Já dá para dizer que a WeTransfer é a próxima plataforma de tecnologia que pode ir de ”arrasta pra cima” em breve? Sim, pois seguiu a tendência de várias outras em mandar um monte de funcionários embora depois de uma troca de CEO e a aquisição a partir de outra gigante do setor de tecnologia.
Tá, eu sei que as empresas de tecnologia ficaram muito infladas durante a crise sanitária global de 2020, até mesmo para atender as demandas de um mundo que se voltou para o online com muita força.
O problema é que a WeTransfer mandou embora nada menos que ¾ dos seus funcionários. E eu me pergunto: qual empresa consegue sobreviver com 75% a menos de sua força laboral?
Colocando em contexto
A WeTransfer foi fundada em 2009, e se tornou uma referência como solução de envio de arquivos pela internet, principalmente fotos e vídeos com grande volume de dados.
A plataforma ganhou popularidade global rapidamente, construindo uma base sólida de 600 mil assinantes pagos e 80 milhões de usuários mensais.
A empresa evoluiu de lá para cá, e foi adquirida pela empresa italiana Bending Spoons (dona de outras plataformas voltadas para o público profissional como Evernote e MeetUp) em julho de 2023.
Porém, a Bending Spoons decidiu fazer de tudo para aumentar a rentabilidade de sua nova aquisição, mas repetindo o que fez com o Evernote: mandando o máximo de funcionários considerados “dispensáveis” na WeTransfer.
Por que a WeTransfer demitiu 75% dos seus funcionários?
Tão logo foi concluída a aquisição da WeTransfer, a Bening Spoons anunciou a demissão de 75% dos funcionários da empresa, reduzindo os quadros de 350 trabalhadores para apenas 90.
A medida foi tomada como parte da estratégia para “aumentar a eficiência e diminuir os custos”, o que, no mundo coorporativo selvagem, significa “aumentar os lucros para os donos”.
Nem preciso dizer que a eficiência da oferta do serviço prestado hoje pela WeTransfer está mais do que comprometida. Sem falar na queda direta da inovação dentro da empresa.
Os motivos para a decisão dos novos donos estão nos problemas financeiros que a WeTransfer já enfrentava antes da aquisição.
Logo, apesar de sua forte base de usuários, a empresa não era mais rentável ou viável. O que não deixa de ser um ponto, já que a porcentagem de usuários pagantes da plataforma é muito menor.
O objetivo da nova gestão é (obviamente) aumentar a rentabilidade da empresa, focando em otimização de recursos e corte de despesas.
E… convenhamos: o segmento de transferências de arquivos pela internet passa bem longe de ser algo barato para qualquer empresa.
Pense na robustez de servidores, conexões de internet e portas de transmissão que a WeTransfer precisa ter para realizar os envios de arquivos com eficiência.
Até entendo os cortes. Só não concordo muito com 75% de demissões. Acredito que a WeTransfer não consegue se manter de pé com apenas 90 funcionários.
Como será o amanhã?
Apesar dos cortes, o CEO da Bending Spoons, Luca Ferrari, garante que a empresa continuará comprometida com a qualidade dos serviços, mantendo a plataforma ativa e funcional para milhões de usuários.
Considerando o histórico de transações como essa, não podemos culpar aquelas pessoas que, neste momento, levantam dúvidas razoáveis sobre as declarações e promessas de Luca.
O que os usuários pagantes da plataforma devem esperar é um (agora) mais do que natural aumento de preços nas mensalidades.
E os usuários da versão gratuita do WeTransfer podem imaginar inclusive o fim da gratuidade do serviço, já que tudo indica que “os principais culpados” por esse estrangulamento econômico do serviço são os tais 80 milhões que o utilizam sem pagar um centavo sequer.
Também é de se imaginar que algumas mudanças nas funcionalidades na plataforma devam aparecer, até mesmo para que se torne economicamente sustentável.
Usuários e o mercado como um todo estão de olho. Alguns certamente estão mais preocupados sobre o impacto nas operações da WeTransfer com tantas demissões.
Tal e como aconteceu inclusive na época da compra da Evernote, as críticas e dúvidas vão aparecer, o que se torna algo inevitável.
E até que a Bending Spoons explique de forma detalhada como vai funcionar o plano de recuperação da WeTransfer, incluindo como as mudanças vão afetar o consumidor final, o falatório vai continuar.
Com muitas reclamações vindas de tabela para os envolvidos.