A Microsoft sofreu (e desconfio que sofre até hoje) com o Windows XP, uma das melhores versões do seu sistema operacional, mas que se tornou “eterno” justamente pela sua excelente qualidade.
Se o Windows 95 estabeleceu a base do sistema operacional da Microsoft que temos hoje, o Windows XP foi aquele que consolidou de vez este conceito, e até hoje é utilizado nos mais diferentes segmentos, principalmente naqueles mais específicos.
Estamos em 2024, o Windows 10 vai morrer em 2025, e tudo leva a crer que ele é o “novo Windows XP”. O sucesso agridoce dessa versão contrasta com o que (agora sim) podemos considerar como fracasso do Windows 11.
Windows 10 possui um domínio avassalador
Os números não mentem.
O Windows 10 neste momento possui 70% de participação no mercado, mesmo 3 anos após o lançamento do Windows 11. E isso, porque a Microsoft vai encerrar o suporte oficial da versão lançada em 2016 no ano que vem.
As vendas de novos equipamentos com Windows 11 pré-instalado são o principal caminho de crescimento para a Microsoft, mas isso não é o suficiente para consolidar a versão no mercado.
E o pior de tudo é que os usuários não estão propensos a migrar para o Windows 11. O fim do ciclo de vida do Windows 10 em 2025 pode impulsionar a migração para o Linux.
Uma montanha russa de emoções
O Windows 10 teve uma acolhida inicial positiva após a rejeição do Windows 8, algo que é perfeitamente compreensível, já que todo mundo estava meio traumatizado com a versão (muito) ruim do sistema operacional pensado nas telas sensíveis ao toque.
Então, o Windows 10 sofreu de uma degradação gradual dessa popularidade, devido a atualizações problemáticas, como foi a Windows 10 May 2020 Update.
Mesmo assim, a Microsoft superou essas adversidades, e conseguiu com o Windows 10 um pico de participação no mercado em 2022 (mais de 82%).
Enquanto isso, o Windows 11 teve uma adoção inicial semelhante à do Windows 10, muito por conta o fato dele ser distribuído gratuitamente (uma atualização em um computador com licença válida).
O Windows 11 não cresceu como esperado pela Microsoft, com uma estagnação em maio de 2023 (22,95%). Isso obrigou a Microsoft a mudar a sua estratégia, concentrando as novas funções no sistema operacional mais novo, e deixando o Windows 10 com atualizações mais leves.
O resultado disso foi um aumento de atualizações problemáticas no Windows 11, o que ajudou a reduzir ainda mais a popularidade da versão (e a paciência dos usuários).
A analogia dos chinelos velhos
Eu defendo o novo, mas reconheço que mudar é sempre algo desconfortável.
O Windows 10 é conhecido até hoje por ser uma plataforma madura, estável e menos propensa a problemas de atualização. Já o Windows 11 ficou marcado pelos seus problemas nas atualizações e ausência de grandes novidades que justifiquem a mudança de versão do sistema operacional.
Por isso, a analogia dos chinelos velhos é válida.
Chinelos velhos são confortáveis, você já sabe como eles calçam nos pés e são confiáveis, pois vai te manter seguro contra quedas e outros pequenos acidentes domésticos.
Afirmar se o Windows 10 é melhor que o Windows 11 é uma perspectiva muito individual, e passa pelas necessidades de cada usuário. E ele pode não ser perfeito, mas oferece conforto, familiaridade e estabilidade.
Não tenho muitos problemas com o Windows 11, mas respeito quem prefere o Windows 10, principalmente como defensor da maior autonomia possível nos computadores portáteis.
E até confesso que sinto falta daquele chinelo velho chamado Windows 10.
O problema é que a Microsoft vai obrigar a muitos usuários a abandonar o confortável chinelo no ano que vem, e essa decisão pode causar um certo trauma nos usuários mais apegados ao conforto.