A impressão que fica é que nem todas as notícias boas sobre o Windows 11 podem ser realmente boas. Sempre tem um “porém, contudo, entretanto” na hora de falar sobre a atual versão do sistema operacional da Microsoft.
Quase quatro anos após seu lançamento oficial em 5 de outubro de 2021, o Windows 11 finalmente superou o Windows 10 em participação de mercado global entre os sistemas operacionais de desktop.
E o que deveria ser uma boa notícia para a Microsoft soa mais como um “finalmente”, ainda mais considerando o fato de que o Windows 10 está prestes a ser descontinuado.
E diante do cenário apresentado, a mesma Microsoft teve que tomar mais duas medidas consideradas drásticas para acelerar a presença do Windows 11 no mercado.
Não há motivos para comemorar
Os dados, divulgados pela Statcounter com base em medições referentes a julho de 2025, mostram que o Windows 11 atingiu 50,24% de participação, enquanto o Windows 10 caiu para 46,84% — uma virada histórica que a Microsoft aguardava desde o início da nova versão do sistema.
O problema é que esse avanço não pode ser considerado motivo suficiente para uma celebração total para a Microsoft.
O processo de adoção do Windows 11 foi lento e repleto de resistência por parte dos usuários, principalmente devido aos requisitos de hardware mais exigentes, que impediram milhões de dispositivos mais antigos de atualizarem para o novo sistema.
Entre essas exigências estavam a presença do chip TPM 2.0, suporte ao Secure Boot e processadores compatíveis — algo que gerou críticas pela exclusão de máquinas ainda plenamente funcionais.
Segundo estimativas baseadas na distribuição percentual do Statcounter, e considerando que o Windows está instalado em aproximadamente 1,4 bilhão de dispositivos globalmente (número confirmado pela Microsoft), cerca de 728 milhões de máquinas utilizam hoje o Windows 11.
Já o Windows 10 ainda estaria presente em aproximadamente 655 milhões de dispositivos. Esses números preocupam porque o suporte padrão ao Windows 10 — incluindo atualizações de segurança críticas — será encerrado em outubro de 2025.
As duas medidas tomadas pela Microsoft
Diante do risco iminente de centenas de milhões de computadores ficarem vulneráveis a falhas de segurança após essa data, a Microsoft precisou agir com medidas inéditas.
A primeira foi oferecer, pela primeira vez, o chamado suporte estendido de segurança (ESU) a usuários domésticos. Esse tipo de suporte, que garante atualizações de segurança além do fim oficial do ciclo de vida do sistema, havia sido disponibilizado apenas a empresas no caso do Windows 7. Já o Windows 8 foi descontinuado sem qualquer suporte adicional.
A segunda medida foi ainda mais surpreendente: a Microsoft anunciou que permitirá o acesso gratuito ao ESU do Windows 10, com uma condição.
Para obter esse benefício, os usuários deverão utilizar o recurso “Backup do Windows” e vincular sua instalação a uma conta Microsoft. A exigência, embora simples para muitos, levanta preocupações sobre privacidade, já que obriga os usuários a aceitarem maior integração com os serviços em nuvem da empresa.
O cenário reflete a magnitude do problema enfrentado pela Microsoft.
Apesar do crescimento do Windows 11, o número de usuários do Windows 10 ainda é alto demais para ser ignorado, especialmente considerando os riscos de segurança associados a sistemas desatualizados.
Com isso, mesmo sem confirmar publicamente a ultrapassagem do Windows 11 sobre o Windows 10, a empresa tem deixado claro, por meio dessas políticas, que busca evitar uma crise de segurança em larga escala.
Fica a dúvida se a Microsoft tomará medidas ainda mais drásticas, como prorrogar oficialmente o suporte ao Windows 10 além de outubro de 2025.
Por enquanto, a empresa mantém a data final inalterada, reforçando que esse prazo já havia sido definido anos antes. Contudo, o cenário atual é diferente do esperado, e a alta adesão contínua ao Windows 10 pode pressionar a empresa a rever seus planos.