ainda mais interessantes na fotografia, e custam um pouco menos ou, no máximo, a mesma coisa que a proposta da Xiaomi.

No desempenho bruto ou potência máxima oferecida, o Xiaomi Mi Note 10 também precisa ser repensado no Brasil. Os modelos que eu citei no parágrafo anterior são mais completos no hardware, e até o ASUS ROG Phone 2, modelo dedicado aos games, custa exatamente o mesmo preço, e livre de qualquer contrato com operadoras de telefonia móvel por aqui. É claro que o ROG Phone 2 não tem o mesmo sensor fotográfico do Mi Note 10. Porém, insisto: nesse parágrafo, o critério não é a fotografia, mas sim a potência.

Para completar, os preços do Xiaomi Mi Note 10 variam de acordo com o plano oferecido: R$ 4.999 (controle), R$ 4.499 (Família 60 GB) e R$ 4.099 (Vivo V 500 GB), sendo que este último plano custa aos seus clientes nada menos que R$ 1.299 mensais.

 

 

Conclusão

 

 

Comprar o Xiaomi Mi Note 10 por vias oficiais no Brasil é um grande erro. Com esses preços, ou você compra um modelo da concorrência livre de vínculos com operadoras, ou compra o mesmo smartphone da Xiaomi importado, sem garantia, e corre o risco que todo Mi Fã correu ao longo dos anos. Esse preço é algo impraticável e fora da realidade para o próprio produto. E surpreende ver que a Xiaomi no Brasil decidiu abraçar o “fator Brasil” com tanta força.

Repito: a Xiaomi no Brasil não deu certo. Infelizmente.

 


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